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Pesquisa reforça ideia de maconha ser prejudicial, mas mantém dúvidas

Adolescentes que usam maconha regularmente arriscam se prejudicar na escola - BBC
Adolescentes que usam maconha regularmente arriscam se prejudicar na escola Imagem: BBC

Sean Coughlan

Da BBC News

21/10/2014 15h40

Adolescentes que usam maconha regularmente arriscam prejudicar sua performance escolar, segundo um novo estudo feito no Reino Unido. No entanto, a pesquisa ressalta que é difícil distinguir os efeitos negativos desse hábito do impacto de outros comportamentos considerados de risco, como o consumo de álcool.

O estudo acompanhou 2.000 adolescentes da região de Bristol, no sudoeste da Inglaterra, desde seu nascimento nos anos 1990. Foram analisados testes de inteligência feitos por eles quando tinham oito anos de idade e aos 15, além de suas notas em um exame nacional para estudantes conhecido como Certificado Geral de Educação Secundária. Os resultados mostraram que o uso esporádico da maconha não está ligado a um desempenho ruim nos testes. Mas aqueles que tinham usado maconha ao menos 50 vezes até completar 15 anos tiveram notas abaixo da média.

O estudo ainda sugere que adolescentes que fumaram maconha uma vez por semana tiveram sua "performance intelectual" prejudicada. Mas como esses adolescentes também costumam beber ou usar outras drogas, os pesquisadores tiveram dificuldades para individualizar o impacto de cada comportamento sobre seu desempenho escolar.

Debate

"Eles vão mal na escola porque fumam maconha ou eles fumam maconha porque vão mal na escola?", questiona a cientista Claire Mokrysz, da University College London. "O estudo sugere que a causa do problema é mais complexa."

Ainda assim, mesmo quando os outros comportamentos de risco foram levados em conta, aqueles estudantes que faziam "uso intenso" de maconha aos 16 anos tiveram resultados um pouco piores.
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Mokrysz acredita que o estudo deve levar a um debate sobre as campanhas de saúde pública. "A crença de que a maconha é especialmente prejudicial pode tirar a atenção de outros comportamentos potencialmente ruins", ela afirma.

Para a pesquisadora, os danos no longo prazo às habilidades intelectuais, normalmente, associadas à maconha podem ser um resultado de um estilo de vida do qual o uso dessa droga faz parte.

Para Guy Goodwin, especialista em neupsicofarmacologia da Universidade de Oxford, o estudo é importante, porque indica que as campanhas de saúde pública com foco na maconha deveriam levar em conta também o uso de outras drogas de fácil acesso e outros tipos de comportamento. "Isso pode ser ainda mais importante do que a própria maconha."