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Ato contra Bolsonaro une adversários em São Paulo

Pedro Venceslau, Marianna Holanda e José Maria Tomazela

São Paulo

29/09/2018 21h36

O ato contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) realizado neste sábado, 29, no Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, reuniu uma multidão e colocou lado a lado eleitores e militantes do PSOL ao PSDB, passando por Rede, PDT, PCdoB e PSTU. Ao redor do Brasil, dezenas de cidades receberam protestos contra o candidato.

Todas as candidatas que estão na disputa presidencial, exceto a senadora Ana Amélia (PP-RS), vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), passaram pelo ato, que reuniu 150 mil pessoas, segundo os organizadores. A Polícia Militar não fez estimativas.

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Estavam presentes a ex-ministra Marina Silva, candidata da Rede, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), vice de Ciro Gomes (PDT), a deputada estadual Manuela d'Avila (PcdoB-RS), vice de Haddad, a líder indígena Sonia Guajajara (PSOL), vice de Guilherme Boulos (PSOL).

Para evitar críticas sobre o uso político do evento, elas optaram por não subir no carro de som, que estava aberto apenas para mulheres. Ao chegar ao Largo da Batata, Marina Silva comentou a declaração de Bolsonaro de que ele não aceitará o resultado da disputa caso não seja eleito e disse que o deputado do PSL "amarelou".

"Parece um discurso de quem está amarelando diante da crítica da opinião pública. No Norte, quando alguém se porta desse jeito, quando pega a bola e tenta encerrar o jogo com a bola na mão, como se fosse o dono da bola e do jogo, a gente chama isso de amarelar", disse Marina, que foi acompanhada de seu vice, Eduardo Jorge.

A senadora Kátia Abreu, por sua vez, disse que, apesar da ausência de Ana Amélia, não acredita que a senadora gaúcha apoiaria Bolsonaro no 2° turno. "Conversei com Ana Amélia e ela não me disse isso. Somos amigas. Não creio que uma mulher lúcida como Ana Amélia possa votar no Bolsonaro".

A senadora também aproveitou para criticar a fala do adversário do PSL de que não reconheceria o resultado das eleições 2018. "Ele só demonstra com isso a sua insanidade. Ele não está no seu juízo perfeito. O atentado também afetou de certa forma seu lado emocional", afirmou.

A deputada Manuela D'Ávila exaltou o caráter pluripartidário do ato. "Aqui existem pessoas que defendem diversas candidaturas e que se unem justamente na denúncia daqueles que não aceitam a democracia e os direitos da maior parte do povo do Brasil. O povo brasileiro fará nas ruas com a bossa vitória", afirmou a vice de Haddad.

"Tem o PT, tem a Rede, o pessoal do Ciro, do Boulos, é importante que estejam todos aqui. O cara nos uniu. Obrigada, Bolsonaro!", brincou Angela Martins, professora universitária de 65 anos que estava no local.

Interior de São Paulo se mobiliza

Em pelo menos 15 cidades do interior de São Paulo, manifestantes se mobilizaram contra o candidato, enquanto outras seis tiveram atos favoráveis ao candidato do PSL. Em Ourinhos, uma faixa dizia "PT+Centrão=#Elenão". Não foram registrados incidentes.

Campinas reuniu o maior número de manifestantes contra Bolsonaro - de 10 mil a 12 mil pessoas, segundo os organizadores. A Polícia Militar não estimou o público, mas a empresa municipal de trânsito calculou cerca de 2 mil pessoas no local. Em São José dos Campos, a manifestação contra o candidato do PSL reuniu, além de mulheres, muitos homens. Os manifestantes saíram em passeata - 2 mil pessoas segundo os organizadores, sem estimativa de público pela PM.

Em Piracicaba, mulheres e homens fizeram uma caminhada até a região central. A organização falou em duas mil pessoas, mas a PM não confirmou. Manifestações com centenas de pessoas aconteceram também em Bauru, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Marília, Pindamonhangaba, Limeira e Rio Claro, mas não houve estimativa oficial de participantes. Atos contra Bolsonaro aconteceram também em Araras, São Roque, São Carlos e, o menor deles, em Apiaí, com 18 mulheres.

Além de Ourinhos, houve manifestações a favor de Bolsonaro em Presidente Prudente, Santa Bárbara e Amparo. Em São José do Rio Preto, uma carreata com 800 veículos, segundo os organizadores, percorreu as ruas da cidade. O órgão de trânsito não contabilizou o número. Em Boituva, cerca de 1,5 mil pessoas, segundo os organizadores, se reuniram na praça central, depois de uma carreata pelas ruas. A PM e a Guarda Municipal não estimaram o público.

Exterior

Ao redor do mundo, protestos ocorreram em cidades dos Estados Unidos, Canadá, Argentina, Chile, Espanha, França, Portugal, Alemanha, Itália, França e Suíça. As lideranças do movimento afirmam que a campanha é para alertar a população sobre as ideias de Bolsonaro, consideradas pelos participantes como "fascistas e machistas".