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Essas mulheres querem mudar as condições de saúde das mães negras nos EUA

Black Mamas Matter Aliance - Black Mamas Matter Aliance/Reprodução Instagram
Black Mamas Matter Aliance Imagem: Black Mamas Matter Aliance/Reprodução Instagram

Da Universa

12/04/2019 16h38

Na última quinta-feira (11), mais de doze federações dos Estados Unidos receberam diversos profissionais da saúde, ativistas e parteiras com um único intuito: falar sobre a saúde das mães negras no país. A Black Maternal Health Week, que vai até a próxima quarta (17), é uma iniciativa da Aliança Mães Negras Importam (Black Mamas Matter Alliance, em inglês), grupo criado em 2016 que busca trazer à luz as questões de saúde das mães negras no país.

O tema ressurgiu no debate público nos últimos anos, após os casos de Beyoncé, que sofreu uma pré-eclampsia e foi submetida a uma cesariana de emergência, e da atleta Serena Williams, que também passou pelo procedimento após uma embolia pulmonar, virem à tona na imprensa.

De acordo com Elizabeth Dawes Gay, co-diretora da aliança, há muitos desafios para as grávidas no país. "As mulheres negras também são mais propensas a ter um natimorto, dar à luz prematuramente, ter baixo peso ao nascer, ter um aborto espontâneo", comentou à revista "People".

"Tudo isso é reflexo de estresse tóxico, racismo na sociedade, no ambiente de saúde, disparidades no acesso aos cuidados. Há muito trabalho a fazer. Acho que veremos uma mudança, mas vai demorar muito tempo", completa a ativista.

De acordo com o Brookings Institution, um grupo de pesquisa sediado em Washington DC, bebês negros no país têm duas vezes mais chances de morrer no primeiro ano de vida do que bebês brancos. Além disso, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos ainda soltou um dado alarmante revelando que as mulheres negras são três a quatro vezes mais propensas do que as mulheres brancas a sofrer mortes relacionadas à gravidez.

"O nosso lema é ouvir as mulheres negras, confiar nas mulheres negras e investir nas mulheres negras", revelou Gay à publicação. "Queremos que as pessoas saiam com mais poder para ter essas conversas com interessados em mudar a saúde materna negra - e com mais poder para mudar a si mesmas".

O grupo está tentando aumentar a conscientização sobre as questões de parto e estabelecer mudanças nas políticas para acabar o que é conhecido como "Black-white gap", ou seja, uma lacuna existente entre negros e brancos.

"É fato que as mulheres negras estão em maior vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, isso não é algo que a comunidade médica está sempre ciente", comentou a repórter Priska Neely a estação de rádio pública KPCC. "Há uma falta de consciência sobre como essa situação está ligada questões sociais mais amplas", completou.

Para a doula Erica Chidi Cohen, que trabalha em uma organização de Los Angeles parceira da Aliança, o mais surpreendente do cenário é que as taxas de mortalidade das mães negras desafiam as questões de classe.

"Realmente não importa quanto dinheiro você tem, qual escola você frequentou ou qual profissão você tem", disse à "People". "Ainda existe esse potencial para ser exposto a cuidados precários e ter sua experiência não necessariamente alinhada com o seu estilo de vida. Não importa o que você fez ou como você tentou se preparar".

Os esforços das ativistas estão rendendo frutos em níveis políticos. Agora, a deputada Alma Adams, da Carolina do Norte, e a deputada Lauren Underwood, de Illinois, uniram-se à Aliança para lançar a primeira Convenção Materna de Saúde Negra da nação, que busca abordar e promover políticas para melhorar a saúde da maternidade negra. Além disso, o Senador Kamala Harris e o Deputado Adams apresentaram uma resolução para designar a Semana da Saúde Materna Negra de 11 a 17 de abril nos próximos anos.