Com 27 anos de carreira, Letícia Sabatella teve, nos últimos tempos, a oportunidade de interpretar uma série de personagens fortes. A cantora francesa Edith Piaf e a complicada e intensa Delfina, na última novela das 18h da Globo, foram algumas delas. Letícia também participou de uma montagem teatral em que os 24 cantos da Ilíada de Homero foram lidos por atores, durante 24 horas seguidas.
A tendência não é por acaso. Além da intencional busca por papéis que “saiam do perfil romântico”, a atriz de 47 anos segue no trabalho a mesma postura combativa que atualmente exerce na vida. Quase nada escapa do campo de ação de Letícia: a defesa de direitos das minorias, a militância política e o engajamento em movimentos sociais como o feminismo. Até na interpretação, a atriz enxerga uma maneira de mudar aspectos da sociedade.
“Foi muito forte pra mim, nesse momento de vários retrocessos nos direitos das mulheres e dos menos favorecidos, fazer essa peça sobre o [Bertolt] Brecht e a [Edith] Piaf; duas figuras do universo artístico que dão voz aos oprimidos”, diz.
Agora, ela se prepara para mais um projeto com o marido, o ator Fernando Alves Pinto. Os dois planejam dividir o palco em uma peça sobre a vida do trompetista americano Chet Baker. “É uma caminhada de mãos dadas muito potencializadora para um e para o outro. Claro que existem dificuldades, mas é um casamento que vem de um lugar mais maduro de relacionamento”, diz.
Nesta entrevista, a atriz fala, entre outros assuntos, sobre a relação de amizade com a vereadora Marielle Franco, executada no Rio de Janeiro, o machismo que sofreu quando dirigiu um filme e as acusações de que teria se beneficiado da Lei Rouanet.