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Mulheres jovens voltam em peso ao mercado de trabalho dos EUA

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Imagem: iStock

Jeanna Smialek

da Bloomberg

15/01/2019 10h19

A taxa de participação das mulheres da geração millennial no mercado de trabalho dos EUA subiu para um nível observado pela última vez em 2000.

Remya Ravindran é uma das que voltaram. No final de 2018, ela conseguiu emprego na Quizlet, empresa de tecnologia sediada em São Francisco, depois de ficar dois anos parada para cuidar do bebê.

Aos 29 anos, a engenheira de qualidade de software queria usar suas qualificações e colaborar para as despesas da família, aproveitando o momento em que o mercado de trabalho está "muito, muito aquecido".

Há muitas moças na situação dela. A parcela de mulheres com idade entre 25 e 34 anos com emprego ou procurando emprego nos EUA disparou de 2016 para cá.

Desde dezembro de 2015, essa faixa etária foi responsável por 86 por cento do crescimento da força de trabalho entre mulheres no auge da idade ativa (entre 25 e 54 anos) e também por 46 por cento do aumento de toda a população no auge da idade ativa.

Isso é ótimo para a economia dos EUA, dado que a injeção de trabalhadores abre espaço para o crescimento da produção. Também é bom para as mulheres recém-empregadas, que se posicionam para receber salários maiores à medida que a carreira delas progride.

Mas há um contraste intrigante com o que ocorre entre os homens jovens, que voltam tímidos ao mercado de trabalho. Embora a taxa participação desse grupo seja maior do que a das mulheres, a parcela não voltou ao patamar observado antes da recessão.

A diferença entre homens e mulheres jovens que trabalham ou procuram trabalho encolheu para 12,3 pontos percentuais - a menor já vista para essa faixa etária. Há 20 anos, a diferença chegava a 16,7 pontos.

Mudanças culturais provavelmente contribuem para o movimento. Há mais mulheres do que homens millennials com diploma universitário e a empregabilidade aumenta junto com a escolaridade. Essa geração também está se casando e engravidando mais tarde. Muitas mulheres ainda param de trabalhar depois do casamento, enquanto os homens casados trabalham com maior frequência do que os solteiros.

Homens sem diploma universitário têm enfrentado dificuldade para encontrar emprego nos EUA e por si só isso pode manter suas esposas trabalhando para pagar as contas da casa. Outro fator é o aumento do número de mães solteiras.

Entre as jovens, são as mães solteiras que voltaram com mais força ao mercado de trabalho desde 2016, segundo estudo de Ernie Tedeschi, da Evercore ISI. Em seguida, vêm as casadas sem filhos.

Mas nenhuma dessas tendências explica totalmente o avanço da participação feminina nos últimos três anos.

Talvez o aumento dos salários tenha ajudado, porque as mães que trabalham conseguem pagar babá ou berçário. Outro fator é que os setores que mais contratam ultimamente -- educação e saúde -- têm mais mulheres em cargos de liderança.

Comparação global

No passado, mulheres americanas no auge da idade ativa costumavam participar do mercado de trabalho tanto quanto as canadenses, alemãs e britânicas, mas ficaram para trás nas últimas décadas. Estudos de economistas do escritório regional do banco central (Federal Reserve) em São Francisco sugerem que o sistema comparativamente menos rigoroso de licença parental dos EUA contribui para que menos mulheres trabalhem.

No entanto, o fato de as jovens americanas - particularmente as jovens mães - estarem voltando com tudo sugere que há espaço para avanço mesmo sem grandes mudanças nas políticas públicas.

"A diferença com outros países talvez não seja somente estrutural, talvez haja também um componente cíclico", disse Tedeschi.

Empregadores estão oferecendo cada vez mais benefícios para famílias nos EUA, como licença remunerada e salas especiais onde as mulheres podem extrair leite materno, segundo dados da Sociedade para Gestão de Recursos Humanos. Isso pode ajudar algumas mulheres a continuar trabalhando após terem filhos.

*Com a colaboração de Alex Tanzi.