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Jovem conta como namorado a engravidou para a aprisionar no relacionamento

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Da Universa

17/05/2019 16h38

Desde que as novas leis contra o aborto começaram a ser discutidas em alguns estados dos EUA, muitas mulheres, incluindo as famosas, começaram a usar suas redes sociais para compartilhar histórias relacionadas ao procedimento.

Brie, como se identifica no Twitter, foi uma delas. Por meio de uma thread, ela contou do aborto que fez quando tinha 17 anos, mostrando o "outro lado" dos possíveis resultados das leis rígidas que o Alabama acabou de aprovar.

A jovem contou ter engravidado depois que seu namorado na época fez um furo no preservativo. A prática é conhecida como stealthing.

Esse crime leva ainda a "coerção reprodutiva", que pode assumir várias formas: como ameaças psicológicas, como um término ou traição pelo não-desejo de engravidar da mulher, violência sexual contra elas por não concordarem com a gravidez e a adulteração do controle de natalidade para causar gravidez deliberadamente. A última delas foi a qual Brie foi vítima.

"Quando eu tinha 17 anos, tinha um namorado. Na segunda vez que transamos, ele fez um buraco na camisinha sem que eu visse. O resultado foi minha gravidez. Eu tinha 17 anos e estava com medo. Depois de ir a uma loja comprar o teste, que deu positivo, eu recorri aos meus amigos para compartilhar a notícia. Então muitos deles me disseram que meu namorado tinha feito isso de propósito para poder me 'aprisionar', porque queria passar o resto da vida comigo.

Eu estava com confusa e assustada. Não sabia como agir. Um amigo me sugeriu que fosse até uma 'clínica para mulheres'. Mal sabíamos que esse lugar pertencia a cristãos. Eles me garantiram que se eu matasse meu bebê, eu seria uma assassina -- e assassinos vão para o inferno. Eu tinha 17 anos. Então meu amigo me pegou pela mão e me tirou de lá.

Certo dia, eu faltei na escola e um amigo me levou para uma clínica de aborto. O procedimento levou cinco minutos. Não tinha sequer um bebê para remover. Nem um feto. Era um embrião que me roubou cinco minutos e não derramou uma gota de sangue do meu corpo.

Eu fui para a casa e, em meio a toda confusão, lágrimas e apoio dos meus amigos, tentei dar continuidade a minha vida como uma adolescente de 17 anos. Algum depois do aborto, tive tempo para processar o que realmente tinha acontecido, então terminei o namoro com o cara que me engravidou. Ele tentou colocar uma faca contra mim, mas cortou seus pulsos em vez do meu corpo.

Ele me disse que se não pudesse me ter, não queria viver. Meus pais, que descobriram o aborto e o que ele tinha feito contra mim, o proibiram de pisar na nossa casa. Nos 10 anos seguintes, ele me perseguiu. Aparecia no meu trabalho, se desdobrava para conseguir o número do meu celular, que eu trocava frequentemente por causa dele. Ele só me deixou em paz quando a polícia o prendeu por isso. Eu agradeço a Deus todos os dias por não ter dado à luz essa criança. Que ele não tinha permissão alguma de 'prender dentro de mim'. Ele é um psicopata e eu odiaria a mim mesma se eu tivesse que carregar um ser vivo que o tivesse como pai. Ele mataria nós dois.

Nunca falei sobre isso publicamente, pois passar por esse processo me causou dor e vergonha, mas se minha história ajuda outra pessoa, então isso deve significar mais do que só a dor que eu senti. Isso é maior do que eu.

Para as garotas em Ohio, Georgia, Alabama e todos os outros estados, estou com vocês. Nunca parem de lutar pelos seus direitos como seres humanos. Permaneçam fortes e nunca tenham vergonha de si mesmas e o que vocês fazem com seus próprios corpos".