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"Após câncer, recuperei autoestima com peruca e quis ajudar mais mulheres"

Débora Vivaldi, fundadora do Instituto Amor em Mechas - Arquivo Pessoal
Débora Vivaldi, fundadora do Instituto Amor em Mechas Imagem: Arquivo Pessoal

Roseane Santos

Colaboração para Universa

22/06/2019 04h00

Em outubro de 2015, a web designer Débora Vivaldi, então com 45 anos, recebeu uma notícia que é temida por grande parte das mulheres: estava com câncer de mama. A doença foi descoberta durante exames de rotina, em uma campanha do Outubro Rosa. A dor do tratamento e a perda dos cabelos deram origem a um gesto de solidariedade que dura até hoje.

Ela fundou o Instituto Amor em Mechas, que recolhe cabelos cortados em salões de beleza para fazer perucas distribuídas a mulheres que passam pela mesma situação que ela passou, mas não têm condições financeiras de comprar o acessório.

"Eu não sentia nada, mas a biópsia confirmou o que a mamografia e o ultrassom sinalizaram. Em minutos, vi a minha vida mudar. Logo comecei o processo que muitas conhecem: cirurgia de quadrante, quimioterapia e radioterapia. Sempre fui vaidosa e vi com muita tristeza o meu cabelo caindo.

Só que, em fevereiro de 2016, experimentei a alegria de recuperar a autoestima. Participei de um evento para pacientes oncológicas e, nesse dia, ganhei uma peruca. Eu me olhei no espelho e percebi como era importante aquela moldura para o rosto. Pensei logo que poderia ajudar outras mulheres na mesma situação, que não tinham condições de pagar mais de R$ 1.000 por uma peruca de cabelo natural.

Fiquei me tratando durante o ano de 2016 e só em 2017 pensei em algo que finalmente se transformaria no projeto. Antes da doença, eu trabalhava como web designer e tinha uma agência de marketing digital. Fiz uma pesquisa de mercado para saber o que já existia disponível para essa mulher que precisava de peruca e, a partir disso, decidi criar o kit do amor. Além da peruca, eu colocava um colar de pérolas, brinco, lenço, batom, lápis de olho e um livro.

Mas como realizar isso de forma mais prática, além de pedir às pessoas que doassem o material? Sabia que as perucas eram caras, e alguns lugares já faziam essa campanha para a doação de fios. Tive a ideia, então, de colocar urnas em salões de beleza para recolher as mechas de cabelo que normalmente iriam para o lixo. A produção começou, então, por meio de uma parceria com a Fábrica Vitória Régia. Cada quilo de cabelo resulta em duas perucas.

Hoje me dedico totalmente ao Amor em Mechas, contando com a ajuda de uma assistente e a colaboração de muitos voluntários que consegui reunir. Recebo também apoio de vários grupos institucionais com os quais já tinha contato antes do câncer, que nos cedem espaços em conferências ou eventos para que possamos vender produtos, como camisetas e copos, doados por colaboradores.

As mulheres que necessitam do nosso atendimento podem entrar em contato pelo WhatsApp. Pedimos a elas que preencham alguns dados e forneçam uma foto. Através dessa fotografia, vamos atrás de uma peruca que combine com o rosto delas.

A nossa média de entrega é de 50 perucas por mês. Aprendi que o lema "junto podemos mais" é poderoso, e o pensamento positivo também. Cada palavra, cada instante, cada ação, eu enxergo como uma semente plantada. Já estamos colhendo frutos maravilhosos.

Sinto alegria e uma gratidão imensa em poder beneficiar essas mulheres. Costumo dizer que, quando entregamos uma peruca, não estamos ajudando apenas uma mulher, mas, sim, toda a sua família e as pessoas que convivem com ela."

Quem estiver interessado em participar do projeto ou em adquirir uma peruca pode acessar o site www.amoremmechas.com.
Contatos também pelo WhatsApp : (11) 98269-7000.