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Gravidez de mulher com deficiência vira caso de justiça na Inglaterra

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Da EFE, em Londres

25/06/2019 19h06

A gravidez de uma mulher com deficiência virou caso de justiça no Reino Unido por conta de uma hipótese de aborto forçado, defendida pelos médicos, o que provocou inclusive o envolvimento da Igreja Católica na causa.

A Igreja Católica no Reino Unido elogiou nesta terça-feira uma sentença que impede o aborto forçado de uma mulher com deficiência solicitado pelos médicos que a tratam e ao qual se opunham tanto a mulher grávida como sua mãe.

Em comunicado, o bispo auxiliar da diocese de Westminster (Londres), John Sherrington, elogiou a decisão da Corte de Apelações, que na segunda-feira revogou uma sentença anterior que autorizava o aborto.

"É incrível e chocante que o NHS (Serviço Nacional de Saúde britânico) tenha defendido a interrupção de uma gravidez saudável contra os desejos da grávida, sua mãe e da assistência social" que foi atribuída para o caso, afirmou.

Na segunda-feira, a Corte de Apelações anulou a sentença ditada na sexta-feira pela juíza Nathalie Lieven, de outro tribunal, que, após ouvir as partes e admitir o caso como "doloroso", concluiu que o aborto com 22 semanas de gravidez era o melhor para a jovem.

Segundo alguns meios de comunicação católicos do Reino Unido, a grávida, de pouco mais de 20 anos, é de origem nigeriana e católica, da mesma forma que sua mãe, que é quem apresentou o requerimento perante a Justiça.

Durante o processo judicial, os médicos e psiquiatras que tratam a jovem, que tem a capacidade intelectual de um criança de entre seis e nove anos e problemas de saúde mental, falaram que seu estado de saúde poderia piorar com a gestação e seu comportamento seria um risco para o bebê.

Além disso, alegaram que o recém-nascido poderia ter de ser entregue aos serviços sociais, o que teria maior impacto emocional na jovem do que um aborto feito dentro do prazo de 24 semanas permitidas pela lei.

No entanto, a mãe da jovem se opôs à interrupção da gestação - segundo a imprensa católica, por motivos religiosos - e se ofereceu para cuidar da criança.

O caso suscitou polêmica entre a comunidade católica britânica e o bispo Sherrington condenou a sentença de sexta-feira, ao opinar que violava os direitos humanos da grávida e de seu bebê.

Além disso, cerca de 75 mil pessoas assinaram um pedido pela internet iniciado em 22 de junho pela organização contra o aborto "Right to Life", no qual solicitava a intervenção no assunto do ministro da Saúde, Matt Hancock.

No Reino Unido, a confissão dominante é a anglicana, da qual a rainha Elizabeth 2ª é líder da igreja, enquanto a fé católica é minoritária, com pouco mais de quatro milhões de crentes registrados em 2010, cerca de 8% da população.