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Biojoias e "Cruelty free": veja os novos termos da moda ética e ecológica

Montagem UOL
Imagem: Montagem UOL

Colaboração para o UOL

20/12/2016 06h00

A vertente da moda que adota práticas produtivas mais éticas e ecológicas vem constituindo no Brasil uma rede de iniciativas, marcas, profissionais e consumidores cada vez mais engajados. À medida que esse movimento ganha amplitude, é natural que um novo vocabulário, repleto de conceitos e nomes técnicos, venha à tona. Para facilitar o entendimento, o UOL organizou um glossário de termos representativos (muitos ainda em evolução) com a contribuição de profissionais especializados e gestores de marcas que têm a sustentabilidade no DNA.

Glossário de moda consciente

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Armário compartilhado

    Modelo de negócios inovador em que o espaço (ou loja) mantém um "acervo circular" de roupas, ao qual os clientes têm acesso mediante um pagamento equivalente ao número de peças que desejarem retirar, por período. As peças devem ser devolvidas em perfeito estado e os clientes podem fazer doações para o acervo, podendo em alguns casos receber um percentual do lucro, quando estas forem utilizadas.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Artesanato tradicional brasileiro

    Prática desenvolvida por populações tradicionais que utilizam o potencial produtivo dos oito biomas (fauna e flora típicas das diferentes regiões do país), para criar bolsas, acessórios e demais produtos com matérias-primas, como palha de milho, capim dourado, sisal e sementes diversas. Os mercados de moda, beleza e design, podem apoiar o artesanato tradicional, auxiliando a geração de renda local e a conservação desses saberes.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Ativismo fashion

    Em vista das mudanças climáticas, do esgotamento dos recursos naturais e outros problemas socioambientais conectados à industria de produção e consumo, existem designers que usam a moda para manifestar, exigir e criar mudanças, através do trabalho de engajamento entre estilo e ativismo. Já no âmbito dos movimentos sociais, o Fashion Revolution, originado na Inglaterra e presente hoje em diversos países, empodera o consumidor com informações e incentivos, para que ele exija uma cadeia produtiva mais honesta e transparente.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Biojoias e ecojoias

    Bioijoias são acessórios artesanais produzidos com materiais orgânicos de origem vegetal ou animal, como sementes, folhas, capins, madeiras, cascas de coco, escamas, couro, pedras naturais, etc . A coleta dos materiais pode seguir princípios do manejo sustentável ou derivar da reutilização de resíduos da indústria. Possuem acabamento de ótima qualidade e podem utilizar técnicas de ourivesaria. Já as ecojoias são acessórios artesanais com perfil mais urbano, produzidos com resíduos de origem industrial, como cápsulas de café, linhas de pesca, aneis de lata, plástico de garrafas PET, componentes eletrônicos descartados, etc.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Compra com propósito

    Modelo de negócios criativo que reverte parte do lucro de uma venda para a prática de benefícios sociais ou ambientais, como o plantio de árvores. Um formato adotado por algumas marcas é o "compre um, doe um", quando a venda do produto internaliza os custos de outro similar, que será "automaticamente" encaminhado para uma instituição carente.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Cosméticos naturais

    Produtos de beleza isentos de elementos químicos danosos, como óleos minerais, fragrâncias sintéticas, derivados do petróleo e alguns conservadores, como o parabeno. Contém uma quantidade significativa de ativos naturais e podem incluir vitaminas e oligoelementos antioxidantes obtidos de extratos vegetais. Geralmente são produzidos com respeito à ética socioambiental, desde a obtenção da matéria-prima até a elaboração da embalagem, e podem ter certificação de selos como Ecocert e IBD - o que irá prever critérios específicos de qualidade.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    "Cruelty free"

    Nome do selo americano que certifica produtos elaborados sem a realização de testes em animais - prática liberada na China, banida na Europa e optativa no Brasil - ou qualquer forma de crueldade ao longo da cadeia industrial de fornecimento. Tornou-se um lema ativista pelos direitos dos animais.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Customização

    Prática de personalizar ou adaptar um produto ou peça de roupa, sem alterar sua função original. Utiliza diferentes técnicas que envolvem tingimentos, lavagens, aplicação de pedrarias, patchs, cortes inovadores, costuras que criam texturas etc. Muito empregada para renovar o apelo estético de roupas de segunda mão.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Lavagem ecológica

    Técnica realizada em tinturarias ecologicamente corretas e/ou certificadas, que utilizam água em ciclo fechado, tratam o efluente gerado e usam quimícos menos impactantes para lavar e amaciar. O maior consumo de água relacionado às roupas está ligado às lavagens caseiras, portanto é recomendável o uso de sabões em pó com tensoativo biodegradável, ou sabões de coco.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Mão-de-obra social

    Tem como premissa a remuneração justa de frentes produtivas compostas por pessoas de menor renda - como integrantes de comunidades, artesãos tradicionais ou detentos em processo de inclusão - assim como o investimento do contratante em benefícios, capacitação e estímulo à autonomia da equipe. É um pilar essencial desse novo paradigma produtivo na moda.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Moda atemporal

    Peças que não ficam "fora de moda" por conta de fatores como mudanças de tendência ou estação. Não seguem as influências do mercado de fast fashion, e representam uma solução mais perene e duradoura. Em geral, não possuem estampas e utilizam materiais de alta qualidade, para que possam se manter úteis por um longo tempo.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Moda circular

    Corrente que segue os princípios da Economia Circular e promove o desenho de produtos duráveis, que agregam soluções para sua gestão correta ao final do ciclo de vida. Prevê a máxima utilização e circulação de produtos, componentes e materiais, a partir de estratégias de design e negócios que promovam manutenção e reparo, compartilhamento, reuso, aluguel, redesign e uso "em cascata" entre outros setores.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Moda consciente

    Expressão inspirada no termo "consumo consciente", faz referência ao consumidor engajado, que busca por informações sobre a indústria de moda e os produtos alinhados com a redução de impactos; e ao segmento de mercado que produz de acordo com esse olhar mais coerente, preocupa-se com a transparência e o estímulo à reflexão.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Moda ecológica

    Práticas de produção e consumo que reduzem o impacto da cadeia de moda no ambiente natural. Inclui o manejo e extração mais sustentável de matérias primas, a utilização de insumos produtivos atóxicos e biodegradáveis, o tratamento de efluentes, a redução e neutralização de emissões atmosféricas, a informação para o descarte correto; e, indiretamente, o estímulo à reutilização, e outras medidas que visam o equillíbrio ambiental.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Movimento de troca

    Representados pelas feiras e encontros públicos, e também plataformas digitais, sejam elas redes sociais ou aplicativos, que estimulam e facilitam a prática da troca de roupas e outros objetos. Podem ter como foco a redução do consumismo, o questionamento à produção industrial intensiva ou o estímulo ao convívio social positivo, por exemplo.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Orçamento aberto

    Conduta da empresa que decide expor ao consumidor os custos envolvidos na produção de suas peças. A medida torna públicos os custos por produto específico e os gastos fixos da marca. Isso inclui valores referentes a matéria prima, remuneração de artesãos e designers, e despesas com marketing, por exemplo. Segue o princípio de que a transparência reforça a confiança do consumidor e os laços produtivos da empresa.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Peças multifuncionais

    Correspondem às roupas e acessórios que possibilitam várias formas de uso, tanto em termos de modelagem - um vestido que ganha decotes diferentes, dependendo de como for amarrado, por exemplo - ou de versatilidade para criar composições - uma calça que pode ser usada com tênis, para uma caminhada, ou com sapato de salto, para sair à noite.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Produto rastreado

    Produtos de origem transparente e certificada, elaborados de acordo com práticas sustentáveis ao longo de sua cadeia produtiva. Depende de metodologias que calculem a quantidade de recursos naturais utilizados ou mesmo a estimativa da emissão de gases na atmosfera, até chegar nas mãos do consumidor. As marcas que investem no rastreamento de seus produtos, se mostram ativas e conectadas.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Produto vegano

    Não leva em sua composição insumos de origem animal, incluindo-se mel e derivados. Não foi testado em animais ou participou de cadeia produtiva que envolveu crueldade animal. O segmento de sapatos e acessórios, por exemplo, vem sendo cada vez mais estimulado pelos consumidores veganos a apresentar alternativas ao uso do couro.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Reutilização

    Aproveitar novamente um produto ou componente, seja para a mesma função, ou uma nova, adaptada. O produto não necessariamente está em seu ciclo final de vida. Pode utilizar técnicas de redesign ("redesenho") e customização.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    "Slow fashion"

    Termo inspirado no movimento político-cultural, de origem italiana, "slow food", que tem como premissa valorizar o bom, limpo e justo - e ao expandir para o contexto da moda, o belo. Propõe a desaceleração da indústria, práticas limpas, preços justos, proximidade entre produtor e consumidor e a ideia de "qualidade ao invés de quantidade". Fomenta o respeito às culturas locais, o resgate de técnicas tradicionais artesanais, e às necessidades individuais e coletivas; e, ainda, valoriza as relações de afeto com as roupas.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Tecidos de fios refibrados

    Técnica industrial ainda pouco aplicada no Brasil que permite que resíduos têxteis - também conhecidos como retalhos - sejam desfibrados e reutilizados. Se as fibras são dispostas aleatoriamente, sem distinção de material, formam mantas (chamadas de não-tecido) que podem ser usadas como isolamento acústico ou virarem cobertores, por exemplo. Quando a composição do desfibrado é de 100% algodão, este é destinado à fiação, para se tornar barbante ou compor novos tecidos.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Tecidos tecnológicos

    Tecidos desenhados para trazer soluções a fatores como a sustentabilidade ambiental, eficiência produtiva e durabilidade. Podem ser feitos de celuloses, camurças vegetais, polímeros de fontes renováveis, compósitos mistos, poliamidas aprimoradas, etc. São geralmente criados em laboratórios de inovação e tem ainda pouquíssima vazão no mercado.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    Tingimento natural

    Processo artesanal que utiliza pigmentos provenientes de sementes, cascas ou frutas para tingir tecidos como lã e algodão. A técnica evita a utilização de corantes e conservadores químicos, que despejados como efluentes, serão nocivos a rios e mares. Extrai pigmentos de materiais como cúrcuma, urucum e cascas de cebola e para a fixação da cor, pode necessitar do auxílio de substâncias chamadas de mordentes.

  • Ilustração UOL/Natália Lima

    "Upcycling"

    Prática de redesign que atribui maior valor agregado a trapos de tecidos, peças de roupa fora de uso e componentes em geral, considerados resíduos, permitindo que "subam no ciclo". Geralmente altera a função original do produto e agrega elementos de baixo impacto que facilitarão sua posterior reciclagem, como etiquetas de tecido biodegradável, linhas de algodão e tingimento natural.