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México cria ônibus feminino para acabar com assédio

Patricia Mercado Sánchez<BR>Da Cidade do México para a BBC Mundo <br/>

29/01/2008 11h11

A Rede de Transportes de Passageiros (RTP) da Cidade do México criou ônibus exclusivos para mulheres, em uma tentativa de conter o assédio sexual às passageiras, segundo disse à BBC Mundo a diretora da RTP, Ariadna Montiel.

O serviço recém-inaugurado opera em duas rotas e está sendo testado em outras, mas a expectativa é de que dentro de três meses ele opere em 15 das 88 rotas de ônibus da capital mexicana.

No metrô, que transporta quase 12 milhões de passageiros por dia, os vagões exclusivos já existem.

Os ônibus da RTP transportam apenas 750 mil passageiros por dia, mas no ano passado a empresa recebeu sete denúncias de assédio. Montiel afirma que o número pode parecer baixo, mas que um caso já seria suficiente para que fosse tomada uma atitude.

Mais seguras
Para viajar em um ônibus exclusivo para mulheres é preciso esperar um pouco mais de uma hora. Além de serem poucas unidades, o tráfego da cidade não permite o fluxo constante.

No entanto, ao entrar no ônibus a primeira vantagem que se percebe é o espaço. Todas as passageiras iam sentadas, algumas conversando, outras falando ao telefone, ouvindo música ou lendo. Marisela, mãe de três filhos, subiu com eles no veículo e encontrou lugar para todos sem problemas.

O marido dela permaneceu no ponto, esperando o ônibus regular, e ia se unir à família mais tarde.

"Há mais segurança, sobretudo para as crianças porque os homens não têm muito cuidado", disse ele.

Em geral, as mulheres entrevistadas pela BBC Mundo estão satisfeitas com o início do serviço. "É muito cômodo e mais seguro", disse uma delas.

Transporte na capital
Na Cidade do México as pessoas precisam, em média, de duas horas por dia para mover-se de um local a outro, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, Geografia e Informática (INEGI).

O serviço de transporte mais utilizado nas ruas da cidade é o microônibus que, aos poucos, vem atraindo passageiros do metrô. O serviço já registra 4,5 milhões de usuários diários em 12 rotas.

Os "micros" - como são chamados - transportam seis vezes mais pessoas do que os ônibus, mas são considerados o pior transporte na cidade.

As queixas são, principalmente, contra a forma de dirigir dos 57 mil motoristas. Em uma rota de 12 km percorrida pela repórter da BBC Mundo, o motorista ultrapassou sete sinais vermelhos indo a uma velocidade de quase 80 km por hora, e o veículo apresentava problemas mecânicos.