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É possível ser feliz a dois dormindo em camas separadas; veja relatos

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Imagem: Getty Images

Marcelo Testoni

Colaboração para Universa

07/03/2019 04h00

Dividir a cama é algo comum para a maioria dos casais, mas, para outros, isso está totalmente fora dos planos, e os motivos são variados --horários incompatíveis, problemas com insônia ou ronco do parceiro, ou simplesmente o desejo de querer ter espaço e privacidade na hora de dormir.

E não pense que esse hábito surgiu com a vida moderna, pois desde a Antiguidade já era costume reis e casais aristocráticos dormirem separados. Os anos 1960 e 1980 só resgataram essa tendência, motivada principalmente pela liberação sexual e pelo individualismo.

Para provar que essa é uma realidade, seja entre jovens, iniciando a vida a dois, ou casais maduros, três pessoas, em entrevista à Universa, deram seus depoimentos. Veja:

Por mais espaço e liberdade

A administradora Ana de Jesus dorme separada do companheiro pois quer espaço e liberdade na cama - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
A administradora Ana de Jesus dorme separada do companheiro pois quer espaço e liberdade na cama
Imagem: Arquivo pessoal
Antes de dormir, beijos e o desejo em comum que ambos tenham uma boa noite de sono. Em seguida, a administradora Ana de Jesus, de 35 anos, deita em sua cama e seu companheiro, na dele. Os dois estão juntos há dois anos e, desde o começo do relacionamento, optaram por dormir separados, embora não vejam problema em compartilhar o mesmo quarto. Ana afirma que esse era o "detalhe" que faltava para que o relacionamento do casal desse certo.

"Se para muitos, invasão de privacidade é mexer no celular do outro, para mim, é ter que dividir a mesma cama. No começo, até tentamos por uma semana, mas não funcionou. Fomos casados com outras pessoas e eu, por exemplo, me sinto sufocada quando durmo junto; além disso, acordo toda dolorida no dia seguinte. Acontece que passei muito tempo sozinha e, dormindo assim, me acostumei com a sensação de liberdade", explica Ana, garantindo que a decisão tomada de comum acordo não esfriou a relação, ou mesmo a vida sexual do casal.

Em viagens de férias também não é diferente, pois os dois preferem quartos com duas camas e, de acordo com Ana, ela não se importa em dormir na cama de solteiro, desde que estejam separados. "Podemos ficar juntos até o sono bater, mas depois, é cada um no seu quadrado. Em viagens ainda mais, pois o corpo estranha, tenho o sono muito leve e ele costuma se mexer bastante", esclarece.

Qualidade do sono preservada

Mara, de 59 anos, diz que dormir separado preserva a qualidade do sono - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Mara, de 59 anos, diz que dormir separado preserva a qualidade do sono
Imagem: Arquivo pessoal
Já o motivo da funcionária pública Mara Alves, de 59 anos, é de outra natureza: "Mulheres gostam e precisam dormir mais para ficarem bonitas e bem-humoradas. Então, se os maridos sabem disso e precisam acordar cedo para trabalhar, é claro que eles não verão problema em dormir separados delas. Acordar só vale para receber café na cama", explica, em tom de brincadeira.

Mara conta que o hábito de dormir separada do marido veio depois que conheceram, em lua de mel, outro casal que estava hospedado no mesmo hotel que eles e que dormiam sozinhos, embora no mesmo quarto. "O marido, diferente da esposa, tinha o costume de acordar muito cedo para fazer suas atividades e isso também aos finais de semana. Num primeiro momento, achamos curioso, mas só depois de alguns anos é que podemos testar isso na prática", comenta Mara, revelando que dormir afastados ajuda a preservar o sono quando um dos dois tem síndrome das pernas inquietas ou ronca - neste último caso, ela diz que a distância entre as camas faz o barulho parecer menor, ainda mais quando se dorme virado em direção à parede.

"Na hora de fazer amor é só um se deitar na cama do outro ou, se preferirem, por questões de espaço e conforto, juntar as duas camas para formar uma só", acrescenta Mara. No entanto, ela acha que dormir separado pode piorar a relação do casal quando eles estão brigados.

Privacidade em nome do amor

O autônomo aposentado Dirceu dos Santos, de 62 anos, revela ter dormido poucas vezes sozinho quando casado, ao contrário de seus pais, Antônio e Jesuvina, que dos 60 anos de casamento, passaram pelo menos uns 30 não só dormindo em camas, como também em quartos separados. "Meus pais eram felizes e não se desgrudavam, mas prezavam por ter quartos individuais. Minha mãe gostava de ter as coisas dela sempre no lugar e de assistir TV deitada até mais tarde, enquanto meu pai, preferia ler a Bíblia sozinho, guardar coisas que minha mãe sempre implicava e dormir cedo para acordar cedo", fala Dirceu sobre as diferenças do casal.

Ele lembra que a decisão de seus pais se concretizou depois que ele e os irmãos se casaram e o sobrado em que a família vivia ficou com um quarto de casal vago. Dirceu revela que seus pais assumiram a decisão abertamente e com naturalidade, pois tinham em Portugal, sua terra natal, parentes que também eram adeptos desse estilo de convivência. "Algumas pessoas de fora ficavam surpresas e até especulavam o que os dois sentiam um pelo outro, mas eles não se importavam.

Os pais de Dirceu dos Santos tiveram um casamento de 60 anos, dos quais 30 passaram dormindo em quartos separados para preservar os gostos pessoais - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Os pais de Dirceu dos Santos tiveram um casamento de 60 anos, dos quais 30 passaram dormindo em quartos separados para preservar os gostos pessoais
Imagem: Arquivo pessoal

Se despediam todas as noites antes de se deitarem e nos finais de semana estavam sempre animados para receber os netos com o almoço que preparavam juntos, e sempre relembrando suas histórias engraçadas de casal", conclui.