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Solteiros convictos: histórias de quem decidiu abrir mão do amor

Carolina Prado e Simone Cunha

Colaboração para Universa

14/03/2019 04h00

Curtir relacionamentos superficiais, sem se envolver, pode ser uma escolha e resultar em realização pessoal e prazer. Tudo depende de como se lida com a situação. Se a questão está bem resolvida, não há porque procurar um par, apenas para atender às cobranças dos outros. No entanto, se a pessoa está insistindo em uma situação que lhe traz desconforto e frustração, vale repensar.

"Nesse caso, é preciso coragem para buscar outro relacionamento, pois de nada adianta evitar o outro para não sofrer, e acabar sofrendo sozinho", afirma Elizabeth Zamerul, mestre em psiquiatria e psicologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A seguir, pessoas que optaram pela solteirice, de forma definitiva, contam suas razões.

"O convívio acaba ficando insuportável"

Acácia Catalani - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Acácia Catalani
Imagem: Arquivo pessoal

Sem engatar um relacionamento sério há 12 anos, Acácia Catalani, 54, fotógrafa, conta que, no momento em que o convívio fica insuportável, é natural bater o desejo de querer recuperar a vida de solteira. E, como não existe fórmula para evitar a rotina, ela prefere nem entrar numa relação. "Fui casada duas vezes e tive relacionamentos longos, vivi períodos encantadores com esses meus parceiros. Mas, ultimamente, não tenho visto vantagem em ter uma relação séria", diz. Ela conta que não quer mais depender da aprovação de outra pessoa para fazer coisas como sair e viajar. "Tem toda uma liberdade relacionada com a solteirice que é deliciosa. Pensar em brigas por ciúme, em ficar dando explicações ou em chegar em casa e ter aquela coisa chata de encontrar o outro de cara amarrada realmente me deixam desanimada", afirma.

"Minha rotina é puxada, não tem espaço para uma relação séria"

Cacá Filippini - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Cacá Filippini
Imagem: Arquivo pessoal

A jornalista Cacá Filippini, 40, diz que perdeu o interesse em se relacionar após uma sequência de experiências complicadas. Solteira há dois anos, confirma que essa não é uma escolha fácil, pois até sua orientação sexual já foi questionada nesse período. "Já tive alguns casinhos, mas pulo fora quando vejo que a pessoa quer algo mais sério. Tenho uma rotina puxada, sou mãe, trabalho e prefiro não ter mais questões para ocupar o meu tempo. Não tem espaço na minha vida para uma relação séria", diz. O último relacionamento foi bom, mas ela conta que não sente a mínima saudade de ter que se adequar à agenda do par, antes de fazer qualquer programação."Aliás, não tenho saudade de nenhum dos meus romances anteriores. Descobri que posso ser a minha melhor companhia".

"Estou experimentando tudo o que a vida me proporciona"

Dani Oliva Roma - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Dani Oliva Roma
Imagem: Arquivo pessoal

"Levo a vida com leveza, não me prendo a ninguém", diz Dani Oliva Roma, 32 anos, empreendedora. Ela foi casada e, segundo ela, a relação a fez perder contato com os amigos. Dani demorou anos para tomar coragem e pedir o divórcio. "Não creio que fiquei traumatizada, mas não quis mais um relacionamento desde então", fala. Ela afirma que não pensa em namorar com mais ninguém, e que essa é uma escolha consciente e tranquila. "Sei apenas que estou experimentando tudo o que a vida me proporciona e me sinto bem feliz assim", conta.

"Não existe amor verdadeiro"

"Eu não acho que vale a pena namorar e casar. É muito risco. Quem ama passa mais tempo sofrendo do que sendo feliz, até porque não existe amor verdadeiro", afirma Guilherme Henrique Silva de Moraes, 31, professor e biólogo. Ele viveu um relacionamento de oito anos e, desde que terminou, há quatro, não quis mais envolvimento sério. "Saio, conheço pessoas, mas nada de criar vínculo. Ser solteiro é ser sincero com você e com os outros, evita confusões, brigas e sofrimento", diz. Para ele, muitos casais ficam anos comprometidos por puro comodismo e Guilherme não quer viver "essa mentira". "Não me sinto traumatizado, apenas considero que um compromisso é algo que não se sustenta nos dias atuais", afirma.