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Câmeras escondidas gravavam procedimentos obstétricos em hospital nos EUA

Da Universa

05/04/2019 18h42

Um hospital no sudeste da Califórnia está sendo acusado de colocar câmeras escondidas em salas de cirurgia. Dezenas de mulheres alegam que foram gravadas secretamente durante procedimentos médicos íntimos, incluindo tratamentos após abortos. De acordo com o "The Washington Post", um processo foi aberto na última semana.

Segundo o documento, o Centro de Saúde Feminina do Hospital Sharp Grossmont invadiu a privacidade de cerca de 1.800 pacientes durante um período de 11 meses a partir do verão americano de 2012. As gravações foram feitas enquanto as mulheres eram submetidas a procedimentos como cesarianas, histerectomias, esterilizações, dilatação e curetagens após abortos espontâneos. São mais de 80 pacientes que clamam no processo que foram filmadas sem seu consentimento.

À "NBC San Diego", Melissa Escalera alega que passou por uma cesariana de emergência em setembro de 2012 e só mais tarde descobriu que o procedimento foi gravado. "Foi um momento altamente estressante e emocional para minha família e meu médico. Ninguém nunca me pediu para gravar um dos meus momentos mais ternos e transformadores", disse. "Eu nunca teria concordado em ser filmada nesse momento tão vulnerável".

A Sharp Healthcare, empresa do Sharp Grossmont Hospital, disse em comunicado que, de julho de 2012 a junho de 2013, monitores de computador com câmeras ativadas por movimento foram montados em três salas de cirurgia do centro de saúde feminino, como parte de uma investigação sobre o desaparecimento de poderoso sedativo (propofol) dos carrinhos de drogas.

"Embora as câmeras tenham como objetivo registrar apenas indivíduos em frente aos carrinhos de anestesia, outras pessoas, incluindo pacientes e equipe médica nas salas de operação, eram às vezes visíveis para as câmeras e registradas", afirmou a empresa em comunicado. "Nós sinceramente lamentamos que nossos esforços para garantir a segurança de medicamentos possam ter causado qualquer desconforto àqueles a quem servimos".

Além da denúncia sobre as gravações, as pacientes também reclamaram da negligência do hospital ao armazenar as imagens. De acordo com os relatos, as gravações estavam em computadores de mesa que vários usuários podiam acessar, inclusive sem proteção de senha. "É horrível pensar que, especialmente nos dias de hoje e da onipresença dos vídeos na Internet, se um desses vídeos caísse em mãos erradas, não há como controlá-lo", afirmou à CNN a advogada Allison Goddard.

As imagens

O processo revela que, por conta dos ângulos das câmeras, foi possível registrar os rostos das pacientes, tornando-as identificáveis. A ação ainda acrescenta que as gravações mostravam pacientes "conscientes e inconscientes, parcialmente vestidas nas mesas das salas de cirurgia, submetidos a procedimentos médicos e se comunicando com seus médicos e equipe médica". Além disso, também foi incluído no documento que as "áreas genitais mais sensíveis" das pacientes estavam visíveis para a câmera.