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Papa tenta na Irlanda conquistar católicos afastados por casos de pedofilia

Papa Francisco - Riccardo De Luca/AP
Papa Francisco Imagem: Riccardo De Luca/AP

Vivian Oswald

de Londres, especial para a RFI

24/08/2018 12h42

O papa Francisco desembarca neste sábado (25) em Dublin para uma visita de apenas 36 horas, durante o 9° Encontro mundial das famílias.

Mesmo se não é longa, a visita do papa Francisco é bastante simbólica. A Irlanda é um país sobre o qual a igreja católica sempre teve grande influência. Mas a credibilidade da instituição foi afetada nos últimos anos pelos sucessivos escândalos de pedofilia, além da mudança nos costumes da população.

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De acordo com o censo de 2016, 78% dos irlandeses são católicos. E boa parte da briga e da secessão da Irlanda nos anos 1920 no Reino Unido se deve ao fato de a Irlanda ser majoritariamente católica e a Irlanda do Norte, protestante.

Mas desde a passagem de João Paulo II, último papa a visitar o país em 1979, três anos antes de ir ao Brasil, muita coisa mudou. Na época da viagem do papa polonês, a relevância da igreja católica na Irlanda era indiscutível. Mas de lá para cá, as posições ultraconservadoras da igreja fizeram com que a instituição perdesse espaço.

Em 2015, a Irlanda aprovou a legislação que permite o casamento homossexual. Dois anos depois, o país autorizou o aborto e elegeu um primeiro ministro gay, Leo Varadkar – que vai receber o papa Francisco.

Gestão de casos de pedofilia

Outro aspecto que vai pesar na visita do papa Francisco é a gestão dos sucessivos casos de pedofilia envolvendo padres, muitas vezes protegidos pela comunidade clerical. As agressões, que vieram à tona no início dos anos 2000, teriam envolvido pelo menos 14.500 menores.

O próprio arcebispo de Dublin reconheceu essa semana que a história recente da igreja na Irlanda teve momentos obscuros.

O Vaticano confirmou que o papa Francisco vai encontrar, sem muito alarde, as vítimas de abusos sexuais no país. Estão previstos seis discursos do sumo pontífice durante a visita, o que significa que ele terá algumas oportunidades para tratar do assunto, de acordo com fontes do próprio Vaticano.

Tudo deverá ser tratado com muita cautela por este papa, que ficou popular pelas suas habilidades diplomáticas. Ele estará diante de cerca de 500 mil pessoas na missa gigante que deverá ocorrer domingo no Phoenix Park em Dublin, nesse que deve ser o evento mais importante da agenda do pontífice.

Protestos contra a igreja estão previstos

Diante desse contexto de mudança da imagem da igreja católica na Irlanda, a chegada do sumo pontífice também será marcada por protestos, algo impensável durante a visita de João Paulo II em 1979. Milhares de internautas estão convocando um boicote à grande missa.

A campanha, que já conta com mais de nove mil apoiadores, se chama "Diga não ao papa". A ideia é reservar ingressos para o evento e não utilizá-los e, assim, promover uma manifestação silenciosa e pacífica.

Os organizadores do protesto também estão convocando as pessoas para uma espécie de vigília em apoio às vítimas de abuso na igreja no mesmo horário da missa de domingo.