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Tratamento com hormônio fortalece conexões cerebrais em mulheres trans

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Imagem: iStock

da EFE, em Washington

26/03/2019 08h47

Um hormônio chamado estradiol fortalece as conexões entre áreas do cérebro que envolvem capacidades motoras, aprendizagem e emoções em mulheres transgênero que fizeram a retirada dos testículos como parte do processo de mudança de sexo, de acordo com um estudo divulgado nesta segunda-feira.

A pesquisa, apresentada na ENDO 2019, a reunião anual da Sociedade de Endocrinologia, realizada em Nova Orleans, sugere que estas mudanças cerebrais podem ter implicações na hora de tratar ondas de calor em mulheres transgênero.

"Quando os testículos de uma mulher transgênero são retirados, seu corpo não tem qualquer hormônio sexual, exceto se ela tomar hormônios exógenos sexuais (exemplo: estradiol) como tratamento de reposição", disse Tayane Muniz Fighera, médica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, uma das autoras do estudo.

A pesquisa lembra que, sem hormônios sexuais, as mulheres trans podem ter os mesmos sintomas - como ondas de calor - que as mulheres na menopausa.

"A desconexão entre partes do cérebro envolvidas no processamento motor sensorial e o tálamo podem ser uma das causas desses sintomas", disse a pesquisadora.

De acordo com ela, algumas transgêneros tomam estradiol antes de passarem pela cirurgia de mudança de sexo, mas param a administração do hormônio depois da operação.

"Nosso estudo sugere que elas deveriam continuar tomando estradiol não só para deixar os corpos mais femininos ou evitar sintomas relacionados à ausência de hormônios sexuais, como também para prevenir o enfraquecimento da conectividade entre regiões cerebrais de relevância clínica", explicou.

Ao todo, 18 mulheres trans que fizeram a retirada dos testículos participaram do estudo. Elas foram convidadas a suspender o tratamento com hormônios sexuais e retomá-lo com o estradiol. Após a suspensão do tratamento com hormônios, foram submetidas a ressonâncias magnéticas 30 dias depois e fizeram o mesmo exame quando completaram 60 dias do início do tratamento com estradiol.

Os cientistas descobriram que o estradiol fortalecia o papel do tálamo como "estação de transmissão" para as informações sensoriais e motoras no cérebro. Quase toda a informação sensorial que vai para o córtex cerebral para primeiro no tálamo antes de ser enviada a seu destino. EFE