Por que às vezes sentimos tesão por quem nos desperta raiva?

Não se admire se um dia você se flagrar tendo pensamentos libidinosos com aquele colega do trabalho que, até então, considerava irritante. Nós, seres humanos e, portanto, imperfeitos, volta e meia somos tomados pela ambivalência emocional, sentindo emoções positivas e negativas ao mesmo tempo.

É possível, por exemplo, amar loucamente um filho e detestar certas obrigações da maternidade. Ou ser acometida por uma vontade insana de transar com o namorado no momento mais barra pesada de uma DR. Pois é, as pessoas são assim, complexas e contraditórias. Portanto, é natural nutrir uma atração, mesmo que seja difícil admitir, por quem você só fala mal.

Amor e ódio

Mas o que pode estar por trás da raiva? Será que se trata mesmo de repulsa? Há algumas possibilidades. O ódio que sentimos de alguém pode estar ligado a uma grande admiração. Ele pode, ainda, envolver episódios de atração.

Ou seja, o ódio nada mais é do que uma forma de defesa, tentativa de quem o sente de não saber lidar com algo a mais. Um sentimento pode mascarar o outro. Por isso, psicólogos costumam seguir uma regra: nunca considerar apenas o aspecto verbal. Existe algo além das simples palavras da fala, como a emoção, os sentimentos e os pensamentos. Um ódio pode vir a ser, na verdade, amor ou paixão.

É importante ressaltar outras hipóteses: embora o desejo seja intenso, a implicância se sobrepõe porque detestamos na pessoa algo que queremos e ainda não conseguimos ser ou ter. Isso nem sempre ocorre, claro, de modo consciente. Ou, ainda, condenamos nela algo de que não gostamos em nós mesmos.

Podemos acabar espelhando o que o outro tem e nós também temos, mas sentimos receio de assumir isso e nos decepcionarmos conosco. Às vezes trata-se de uma característica pela qual sentimos tanta aversão, que perceber que também podemos ser assim gera medo.

É tesão ou é raiva?

Não é incomum, ainda, que a raiva gere excitação sexual. Há quem sinta tesão ao estar com medo, tristeza, nervosismo etc. Isso varia de indivíduo para indivíduo e acontece porque as pessoas buscam diferentes formas de prazer e compensação emocional. Algumas, inclusive, podem criar esse padrão de comportamento para amenizar o sentimento que possuem naquele momento.

O estresse produz grandes reações corporais, como a liberação de adrenalina na corrente sanguínea. Por isso, se torna muito parecido com sensações que envolvem a excitação. Ambos fazem com que neurotransmissores produzam impulsos elétricos que atuam diretamente nas glândulas do aparelho reprodutor. Assim, a vontade de transar pode aumentar e ficar mais instintiva.

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Não é clichê dizer que o amor e o ódio andam lado a lado. Às vezes temos uma questão mal resolvida em relação a alguém e acabamos por confundir sentimentos e sensações. Essa confusão pode ser ruim, pois pode levar você a tomar atitudes impulsivas e depois se arrepender.

Ao perceber que, de fato, nutre desejo sexual por alguém que lhe causa mal ou algum desconforto, tente buscar equilíbrio com um psicólogo para que você saiba identificar suas emoções e educá-las.

Fontes: Bruno Almeida, psicólogo clínico idealizador do projeto "Superando Desafios"; Livia Marques, psicóloga clínica; Naiara O. Mariotto, psicóloga clínica pós-graduada em Sexologia; e Yuri Busin, psicólogo clínico

*Com matéria publicada em 09/04/2018

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