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Oscar: relembre 7 discursos feministas que marcaram a história da premiação

Da Universa, em São Paulo

21/02/2019 04h00

A última cerimônia do Oscar, em 2018, foi marcada por protestos pela igualdade salarial de homens e mulheres e contra o assédio na indústria do entretenimento, impulsionados por movimentos como #MeToo e Time's Up. Mas não é de hoje que a premiação mais importante do cinema é palco de fortes manifestações feministas. 

Em 1940, por exemplo, Hattie McDaniel foi a primeira atriz negra a receber uma estatueta. Em 2010, 70 anos depois, Kathryn Bigelow foi a primeira mulher vencedora da categoria "melhor diretor".

Esses e outros momentos foram marcados por discursos fortes, que pediam desde o fim da segregação racial e igualdade salarial entre gêneros até o combate ao assédio sexual. Relembre: 

  • Frances McDormand, em 2018

    Ao receber a estatueta de melhor atriz por "Três Anúncios Para Um Crime", a atriz, de 61 anos, agradeceu ao marido e ao irmão que, segundo ela, "foram criados por uma mãe feminista". Depois, surpreendeu a plateia ao pedir a presença de todas as mulheres indicadas, que se levantaram. "Atrizes, compositoras, figurinistas... Todas nós temos histórias para contar e projetos para serem financiados. Não falem com a gente na festa hoje, mas nos convidem para irmos aos escritórios de vocês", pediu, chamando atenção para o fato de que mulheres devem chefiar projetos e não só aparecer nas telas. Leia mais

  • Ashley Judd, Salma Hayek e Annabella Sciorra, em 2018

    As três atrizes veteranas de Hollywood foram as primeiras a denunciar o megaprodutor Harvey Weinsten e subiram ao palco da cerimônia para falar sobre o movimento Time's Up, que luta contra a violência de gênero na indústria do entretenimento. "As mudanças que estamos testemunhando são lideradas por novas e poderosas vozes, diferentes, nossas vozes, que estão se unindo em um grito que diz Time's Up [já chega, em português]. Nós trabalhamos juntas para assegurar que os próximos 90 anos sejam de possibilidades ilimitadas de igualdade, diversidade, inclusão e interseccionalidade. Foi isso que este ano nos prometeu", disse Judd. Três meses depois, em maio, Weinstein foi preso acusado de assediar ou estuprar mais de 60 profissionais da indústria. Leia mais

  • Janelle Monae, em 2017

    "Estrelas Além do Tempo" não levou nenhuma estatueta do Oscar em 2017, mas protagonizou um dos momentos mais marcantes da noite, quando levou ao palco Ketherine Johnson, primeira matemática negra da NASA, que inspirou o filme. Janelle Monae, uma das protagonistas, aproveitou para discursar sobre o apagamento de mulheres negras na história mundial. "Filmes sobre os grandes feitos de homens e mulheres sempre foram muito populares nos livros de história. Mas nem sempre todos foram incluídos, é por isso que precisamos produzir longas para destacar nomes poucos conhecidos, porque suas histórias devem ser lembradas", afirmou.

  • Patricia Arquette, em 2015

    Patricia Arquette levou o Oscar de melhor atriz coadjuvante em 2015 por sua atuação em "Boyhood". Quando subiu ao palco para receber a estatueta, discursou pedindo salários iguais para as mulheres na indústria do cinema. "A todas as mulheres que deram à luz neste país, a todos que pagam impostos, nós temos que lutar por direitos iguais para todos. Está na hora de termos salários iguais de uma vez por todas e direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos", disse, arrancando palavras de incentivo de nomes como Jennifer Lopez e Meryl Streep. Leia mais

  • Lupita Nyong'o, em 2014

    Quando ouviu seu nome como vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por "12 Anos de Escravidão", em 2014, Lupita Nyong'o declarou: "Quando eu olho para esta estátua dourada, ela me lembra e lembra a todas as crianças do mundo que não importa de onde você é, seus sonhos são válidos". Lupita, que na época fazia sua estreia no cinema, nasceu no México, é filha de quenianos e foi a primeira atriz de ambas as nacionalidades a levar uma estatueta. "Estar aqui me faz pensar que o momento mais feliz da minha vida veio após tanto sofrimento de Solomon [Northup, autor do livro que deu origem ao filme]. Solomon, obrigado por nos contar a sua história", disse, emocionando a plateia. Leia mais

  • Kathryn Bigelow, em 2010

    Em 2010, apenas na 82ª edição da cerimônia, uma mulher foi vencedora na categoria melhor direção: Kathryn Bigelow, por "Guerra ao Terror". "Este é realmente o momento de uma vida", disse ela, que foi apenas a quarta mulher indicada como diretora na história da Academia até então. Além de dedicar o prêmio às mulheres, a cineasta homenageou os soldados norte-americanos que inspiraram seu filme. "Eu gostaria de dedicar isto às mulheres e aos homens no serviço militar que arriscam suas vidas diariamente no Iraque, no Afeganistão e ao redor do mundo. Que eles possam voltar para casa em segurança". Vale lembrar que um dos concorrentes mais fortes de "Guerra ao Terror" naquele ano era o milionário "Avatar", dirigido por James Cameron, ex-marido de Bigelow.

  • Halle Berry, em 2002

    Há 17 anos, a atriz de "A Última Ceia" foi a primeira mulher negra a conquistar a estatueta de melhor atriz. Muito emocionada, Halle, então com 36 anos, quase não conseguiu fazer o discurso, mas fez questão de homenagear as outras seis mulheres negras que foram indicadas antes dela, mas não ganharam. "Esse momento é muito maior que eu. É um momento para Dorothy Dandridge, Lena Horne, Diahann Carroll e tantas outras como eu", disse, em lágrimas. Leia mais

  • Hattie McDaniel, em 1940

    Por sua atuação no clássico "E o Vento Levou...", Hattie McDaniel foi a primeira atriz negra a vencer um Oscar, o de melhor atriz coadjuvante, em 1940. "Vou levar isso como uma inspiração para tudo o que eu possa fazer no futuro. Espero que eu sempre possa ser um exemplo para a minha raça e para a indústria cinematográfica. Meu coração está cheio demais para que eu possa dizer exatamente como me sinto", afirmou. Para dar uma ideia de como seu discurso era progressista para a época, a segregação racial era tamanha que, durante a cerimônia, ela sequer pôde se sentar ao lado dos colegas brancos.