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Aula de funk ensina a rebolar e apimentar vida sexual no Rio; veja vídeo

Elisa Soupin

Colaboração para Universa

04/04/2019 04h00

"Cai de boca no meu b....". O famoso hit do funk carioca da MC Rebecca é trilha sonora da Oficina Proibidona. Nascida no Rio de Janeiro, se trata de um treino aeróbico pesado ao som de funk.

O público é quase sempre composto só por mulheres, as músicas são sem censura e o objetivo é rebolar para entender melhor o próprio corpo e dar aquela turbinada na vida sexual.

"A Oficina Proibidona é um supertreino de funk, de cerca de duas horas, ao som dos maiores sucessos dos bailes do Rio! Só funk acelerado de literatura erótica avançada, vulgo putaria!", é a descrição da aula, idealizada por Taísa Machado, de 29 anos, que custa R$ 50 e não precisa de inscrição: é só chegar.

"Para mim, dançar funk sempre foi muito natural. Sou criada na umbanda e, lá por 2011, fui procurar estudar dança afro e não se falava muito sobre o funk nessa cena, e eu achava aquilo muito curioso, porque o afro, discute tantas danças e não discute o funk", conta ela.

Uma aula inventada para gerar renda -- que deu certo

Há quatro anos, quando ficou sem grana, Taísa resolveu transformar o talento para dançar em uma aula. "Fiz um flyer, postei nas redes, apareceram 35 meninas", lembra. Nesse momento, o funk se misturava a outros ritmos africanos em suas oficinas..

Aula de funk erótico - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"No final de 2017, eu comecei a pesquisar mais a relação entre o sexo e a dança. A gente trabalha uma força muito específica e poderosa, que é o que faz a humanidade andar: a sexualidade. O sexo é subjetivo, físico, biológico e político", opina.

Taísa acredita que a dança e o funk podem empoderar as mulheres. "Quando a mulher assume 'eu danço sim, meu corpo se mexe sim, e esse corpo é sexual', ela assume para si essa postura de ser dona de si, de saber como o corpo dela se mexe, e esse conhecimento está totalmente ligado ao prazer", diz.

A parte boa de um ritmo controverso

Apesar do funk ser um ritmo muitas vezes lembrado por depreciar as mulheres, machismo não tem vez nas aulas da Oficina Proibidona. "Faço uma seleção das músicas, já vetei e veto muita música nada a ver, violenta para as meninas. Mas também tem no funk músicas que enaltecem as mulheres", diz.

Todos os corpos e níveis de habilidade no rebolado são bem-vindos nas aulas, que costumam receber em média 30 meninas e já aconteceram em alguns estados do Brasil, como Minas, São Paulo, Pernambuco e Mato Grosso. Já teve aula até na Argentina!

"Eu não tenho corpo padrão de dançarina e a minha dança é muito não profissional. A ideia é receber todo mundo e, até por isso, eu prefiro não trabalhar coreografia. Não gosto da ideia de unidade, acho que, ali, cada uma vai indo no próprio movimento, entendendo o que mais se adapta ao seu corpo. A ideia é que você se sinta livre e com poder de criar sua própria dança e se sentir gostosa", explica,

A oficina chega em São Paulo para uma temporada no final do mês de abril e os horários e locais podem ser acompanhados no perfil de Instagram @afrofunkrio. Quem já participou de uma oficina, avisa os interessados: roupas frescas e consciência de que as pernas estarão exaustas no dia seguinte. O treino é realmente intenso.

"Depois da aula, principalmente para quem tá começando, eu recomendo um relaxante muscular ou um sexo oral bem calmo, para ajudar na recuperação", brinca Taísa.