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"Piranha": show de funkeiro em festa universitária tem machismo e confusão

Produção do músico diz que vai se pronunciar apenas nas redes sociais - Reprodução/Facebook
Produção do músico diz que vai se pronunciar apenas nas redes sociais Imagem: Reprodução/Facebook

Marcos Candido

Da Universa

19/03/2019 04h00

Um show do funkeiro DJ Guuga foi interrompido após mulheres na plateia se sentirem ofendidas com letras e um comentário machista feito pelo músico. A confusão aconteceu durante uma festa de alunos e veteranos da Universidade Metodista em São Bernardo do Campo, neste sábado (16).

Segundo testemunhas, as mulheres se manifestaram contra letras e falas do músico. Antes de abandonar o evento, ele ofendeu quem encabeçou a manifestação (você pode ver o conteúdo da fala no vídeo abaixo, filmado por um dos convidados da festa).

A produção do cantor afirma que o DJ não vai se pronunciar sobre o assunto. Eles disseram apenas que devem emitir uma nota por meio das redes sociais, mas não souberam precisar quando.

Confusão começa no início da apresentação

Quem foi ao evento relata que Guuga subiu ao palco e questionou se no público "tinha alguma amiga piranha". A frase teria causado desconforto entre as mulheres. Uma delas, que preferiu não dar seu nome, afirma ter pedido ao cantor e à produção para que o músico evitasse esse tipo de comentário.

"Foi quando alguém da equipe dele me disse que 'se eu não era piranha ou puta, eu não precisaria me sentir ofendida'", diz uma ex-aluna, já formada pela universidade, que estava na festa.

Letra ajudou a amargar ainda mais ambiente

Mesmo sob protestos, a apresentação continuou. De acordo com Gabriela Diniz, que também é ex-aluna, o clima azedou quando Guuga começou a tocar a música "Helicóptero".

Na letra, gravada em parceria com MC Pierre, uma mulher é levada a um passeio de helicóptero e deve decidir se "vai dar ou vai descer". Em outro trecho, a letra diz que a mulher será lançada em direção ao oceano caso não mantenha relações sexuais. Lançada em fevereiro, a música tem 900 mil visualizações no YouTube.

Placas com protesto foram mostradas ao músico e ao público

Mulheres na plateia levantaram cartazes com a inscrição "machista". Isso teria irritado Guuga, que retrucou ao fim do show: "me chama de machista só porque eu não quis comer a boceta dela porque estava fedidinha". Aí o clima teria fechado de vez.

Segundo testemunhas, alguns universitários tentaram subir ao palco. Guuga teria abandonado a festa às pressas.

"Todas as meninas que eu troquei ideia -- e foram muitas -- reprovaram totalmente e não querem vê-lo mais nem pintado de ouro, assim como os meninos. A gente da [universidade] Metodista preza pelo respeito", diz Gabriela.

"O negócio é que a gente não vai mais ouvir esse tipo de coisa quieta, pois já cansou", disse à Universa uma outra veterana que estava no evento e também não quis ser identificada.

Apresentação recebeu nota de repúdio dos organizadores

O evento MetoBixos foi organizado por centros acadêmicos e esportivos da Universidade Metodista de São Paulo para recepcionar calouros de cursos de comunicação, direito, biomedicina, odontologia e educação física. Mais de mil pessoas confirmaram presença no Facebook. No domingo (17), as atléticas soltaram uma nota de repúdio à apresentação de Guuga.

"As atléticas, C.A.s, baterias e torcidas organizadas não compactuam com este tipo de atitude, pois prezamos o respeito em todo e qualquer evento que produzimos, e por isso a atração foi retirada do palco assim que começou a proferir este tipo de discurso que não condiz com nossos ideais enquanto entidades.

Comentários machistas, misóginos, LGBTfóbicos, racistas jamais serão tolerados em nossas festas, jogos e eventos acadêmicos e pessoas que disseminam este tipo de discurso de ódio não são bem-vindas", diz trecho da nota.

Também por meio de nota, a Universidade Metodista de São Paulo afirma que "não tem nenhum vínculo com o evento, que é iniciativa das Atléticas e Diretórios Acadêmicos".