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O menino de 6 anos que ganha R$ 36 milhões ao ano desempacotando brinquedos no YouTube

Ryan desembrulha brinquedos, mas também realiza atividades didáticas e experimentos científicos em seus vídeos - Reprodução/YouTube/Ryan ToysReview
Ryan desembrulha brinquedos, mas também realiza atividades didáticas e experimentos científicos em seus vídeos Imagem: Reprodução/YouTube/Ryan ToysReview

12/12/2017 14h34

O que o pequeno Ryan faz lhe permite conseguir brinquedos novos a cada semana. E que seus pais, por sua vez, ganhem muito dinheiro. Só no ano passado foram US$ 11 milhões (o equivalente a R$ 36,27 milhões), para ser mais preciso. Tudo por causa das bilhões de visualizações que seus vídeos no Youtube atraem.

Aos 6 anos de idade, o menino americano é protagonista do Ryan ToysReview, um canal de vídeos cuja missão é desempacotar brinquedos para brincar com eles.

De acordo com o levantamento "As estrelas do Youtube mais bem pagas do mundo em 2017", elaborada pela revista Forbes, o canal de Ryan é o oitavo do mundo no ranking dos que mais geram receitas. Isso porque, desde que foi lançado, em março de 2015, os vídeos do menino acumulam 16,87 bilhões de visualizações.

Mas o que causa tanta fascinação em seus vídeos - e os bons lucros para seus pais?

Menino misterioso

Apesar de ser um dos rostos infantis mais famosos da internet, sabe-se muito pouco sobre Ryan. Nunca foram revelados seu nome completo nem onde vive.

Mas em uma das poucas entrevistas que sua mãe concedeu, citadas pelo jornal The Washington Post, ela conta que a ideia do canal do Youtube surgiu quando ele tinha 3 anos de idade.

"Ryan estava assistindo a uma grande quantidade de canais de resenhas de brinquedos. Alguns de seus favoritos são EvanTubeHD e Hulyan Maya, porque costumavam fazer um monte de vídeos sobre Thomas the Tank Engine (um trem de brinquedo), e Ryan era fã de Thomas", disse sua mãe ao site Tubefilter, no ano passado.

"Um dia ele me perguntou: 'Como é que eu não estou no Youtube como todas as outras crianças?'. Foi assim que dissemos: 'sim, podemos fazer isso'. Então o levamos à loja para comprar seu primeiro brinquedo. Acho que foi um trem de Lego. E tudo começou a partir daí", explica a mulher, que prefere manter o anonimato.

O canal aberto em março de 2015 teve seu grande lançamento com um vídeo em que Ryan abriu mais de 100 brinquedos escondidos em ovos-surpresa de plástico. O vídeo teve mais de 800 milhões de visualizações.

Em janeiro de 2016, ele alcançou o seu primeiro milhão de assinantes e, desde então, tem ganhado mais e mais seguidores, superando os 10 milhões.

Atmosfera de surpresa

Enquanto outros youtubers normalmente fazem vídeos baseando-se em um roteiro, nos vídeos de Ryan o que se vê é um menino reagindo de forma espontânea aos brinquedos.

Como mostram várias das resenhas que fez, sua marca característica é desempacotar os brinquedos lentamente, criando uma atmosfera de surpresa. "Surpresa", aliás, é uma palavra incorporada a muitos de seus vídeos.

"Não é sobre idealizar, ou algo como 'por que esse brinquedo é melhor do que outro'. Não há análise e é por esse motivo que os adultos descrevem o Ryan Toys Review como simplesmente irresistível", diz um artigo publicado no The Washington Post.

Diferente de outros canais de desembalar produtos, que têm feito grande sucesso nos últimos anos, no de Ryan o menino parece nem sequer se dar conta de que está gerando um conteúdo de Youtube.

"Fazemos o upload de um vídeo novo por dia e normalmente gravamos dois ou três vídeos por vez, duas ou três vezes por semana", disse sua mãe ao Tubefilter.

Fazer dinheiro

Os críticos do Ryan ToysReview não deixam de notar que o canal virou um grande negócio para os pais da criança. "Há algo fora do lugar. É com ver os astros infantis na televisão", disse PewDiePie, um dos youtubers mais populares do mundo.

"Você sabe que seus pais literalmente os obrigam a fazer aquilo, e que há algo triste ali", acrescentou.

A maior parte das receitas que os chamados vloggers têm no Youtube é pela publicidade relacionada aos conteúdos, que aparecem sobrepostas à imagem do próprio vídeo ou que o precedem ao ser reproduzido - com a famosa opção de pular o anúncio após cinco segundos, disponível em alguns dos casos.

"Tentamos não atrapalhar os horários da escola de Ryan, por isso a maior parte das gravações ocorre durante o fim de semana e as editamos enquanto ele está na escola", afirma a mãe em entrevista ao Tubefilter.

De acordo com Jim Silver, diretor do site de resenhas Toys, Tots, Pets, and More - sobre brinquedos, produtos para bebês e animais de estimação -, quando um produto é visto nesses vídeos milhões de vezes, com tanta emoção como Ryan expressa, "há um impacto enorme nas vendas".

"É o caso de sucesso mais jovem que temos visto. Na maioria das vezes, as crianças estavam em faixas acima dos seis anos, devido ao seu vocabulário e maturidade para fazer uma resenha", disse Silver ao site The Verge.

A mãe de Ryan garantiu que, até o ano passado, ela e seu marido haviam comprado quase todos os brinquedos que o filho desembrulha. E, ainda, que muitos deles são doados após serem usados nos vídeos. Porém, nos últimos meses tem sido comum ver links de marcas e brinquedos na descrição dos vídeos.

A área de comentários está desativada nos vídeos, algo que impede visualizar a reação de seguidores e críticos na página.

Em outros fóruns, no entanto, alguns pais escreveram sobre o quão fascinados seus filhos estão pelos vídeos de Ryan e como são afetados positiva e negativamente.

"Meu filho de 5 anos devora isso", escreveu Lindsay Weiss em uma postagem cujo título era "Ryan ToysReview pode ser a minha morte".

"Não tenho nada contra o pequeno nem contra sua família. Eles parecem encantadores, e entendo que doam muitos dos brinquedos para a caridade. Mas a mamãe terá que instalar uma proteção para Ryan antes que o armário exploda (ou que a lista de Natal do meu filho queime espontaneamente, de tão grande)."