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Casamento infantil afeta 800 milhões de mulheres na atualidade

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Da EFE

10/04/2019 14h43

Cerca de 800 milhões de mulheres na atualidade se casaram quando meninas e 200 milhões seguem sem ter acesso a métodos e serviços contraceptivos, segundo um relatório anual divulgado nesta quarta-feira pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês).

O relatório, com o qual a organização também lembra os 50 anos de existência, indica que 500 mulheres e meninas morrem a cada dia durante a gravidez ou durante o parto em países em conflito ou com emergências humanitárias, e ressalta a necessidade de seguir avançando para que todas tenham plenos direitos sobre sua reprodução.

"Apesar do aumento do acesso aos anticoncepcionais, centenas de milhões de mulheres seguem sem poder usá-los, nem desfrutar dos direitos reprodutivos que isto comporta", destacou a diretora-executiva do UNFPA, Natalia Kanem, em comunicado por ocasião da publicação do relatório.

"Esta carência, que influencia em diversas facetas da vida, desde a educação até a renda e a segurança, impede que as mulheres possam escolher seu próprio futuro", ressaltou Kanem.

O documento mede pela primeira vez a possibilidade de as mulheres escolherem três variáveis em seus direitos reprodutivos (decidir sobre a relação sexual com seus companheiros, usar anticoncepcionais e ter acesso a serviços de saúde relacionados).

Em 51 países dos quais o UNFPA recebeu dados completos, a organização detectou que 43% das mulheres não têm possibilidade de escolher em alguma ou em todas essas variáveis.

Sobre o casamento infantil, o documento destaca que em países como Bangladesh, Chade, Etiópia e Guiné, 60% das mulheres se casam antes dos 18 anos, enquanto nesses mesmos lugares o percentual de homens nessa mesma situação não chega a 20%.

Como média, 21% das mulheres no mundo se casam antes dos 18 anos, enquanto este índice chega a 40% nos países menos desenvolvidos.

Apesar dos desafios que devem ser enfrentados, o UNFPA ressaltou que, em 50 anos de existência da organização, houve claros avanços, como demonstra o fato de que o uso de contraceptivos entre as mulheres cresceu de 24% em 1969 para 58% em 2019 (de 1% para 37% nos países menos desenvolvidos).

Por ocasião do 50° aniversário do UNFPA, o relatório homenageia 15 personalidades por sua contribuição para que todas as mulheres possam desfrutar de direitos reprodutivos, entre as quais figura como representante latino-americana a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, atual alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Além disso, o documento mostra diversas estatísticas demográficas como a taxa de fertilidade (número de filhos que, em média, tem uma mulher em idade reprodutiva), que passou de 4,8 filhos há 50 anos para 2,9 em 1994.

Essa taxa, que em teoria deveria se manter acima de 2 para garantir que a população total não diminua, continua caindo em nível global.

Segundo o relatório, os dois países do mundo com menor taxa de fertilidade são Portugal e Moldávia (1,2 filho por mulher), enquanto no outro extremo está o Níger, com 7,1.