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Obama assina artigo feminista e diz que homens devem lutar contra o machismo

28.jan.2015 - Barack e Michelle Obama durante despedida no aeroporto de Nova Déli, na Índia - Partha Sarka/Xinhua
28.jan.2015 - Barack e Michelle Obama durante despedida no aeroporto de Nova Déli, na Índia Imagem: Partha Sarka/Xinhua

06/08/2016 10h54

Em um artigo que já vem sendo considerado histórico, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se declarou um feminista e defendeu a ideia de que é preciso trabalhar ainda mais pela igualdade entre gêneros e que a responsabilidade na luta contra o machismo também é dos homens. O texto foi publicado na revista Glamour e reforça o posicionamento do presidente norte-americano, que se apresentou durante uma conferência em Washington no início deste ano dizendo: "é assim que um feminista se parece".

No artigo, Obama afirma que as pessoas mais importantes da vida dele são mulheres, citando a mãe, a avó que ajudou a criá-lo, as filhas Malia e Sasha, e claro, a esposa, Michelle.Para o presidente, apesar de muitas mudanças ainda serem necessárias, houve avanços no respeito ao direito e dignidade das mulheres.

"Os progressos que fizemos nos últimos 100, 50 anos e até nos últimos oito anos, fizeram com que a vida das minhas filhas seja muito melhor do que foi a das minhas avós. E eu não digo isso somente como presidente, mas como um feminista", declara. "Uma coisa que me deixa otimista por elas é que estamos em um momento extraordinário para ser mulher".

3.jul.2015 - Mama Sarah, a avó de Barack Obama por parte de pai, sorri às vésperas de visita do presidente americano ao Quênia - Simon Maina/AFP - Simon Maina/AFP
Mama Sarah, a avó de Barack Obama
Imagem: Simon Maina/AFP
Desigualdades

Apesar de destacar avanços, o texto trata também das desigualdades na criação de meninos e meninas e nas responsabilidades que pesam sobre pais e mães. "Precisamos continuar mudando a atitude que cria nossas meninas para serem recatadas e nossos meninos para serem assertivos, que critica nossas filhas por falarem o que pensam e nossos filhos por chorarem", afirma o presidente.

"É a mesma atitude que pune as mulheres pela sexualidade delas e premia os homens pela deles e que permite uma rotina de abuso em relação às mulheres, se elas estão andando nas ruas ou 'online'. Precisamos continuar mudando a atitude que ensina os homens a se sentirem ameaçados pela presença e o sucesso das mulheres", diz Obama.

Pai de duas filhas, Barack falou ainda de como foi importante para ele passar os últimos anos morando no mesmo local em que trabalha - a Casa Branca. Isso o permite acompanhar mais de perto a criação de Sasha e Malia, já que não perde tempo com o transporte entre casa e trabalho. "É importante que o pai delas seja feminista, porque agora é isso que elas esperam de todos os homens", arremata.

Momento histórico

Ainda destacando o lado paterno, Obama citou as diferenças de tratamento de mães e pais no ambiente profissional e as grandes desigualdades que ainda residem nessa área para homens e mulheres.

"Precisamos mudar a atitude que continua a elogiar os homens por trocar fraldas, estigmatizar os que decidem ser pais em tempo integral e penalizar as mães que trabalham. E que valoriza ser confiante, competitivo e ambicioso no ambiente de trabalho - exceto se você for uma mulher. Aí você está sendo mandona e, de repente, as mesmas qualidades que você pensava serem necessárias para crescer acabam te prejudicando".

Neste cenário, Obama destacou que apesar dos avanços no direito ao voto feminino, essa é a primeira vez que uma mulher é candidata à presidência norte-americana por um grande partido: Hillary Clinton concorre pelo Partido Democrata à sucessão de Obama. "Não importam suas posições políticas, esse é um momento histórico para a América. É só mais um exemplo de quão longe as mulheres já chegaram no caminho da igualdade". E conclui: "O feminismo do século 21 é a ideia de que quando todos são iguais, nós somos mais livres".