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Turista libanesa detida no Egito por denunciar assédio deve ser libertada

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Imagem: iStock

da RFI

10/09/2018 09h16

Durante sua estadia de férias no Egito, a turista libanesa Mona al-Mazbouh publicou um vídeo no Facebook onde dizia ter sido sexualmente assediada diversas vezes no país. Presa no aeroporto, momentos antes de voltar para casa, ela foi condenada a oito anos de prisão por um tribunal do Cairo.

Fontes judiciais afirmaram neste domingo (9) que a Justiça egípcia aceitou um recurso e deve libertá-la dentro de “alguns dias”.

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Mona al-Mazbouh foi presa no final de maio deste ano no aeroporto do Cairo, quando estava prestes a deixar o Egito, depois de um período de férias. Ela foi condenada em julho a oito anos de prisão por "caluniar" o povo egípcio após a publicação de um vídeo no Facebook em que reclamava vigorosamente de ter sido sexualmente assediada.

Um tribunal do Cairo "aceitou o recurso de Mona al-Mazbouh contra a sentença", disse uma fonte judicial neste domingo (9).

Ele "reduziu sua sentença a um ano de prisão", disse a mesma fonte. Al-Mazbouh deve ser libertada "dentro de alguns dias", segundo seu advogado, Emad Kamal e poderá deixar o território egípcio após pagar uma multa de 30.000 libras (cerca de € 1.450).

Mona al-Mazbouh publicou um segundo vídeo dizendo que sua intenção não era insultar os egípcios e que, no seu vídeo anterior, não se referia "a todo o povo egípcio." A acusação acusou-a de "espalhar rumores falsos e promover ataques a religiões". 

Em maio, uma cidadã egípcia, Amal Fathi, também foi detida após ter postado em redes sociais um vídeo contra o assédio sexual. A jovem, casada com um defensor dos direitos humanos, ainda está presa.

Fathi é também objeto de processos perante o Ministério Público do Estado de Segurança do Estado egípcio por tentar " frustrar as últimas eleições presidenciais e provocar um levante popular."

Crime de calúnia no Egito

Uma petição online chamada #JusticeforMona foi lançada através do site exchange.org para defender a turista libanesa. A carta, endereçada ao presidente egípcio Al-Sissi, dá detalhes das circunstâncias da prisão da jovem.

A queixa original foi alegadamente apresentada por um advogado egípcio, considerando que ela havia insultado os egípcios, o Estado e o presidente, uma vez que o seu vídeo continha uma linguagem “polêmica”.

O magistrado responsável pela sentença de prisão, Amr Abdel Salam, declarou à imprensa internacional, na ocasião, que tais atos são considerados crime de calúnia sob o Código Penal Egípcio, artigos 302 a 308, puníveis com pena de prisão e multa.