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Vendas em alfaiatarias inglesas crescem apesar da crise

Modelo durante desfile da Hardy Amies na Semana de moda de Londres (21.09.2011) - Getty Images
Modelo durante desfile da Hardy Amies na Semana de moda de Londres (21.09.2011) Imagem: Getty Images

RAMÓN ABRANGE

20/10/2011 10h15

Londres - Os clientes das exclusivas alfaiatarias de Saville Row, em Londres, cada vez mais jovens, continuam apostando nos elegantes e caros ternos feitos a mão, que aumentaram suas vendas em 10% apesar da crise.

As 12 principais alfaiatarias de Londres, reunidas na associação The Saville Row Bespoke Association, viram seus clientes aumentar apesar das turbulências financeiras, graças às vendas maiores a estrangeiros e ao fato de seus ternos terem voltado à moda, afirmou à Agência Efe seu porta-voz, Charlie Harrison.

As tradicionais alfaiatarias conhecidas como "bespoke", que fazem roupas a mão e sob medida, começaram a se instalar na rua do exclusivo bairro de Mayfair no início do século 19 e desde então são símbolo da elegância masculina mais tradicional.

As alfaiatarias já tiveram como clientes o rei Alfonso XIII, o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill e os cantores Mick Jagger e Michael Jackson, além de terem feito o terno usado pelo príncipe William em seu casamento e inspirar inclusive personagens literários.

Dependendo da qualidade do tecido e o tipo de roupa, os ternos podem chegar a custar até US$ 15.800, mas em média custam US$ 5.500.

"Nossos clientes sempre viram nossas roupas como um artigo de luxo e um investimento, por isso, mesmo em 2008 com a queda do Lehman Brothers e a crise dos bancos, continuaram comprando", explicou o porta-voz dos alfaiates de Saville Row.

Seus antigos compradores, aristocratas, banqueiros e ricos homens de negócio, se somaram agora a clientes mais jovens, com idades entre 35 e 40 anos, já que o clássico corte inglês volta a ser tendência.

Os elegantes ternos elaborados nos porões da pequena rua de Londres ocupam os editoriais de moda das principais revistas masculinas e seus tradicionais desenhos se adaptam aos novos tempos, incluindo, por exemplo, bolsos interiores do tamanho de um iPhone.

"As novas gerações se preocupam cada vez mais com a qualidade e a origem das roupas", afirmou Harrison, que insiste que apesar do alto preço, um terno elaborado por um bom alfaiate pode durar muitos anos, o que se torna mais rentável com o tempo.

Além disso, alguns mercados cresceram muito, especialmente a China, onde altos executivos viajam a Londres para comprar um terno, um fraque ou um smoking, e também os Estados Unidos graças às viagens de venda que as alfaiatarias fazem.

Várias vezes ao ano, vendedores e alfaiates visitam várias cidades dos EUA, especialmente Los Angeles e Nova York, tomam medidas dos clientes e semanas depois enviam seus trajes em luxuosos baús.

Na mais antiga de todas as alfaiatarias de Saville Row, Henry Poole, estabelecida em 1806 e que teve aumento de 13% nas encomendas no último ano, foi notada especialmente a demanda de clientes japoneses e suíços graças à desvalorização da libra.

Enquanto a maioria dos negócios da indústria têxtil transferiu suas oficinas para países emergentes como a China, as alfaiatarias de Saville Row não se mudaram nem mesmo de rua em 200 anos.

Apesar da enorme preocupação inicial de que a crise financeira pudesse afastar os banqueiros, seus clientes mais fiéis, a rua dos alfaiates de Londres já tem dois anos de crescimento contínuo.

Nestes dois anos, a média de contratações em suas oficinas aumentou 20% e atualmente 30 aprendizes recém-graduados nas melhores escolas de moda de Londres estão aprendendo um ofício com futuro.