Cingapura comemora orgulho gay em meio a apelos por derrubada de lei colonial
Milhares de pessoas participaram da manifestação de orgulho gay anual em Cingapura, neste sábado, em que muitos pediram pela revogação de uma lei que proíbe o sexo gay, após outros países da região tomarem medidas do tipo.
Cingapura é uma das dezenas de cidades no mundo que celebram o orgulho gay neste fim de semana, mas é a única em que o sexo gay é criminalizado, ainda que a lei não seja aplicada.
A pressão por mudanças na cidade-Estado aumentou desde que a corte suprema da Índia derrubou no ano passado a criminalização da homossexualidade, que remontava à era colonial.
"A maioria dos cingapurianos são tolerantes. Mas para que sejamos aceitos, temos um longo caminho a percorrer", disse Elaine, de 26 anos, uma bancária que foi à manifestação com sua namorada.
"Mas estou feliz que o governo não interrompa ou impeça que eventos como esse aconteçam", acrescentou ela, que pediu para se identificar somente pelo primeiro nome.
De acordo com a legislação, um homem que tiver praticado atos de "indecência grave" com outro homem pode ser preso por até 2 anos, embora as acusações sejam raras. A lei não proíbe explicitamente atos homossexuais praticados por mulheres.
Ações judiciais anteriores para derrubar a proibição não tiveram sucesso, mas logo após a decisão judicial indiana, um DJ de Cingapura abriu um novo processo contra a lei colonial.
Para a executiva de relações públicas Devane Sharma, de 32 anos, a criminalização de sexo gay tem repercussões na sociedade mesmo que não hajam acusações do tipo.
?O governo frequentemente diz que a lei não é aplicada de fato então tudo bem, mas há efeitos secundários para o resto da sociedade, especialmente em temas sobre saúde sexual e discriminação no ambiente de trabalho?, disse Sharma.
A manifestação de orgulho gay ocorre desde 2009 na cidade sob estritas regras legais de reunião pública na Speakers? Corner, área reservada a manifestações, apresentações e exibições com acesso exclusivo para cidadãos e residentes permanentes.
Em seis décadas desde a independência, Cingapura emergiu como uma cidade-Estado moderna e rica. Seus parlamentares, no entanto, continuam cautelosos em relação a reformas sociais, em parte devido a pontos sensíveis resultantes da mistura étnica e religiosa que compõe a população de 5,6 milhões de pessoas.
Havia, porém, um clima de otimismo entre os presentes à manifestação:
"É uma questão de tempo. Acho que em alguns anos a lei vai (ser revogada). Estou esperançosa", disse Sharma.
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