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O que nos leva a achar alguém sexy ou não?

A cantora Anitta - Roberto Filho/Brazil News
A cantora Anitta Imagem: Roberto Filho/Brazil News

Heloísa Noronha

Colaboração para Universa

15/07/2019 04h00

Enquanto algumas pessoas piram com os olhos azuis de Bradley Cooper, outras preferem o charme e o sorriso aberto de Idris Elba. Há quem sonhe com as curvas sinuosas de Anitta, enquanto a silhueta longilínea de Taylor Swift faz muita gente delirar. Em se tratando de achar alguém sexy ou não, é difícil haver consenso. Porque, embora o ideal de beleza obedeça alguns padrões --variáveis conforme a época e o contexto, é válido dizer--, a atração que uma pessoa desperta na outra vai muito além da aparência física.

Tem a ver, em primeiro lugar, com as experiências vividas na infância --e é por isso que você pode achar um cara ou uma garota sexy e sua amiga questionar a razão. O sexy, conforme especialistas, envolve atitudes, gestos, o jeito de olhar ou de sorrir e, principalmente, transmitir segurança e autoestima.

De acordo com a fisiologista Cibele Fabichak, autora do livro "Sexo, Amor, Endorfinas e Bobagens" (Matrix Editora), a partir do nascimento são desenvolvidos padrões de atração físicos, psíquicos e emocionais baseados nos primeiros seres com quem a pessoa tem contato: os pais. "A partir daí, mais gente também vai influenciar essa formação de padrões, inclusive na adolescência. Daí, adultos, em algum momento cruzamos com alguém que se identifica com essas referências e uma espécie de gatilho é disparado em nosso cérebro", explica.

Isso tem a ver, ainda, com os fetiches. "Existem pessoas que têm seu desejo fixado em objetos, sapatos e lingeries, entre outros. As experiências vivenciadas na infância determinam essa atração. Para um fetichista, muitas vezes o tesão é direcionado mais ao objeto do que à pessoa com a qual ele mantém relações sexuais. Há, por exemplo, as práticas BDSM [bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo] em que são utilizadas roupas, sapatos e acessórios que determinam a ação", comenta Rosely Salino, psicóloga, sexóloga e terapeuta de casal.

Trata-se de um processo inconsciente, que mexe com os sentidos: visão, audição, tato, olfato e até paladar. E, claro, com a imaginação, quando não é possível "experimentar" o outro ao vivo e em cores. Mais do que uma opinião, achar alguém sexy é uma questão instintiva e subjetiva.

Para a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello, consultora do site C-Date e fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade), o mecanismo também envolve questões pessoais e íntimas. "Em muitos casos, podemos projetar na outra pessoa um desejo de ser como ela, de ter o que ela tem."

O sexy inspira o desejo e mexe, literalmente, como o cérebro. "Há alterações nos neurotransmissores responsáveis pelas sensações de prazer e bem-estar, como ocitocina, endorfina, serotonina e dopamina, que agem no corpo do ponto de vista hormonal e promovem uma sensação de 'química' com o outro", explica Cibele.

Na opinião da psicanalista Andréa Ladislau, não é possível desprezar também a influência dos meios de comunicação. "A mídia tenta moldar nossa opinião sobre o que é ou não sexy, na medida em que impõe padrões estereotipados de beleza, sugestionando que determinados modelos são mais ou menos atraentes aos olhos do público. Porém, se podemos afirmar que o conceito de ser sexy é subjetivo, também podemos concluir que essa classificação está intimamente ligada às nossas percepções prazerosas", afirma.

É importante lembrar que esse conceito vai mudando ao longo da vida, para todo o mundo. O que é sexy para uma adolescente dificilmente encontrará ressonância no ponto de vista de uma mulher de 40 e poucos anos. "O tempo faz com que a gente vá amadurecendo, passando por várias situações, ampliando a bagagem de vida e as percepções. O nosso olhar e os nossos sentidos podem se tornar mais críticos e apurados. Nossas necessidades se modificam. Sendo assim, a ideia pessoal do que é sexy ou não acompanha essas transformações, e as sensações de prazer podem ir mudando, também", avalia Andréa.