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Mulheres protagonizam um mundo em evolução


Rafaela Silva: "O judô feminino está carregando o masculino nas costas"

Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Mariana Gonzalez

Da Universa, em São Paulo

18/06/2019 04h00

A visibilidade que o esporte feminino ganhou nesta Copa do Mundo na França deve virar o jogo não só para o futebol, mas também para outras modalidades nas Olimpíadas de Tóquio, no ano que vem -- pelo menos é o que acredita nossa campeã olímpica do judô Rafaela Silva.

Em entrevista à Universa durante evento de lançamento da coleção Nike Betrue, na Casa 1, em São Paulo, a atleta, de 27 anos, contou que enxerga avanços em relação à igualdade de gênero na modalidade.

"A Copa vai ajudar bastante as Olimpíadas. Tudo indica que o mesmo vai acontecer com outras modalidades, em relação à visibilidade e também a salário. Não dá para esquecer que o Brasil ainda tem clubes que pagam menos para as mulheres", disse.

Desde que entrou na seleção brasileira de judô, em 2008, Rafaela nota mudanças em direção à igualdade de gêneros. Ela conta que, há alguns anos, enquanto atletas de alto rendimento da equipe masculina iam treinar no Japão, onde a modalidade foi criada, as da equipe feminina iam no máximo para o Chile -- também considerado uma referência no esporte.

"Era injusto", lembra. "Mas a gente batalhou, mudou o cenário e conseguiu nosso espaço dentro da seleção. Hoje, o judô feminino está carregado o masculino nas costas".

Para justificar essa afirmação, ela cita, como exemplo, o torneio aberto de Oberwart, que aconteceu em fevereiro na Áustria: elas voltaram para o Brasil com seis medalhas -- duas de prata e quatro de bronze -- e eles, com nenhuma. Uma das medalhas de prata foi conquistada por Rafaela.

Outra novidade: a partir do ano que vem, a modalidade ganha uma importante mudança: o ranking de classificação olímpica que antes permitia a inscrição de 22 homens e 14 mulheres foi igualado e, a partir de agora, 18 atletas competirão em cada gênero.

"Voltei a respirar"

Rafaela, que namora a também judoca Eleudis Valentim, de 20 anos, disse que seu rendimento enquanto atleta melhorou depois que revelou sua orientação sexual. Em 2012, a carioca da Cidade de Deus foi vítima de racismo no Twitter após ser desclassificada em Londres. Quatro anos mais tarde, já lésbica assumida, ela levou para casa a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio.

"Voltei a respirar, ser quem eu era. Meus melhores resultados começaram a aparecer", lembra. "Eu gosto de treinar e treino feliz, mas se você fica se escondendo, nunca vai conseguir dar 100% em nada".