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Seu namorado é legal? Guia vai ajudar a responder essa pergunta

Guia elaborado pelo MP-SP explica quando um relacionamento se torna perigoso - Getty Images/iStockphoto
Guia elaborado pelo MP-SP explica quando um relacionamento se torna perigoso Imagem: Getty Images/iStockphoto

Camila Brandalise

Da Universa

12/06/2019 04h00

A promotora do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) Valéria Scarance dava uma palestra sobre relacionamento abusivo para uma plateia de jovens quando percebeu que uma adolescente chorava copiosamente. Ao fim da exposição, a garota foi procurá-la e disse que uma amiga vivia essa situação e era controlada pelo namorado, mas quando ela ouvia as palavras "abuso" ou "violência", se fechava. "Meu namorado não é violento", dizia a amiga. E fim de papo.

Como fazer essa jovem, e tantas outras que estão começando a namorar agora, entender quando o namoro se torna perigoso? Valéria criou a resposta: o "Guia do Namoro Legal", lançado hoje, Dia dos Namorados, para meninas descobrirem se precisam ligar o sinal vermelho no relacionamento.

Seu namoro é legal?

O guia reúne dicas, perguntas e testes, sempre em linguagem coloquial (como chamar o namorado de "crush") para chegar ao público-alvo: meninas e mulheres entre 15 e 20 anos.

Veja, abaixo, um resumo das sete dicas do guia para avaliar um relacionamento:

1. Confie na atitude, não nas palavras

Se ele tem atitudes explosivas, te critica com muita frequência e na frente de outras pessoas e manifesta crises de ciúme, não adianta jurar amor eterno entre um ou outro chilique. O tratamento precisa ser respeitoso o tempo todo.

2. Seu espaço é só seu

Não abra mão do que você gosta de fazer porque o namorado critica suas escolhas. Faça uma lista com amigos e familiares que mais ama, lugares que gosta de frequentar e roupas que gosta de vestir. Guarde essa lista e não mude nada nela por causa do crush.

3. Namorada legal também diz não

Dizer não é normal. E não significa que você é uma péssima namorada. Quer dizer, apenas, que está respeitando suas vontades e seus limites. Mantenha-se assim.

4. Preserve sua independência

Frases como "larga tudo e fica comigo" ou "eu vou te dar a vida de princesa que você merece" podem ser um sinal de abuso no futuro. Não largue nada e se concentre em construir, você mesma, a vida que acha que merece.

5. Isolamento é perigoso

Ele pode te pedir para não andar mais com aquela sua amiga, ou com um parente seu ou com qualquer outra pessoa de que você gosta. Essa é uma estratégia para te isolar e depender só dele. Perigo certo.

6. Fuja da montanha russa de emoções

Em um dia está tudo lindo, no outro, ele explode. Soa familiar? O guia tem duas perguntas importantes para serem respondidas: as pessoas dizem, em tom de preocupação, que você está diferente depois que começou a namorar? Você já teve medo do seu namorado alguma vez? Se responder sim para alguma dessas questões, cuidado: seu namoro está te fazendo mal.

7. Seu amor não vai mudá-lo

A única pessoa que pode mudar o comportamento do garoto é ele mesmo. Não se engane achando que você vai conseguir fazer isso. As explosões de impaciência que acontecem com frequência não vão sumir, mesmo que, depois delas, ele venha todo mansinho pedir perdão e dizer que te ama.

Na dúvida, pergunte a Maia

Quem tiver dúvidas sobre relacionamento também pode chamar a Maia no Messenger do Facebook e fazer umas perguntas para ela.

Maia é uma personagem, também lançada hoje, que usa as informações do guia do MP-SP para falar com os jovens do jeito que eles mais se comunicam atualmente: por aplicativos de conversa no celular. É uma espécie de "bot", esses perfis em redes sociais que usam a inteligência artificial para responder automaticamente. Mas Maia tem uma diferença: conforme interage com garotas da vida real, ela expande seu banco de informações.

Sigla de Minha Amiga Inteligência Artificial, Maia foi desenvolvida em parceria com a Microsoft.

Objetivo final é prevenir o feminicídio

A intenção principal do guia, além de prevenir relações abusivas, é evitar o aumento do número de feminicídios entre jovens. "Das brasileiras que sofreram algum tipo de agressão nos últimos 12 meses, 42% têm entre 16 e 24 anos. Sabemos que, no ciclo da violência, a agressão pode levar ao feminicídio, o estágio final desse ciclo. Portanto, o que queremos é evitar o assassinato de meninas, alertando-as para o perigo", explica Valéria.

A promotora afirma, ainda, que o feminicídio entre jovens, em relação ao tempo de relacionamento, costuma ser praticado em menos tempo se comparado aos adultos. Entre mulheres, estatísticas mostram que passam, em média, de 10 a 15 anos entre a primeira agressão e o assassinato. "Na adolescência, esse tempo é menor e pode ser de meses, até por um comportamento típico dessa fase da vida, quando há uma carga emocional mais intensa e as relações evoluem mais depressa", explica Valéria.

A promotora ainda diz que o guia vale para casais heterossexuais e lésbicos, já que foi pensado para casos em que a vítima é mulher. E serve também para mães e amigas que querem ajudar vítimas de relacionamentos abusivos.