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Layana Thomaz faz performance pretensiosa com minicoleção de couro e plástico

CAROLINA VASONE<br><br/> Enviada especial ao Rio de Janeiro

12/01/2008 01h46

O título da performance era em inglês ("Whatever you think I am, that's what I'm not" ou, no bom e rico português: "O que quer que seja que você pense que eu sou, é exatamente o que eu não sou"). Assim como a língua portuguesa, a Marina da Glória não pareceu adequada para ser sede do evento: para assistir à apresentação da coleção de Layana Thomaz, era necessário sair da sede do Fashion Rio e ir até o prédio Oi Futuro, no bairro do Flamengo. Chegando lá, espera para subir no elevador. Mais espera na sala de projeções. A ambientação musical, porém, já adiantava o tamanho de tudo: grandioso, muito importante. Quando a performance finalmente começa, a decepção; quanto barulho por nada. Ou por tão pouco.

Com gosto pelo recurso performático para passar a idéia de suas coleções ou de sua concepção de moda, Layana Thomaz criou expectativa em seu público sem conseguir ser bem sucedida em sua proposta, seja ela qual tenha sido. Se a idéia era revelar o processo de elaboração de uma coleção desde a concepção até o produto final, unindo moda e tecnologia, isso não aconteceu: a mistura de imagens projetadas numa tela de voil com a encenação, ao vivo, das modelos sendo vestidas na parte de trás da tela resultava simplista (a encenação) e excessivamente fragmentada (as imagens escolhidas), e por isso, nada didática ou reveladora. A ambição de performance artística também não foi alcançada (embora não seja arte, a moda pode promover alguns momentos de manifestações artísticas, mas este certamente não foi um deles, pelo menos pela reação da mídia especializada presente).

Finalmente as roupas, quando surgiram em tom de "grand finale", não justificavam tanto suspense: uma ou outra peça justíssima em couro, arrematada por botões pretos (um vestido tomara-que-caia vermelho ali, outra saia acolá), um casaco de pelúcia turqueza. O resto era feito de plástico, obra do styling. "Isso (a performance) deveria durar, no máximo, dez minutos, não meia hora", comentava uma editora de moda ao sair, cansada, da apresentação. A platéia de amigos da estilista nem se importou com a demora, aplaudiu entusiasmada. O resto fez silêncio. No restaurante Miam Miam e no lounge da Oi na Marina da Glória, no Fashion Rio (que, perto da meia-noite, já estava quase vazio), aconteceu a transmissão ao vivo da performance, que só terminou depois da sessão para os fotógrafos.