Como chegou onde está?
Sou formada em Rádio e TV, na Argentina. Quando comecei a trabalhar, todo mundo saía de férias e eu me propunha a cobri-las. Fui subindo. Passei a cuidar de um reality show no Canal 13 (um dos mais importantes canais de TV na Argentina) e me chamaram para coordenar produções da Discovery Channel. Foi ali que passei a entender de mercado internacional. Evoluí mais e a Discovery me colocou para negociar os direitos autorais dos conteúdos para a internet de toda a América Latina, em Miami. Depois, ainda nos Estados Unidos, o Animal Planet me contratou para ser produtora executiva do canal.
Por que saiu dos Estados Unidos, um dos países mais importante nesse ramo de trabalho, e veio para o Brasil?
Eu casei com um brasileiro e tínhamos um bebê. E, quando estávamos lá, as Torres Gêmeas caíram, eu e meu então marido estávamos em crise e ele não queria mais morar nos Estados Unidos. Então, ou me divorciava ou me mudava para o Brasil com ele. Mas a parte mais importante da minha carreira está no Brasil. Não que a chegada aqui tenha sido fácil.
Apesar do currículo que tinha acumulado na Argentina e nos Estados Unidos, demorei para conseguir emprego aqui. Ninguém contrata se não tiver uma indicação. E eu não tinha.
E a guinada no Brasil aconteceu como?
Eu falava um português horroroso, mas mesmo assim, fui chamada para ser assistente na produção de documentários para a National Geographic. Cresci e virei diretora de produção. A primeira grande guinada aconteceu quando a Rede TV! me chamou para ser diretora de programa e, pouco tempo depois, para criar um departamento de novos conteúdos. Se você dá resultados, não importa se é homem, mulher, lesma ou cachorro. Trabalhei em conteúdos como “Donas de Casa Desesperadas” e em coproduções como a do "Dr. Rey". Em 2011, veio a segunda guinada: fui convidada para ser diretora de operações da Fox Brasil. Estava bem lá, quando outra virada aconteceu. Um amigo argentino me ligou e perguntou: "Estou buscando um CEO para a Endemol. Tem interesse?". Fiz o processo de seleção, passei e, quando fui admitida, contratei um coach para aprender sobre gestão de pessoas, estratégias e afins. Fiz também um MBA na Fundação Getúlio Vargas em Gestão e Finanças por um ano; mas não consegui terminar por causa do trabalho.
Quais foram alguns de seus principais feitos como chefe?
Na Endemol, participei da implementação da área de Branded Content, com a criação e produção de cases para P&G e Heineken. Além disso, ajudei a desenvolver formatos e projetos seguindo o conceito 360°, que é colocar nossas marcas em todas as frentes comerciais e de conteúdo. Fiz isso, por exemplo, com o "MasterChef Brasil", que é um fenômeno em todos os mercados. Em 2017, a Endemol Shine Brasil cresceu 151%, sendo que 30% deles vieram da área de Branded Content.