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Pastora pegou medida protetiva no dia em que foi morta pelo ex em Diadema

Ieda Alvim e a filha Shara; a pastora foi assassinada na sexta-feira (17) - Arquivo Pessoal
Ieda Alvim e a filha Shara; a pastora foi assassinada na sexta-feira (17) Imagem: Arquivo Pessoal

Natália Eiras

Da Universa

24/05/2019 13h39

A estudante Shara Alvim, 20, saiu de casa aos 16 anos e foi morar com uma amiga porque já não aguentava mais as agressões do pai, o ex-pastor José Edson Lino Filho. Na sexta-feira (17), ela teve de enterrar o corpo da mãe, a pastora Ieda Alvim Lino, assassinada a facadas por Lino Filho, de quem estava se divorciando. "Minha mãe pegou a medida protetiva, para mantê-lo longe da gente, no dia em que morreu", conta a Universa. "Ela tinha passado em casa para deixar os documentos que havia usado para pedir a medida e dar entrada no divórcio e foi ao culto. Na volta, ele a matou."

O ex-pastor foi preso na quarta-feira (22), de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Sara conta que o pai havia abandonado o carro em Alvim Dias, bairro de São Bernardo do Campo (SP), e estava se escondendo em uma trilha quando foi encontrado pela polícia. "Ele ainda tentou fugir, pulou o telhado de uma casa, mas foi capturado", diz a estudante. Na delegacia, segundo a SSP, confessou o crime, que teria sido motivado pela disputa da casa onde a família morava. O suspeito confesso está no 3º Distrito Policial de Diadema e será transferido para o Centro de Detenção Provisória de Diadema.

"Falava para a minha mãe que um dia ele poderia nos matar"

Shara afirma que a prisão do pai foi um alívio para ela e as duas irmãs, de 17 e 13 anos. As três estavam escondidas em casas de parentes porque tinham medo de que ele fosse atrás delas, já que, segundo a estudante, também foram vítimas de agressões. "Ele sempre foi o cão. Eu imaginava que podia acontecer esse tipo de coisa. Falava para a minha mãe que um dia ele poderia nos matar. Na verdade, ele nunca foi meu pai. Sempre foi um monstro."

Segundo Shara, as coisas em casa pioraram quando, há dois anos, Lino Filho deixou de ser pastor após os fiéis da igreja em que dava cultos descobriram que ele agredia a família. "Ninguém mais quis saber dele."

"Ela era calma, trabalhou muito e ajudava as pessoas"

Além de pastora evangélica, Ieda Alvim era diarista e tinha "patroas fixas". "Ela sempre foi muito calma, era muito próxima das patroas delas. Elas foram ao velório, ao enterro, estão nos apoiando bastante nesse momento", afirma. Shara também frequentava a igreja com Ieda. "A minha mãe trabalhou muito na vida, sempre se dedicou muito à igreja, ajudou as pessoas. Sempre deu o que a gente precisava, nunca mediu esforço."

Quando Shara entrou no curso de pedagogia na faculdade, Ieda fez o possível para garantir que ela continuasse a estudar mesmo não tendo um emprego fixo. "A minha mãe ficou muito feliz. Ela pagou a mensalidade até eu conseguir um estágio, porque eu não tinha condições. Sempre esteve ao meu lado", contou.

Apesar da prisão de Lino Filho não trazer Ieda de volta à vida, Shara agradece o fato de ele ter sido capturado. "Algo tinha que ser feito, né? Minha mãe não podia ter morrido em vão."