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Suíça investiga médico francês que diz curar homossexualidade

Da RFI

15/08/2018 18h02

As autoridades médicas da Suíça iniciaram nesta quarta-feira (15) uma investigação sobre um médico francês que afirma poder curar a homossexualidade com um tratamento homeopático.

Jean-Yves Henry, clínico geral e naturopata, trabalha desde 2004 em Genebra e Lausanne, na Suíça. Ele também criou um site com aulas pagas sobre tratamentos alternativos.

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Alertado pelo “buzz” criado nas redes sociais, o ministro da Saúde do cantão de Genebra, Mauro Poggia, pediu a abertura de uma investigação à comissão suíça de vigilância de profissões ligadas à saúde, informou o jornal Le Courrier, de Genebra.

Mauro, citado pelo diário, estima que só o fato de o médico pensar que a homossexualidade seja uma doença a ser curada já “é um elemento concreto para se abrir uma investigação”.

Em entrevista por telefone à televisão pública suíça RTS, Jean-Yves Henry, 71 anos, diplomado pela Universidade de Bordeaux, afirma não entender o tumulto provocado pelo seu artigo publicado no site em 2009.

“A homossexualidade é um sintoma como outro qualquer, como uma dor de cabeça ou uma alergia. Não entendo qual é o problema”, defendeu-se o médico francês.  

No artigo, Henry diz que “a homossexualidade não é uma patologia, mas um sintoma particular – de uma escolha de vida respeitável – de pacientes ‘borderline’ [transtorno de personalidade limítrofe]”.

Ele prossegue dizendo que a homeopatia tem remédios para tal sintoma (atração por uma pessoa do mesmo sexo), apresentando uma lista de “medicamentos” homeopáticos diferentes para homens e mulheres.

Em uma nota acrescentada recentemente no rodapé do texto online, o dr. Heny explica que “o artigo, escrito há dez anos e que nunca criou polêmica a nível profissional, tinha como objetivo principal estimular os estudantes a refletir sobre as relações entre os medicamentos e os sintomas comportamentais”.

“O homeopata atento vai identificar um sintoma entre outros apresentados pelo paciente, com o objetivo de encontrar o remédio suscetível para tratar os motivos da consulta (dor de cabeça, problemas digestivos etc)”, acrescenta a nota.

Michel Matter, presidente da Associação dos médicos de Genebra, citado pela RTS, fala de “charlatanismo”. Segundo ele, “a questao do direito de praticar a função deve ser questionada, mas só um magistrado vai poder decidir”.