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Você já deixou de usar chinelo por causa da cor da pele? Essas pessoas sim

Laressa Teixeira, 22, do Rio de Janeiro - Reprodução/Instagram
Laressa Teixeira, 22, do Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Instagram

Gustavo Frank

Da Universa

14/05/2019 18h29

"Quantos chinelos a gente evita por ter a pele [negra]?". Essa discussão foi levantada pela carioca Laressa Teixeira no Twitter, na segunda-feira (13), ao descrever uma viagem a trabalho que fez até São Paulo.

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Em uma série de publicações, a jovem, de 22 anos, compartilhou a reflexão sobre como ser negro e usar chinelo no Brasil pode ser problemático. A forma com que as pessoas já a olharam e como ela se viu coagida a entrar em lojas com o celular na mão para provar ser uma consumidora, assim como qualquer outra pessoa, são alguns dos reflexos disso.

Em entrevista à Universa, Laressa conta ter percebido as diferenças de olhares e tratamentos entre as vezes que tinha saído do trabalho para o aeroporto, em que usava roupas mais sociais, e dessa vez, em que calçava chinelos.

Laressa Teixeira - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Stories, do Instagram, compartilhado por Laressa Teixeira quando chegou ao Aeroporto de Congonhas
Imagem: Arquivo Pessoal

"Me toquei que poucas eram as vezes que eu andava por aí de chinelo. Eu costumo circular com eles pelo meu bairro ou lugares inevitáveis, tipo a praia. Chegando em Congonhas, tirei essa foto [à esquerda] e postei nos Stories, meio assustada, mas deixei para contar com calma no Twitter", disse.

Quando questionada se já passou por situações de ataques verbais pelo uso de chinelo, Laressa é pontual: "Esse é um dos problemas do racismo, a galera achar que só é racista quem te chamou de macaco e não quem te negou uma informação, te seguiu num espaço, te revistou".

"Quando as pessoas te veem com sapatos formais, elas ficam sem ter como mascarar o racismo. Já quando te veem de chinelo, têm esse argumento. É nessa brecha que acontece o racismo velado e o transporte da responsabilidade para o comportamento, como a vestimenta. Esses episódios só são velados para quem não passa por isso", opina.

A universitária, que cursa Economia, reforçou como contar sua história fez com que outras pessoas compartilhassem situações semelhantes.

"Não foi difícil num tuíte encontrar outras várias histórias que comprovam a nossa preocupação com trajes e o quanto eles transformaram tratamentos. É uma medida de blindagem, para evitar que a gente passe por constrangimentos e incômodos", conta.

Como com a Júlia:

E a outra Júlia:

A mãe da Isabelle:

O Luiz:

A Jorja:

A Vitória:

E muitas outras pessoas: