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Reino Unido vai proibir anúncios de publicidade machistas em 2019

Anúncio intitulado "O novo homem", nas Galerias Lafayette, mostra homem engravatado dando mamadeira a um bebê. Paris, 8 de dezembro de 2018 - REUTERS/Stephane Mahe
Anúncio intitulado "O novo homem", nas Galerias Lafayette, mostra homem engravatado dando mamadeira a um bebê. Paris, 8 de dezembro de 2018 Imagem: REUTERS/Stephane Mahe

21/12/2018 10h40

O Reino Unido se prepara para grandes mudanças em 2019. Além de ter data marcada para deixar a União Europeia, disse que vai barrar anúncios publicitários machistas em seu território. O assunto foi destaque nesta sexta-feira (20) no jornal econômico francês Les Echos.

Uma mulher que lava a louça ou passa o aspirador enquanto um homem assiste confortavelmente à televisão, sentado no sofá. Um pai incapaz de trocar corretamente a fralda do seu bebê. Uma mulher que não consegue estacionar. Todos estes estereótipos machistas serão barrados da publicidade britânica a partir de junho de 2019.

Um novo código de conduta foi publicado pela Advertising Standard Authority, a agência reguladora de publicidade do Reino Unido, que enumera estas e outras práticas proibidas. Os anúncios que não seguirem o novo código serão barrados, por constituírem uma ofensa "séria e generalizada", diz o jornal.

Instagram e Youtube também serão afetados

As novas normas serão aplicadas para a publicidade difundida na televisão, no cinema, na imprensa, na internet, nos cartazes e outdoors e se estende mesmo aos posts patrocinados de instagramers e Youtubers.

A regulação cabe às agências de publicidade, mas qualquer pessoa pode denunciar práticas adversas à agência reguladora, que então abrirá uma investigação. Caso o anúncio em questão desrespeite as regras, ele será retirado do espaço público, seja físico ou virtual.

Os anúncios que sugerem que mudar o corpo dá mais chances de sucesso amoroso serão particularmente proibidos, assim como aqueles que se apoiam em estereótipos sobre as diferenças de personalidade entre meninos e meninas.Segundo a reportagem do Les Echos, haverá uma instância responsável, que avaliará cada caso, porque a apreciação de uma peça publicitária pode ser subjetiva.

Polêmica em Paris

O jornal lembra que o machismo na publicidade não é uma exclusividade britânica. Recentemente, em Paris, um anúncio gigante de uma marca de lingerie que exibia o bumbum de uma mulher, sem rosto, afixado nas Galerias Lafayette, causou polêmica.

No contexto do movimento #MeToo, este anúncio, em Paris, suscitou a indignação da Hélène Bidarda, secretária da prefeitura de Paris encarregada da igualdade entre homens e mulheres. No dia seguinte, as Galerias Lafayette retiraram o cartaz. Na França, a publicidade de lingerie pode utilizar modelos com o corpo seminu. Mas a ausência de rosto e o enorme formato do outdoor geraram mal-estar.

Segundo o diretor-geral da Autoridade de Regulação Profissional da Publicidade francesa, Stéphane Martin, para além das bases comuns para a ética publicitária, as empresas deveriam levar em conta o "clima" da sociedade atual. Um "clima" que tem suas contradições, segundo ele, pois ao mesmo tempo em que defende a dignidade das pessoas, é contra todo e qualquer tipo de censura.

Não ao rosa para meninas

Em abril de 2016, a autoridade de regulação francesa já havia se pronunciado sobre estereótipos, dizendo que a publicidade não pode valorizar, mesmo que indiretamente, sentimentos ou comportamentos de exclusão, de intolerância e de machismo.

Na França, a União dos Anunciantes assinou este ano, com o Conselho Superior do Audiovisual, uma carta em que se compromete a lutar contra os esteriótipos. A lista de recomendações inclui questionamentos do tipo: "Temos mesmo que vestir todas as meninas de cor-de-rosa?".