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ONG diz que ainda há casos de "passar o peito" de meninas no Reino Unido

Meninas têm o seio "passado" com pedra quente no reino Unido. Objetivo é evitar assédio e estupro - Getty Images
Meninas têm o seio "passado" com pedra quente no reino Unido. Objetivo é evitar assédio e estupro Imagem: Getty Images

Da Universa

26/01/2019 19h17

Uma prática africana de "passar" os seios de uma menina com uma pedra quente para atrasar sua formação está se espalhando pelo Reino Unido. Segundo o grupo Cawogido (Came Women and Girls Development Organisation), que atua no desenvolvimento de mulheres e meninas, pelo menos mil jovens foram submetidas a essa intervenção, conhecida como "breast-ironing". Não há, porém, um dado oficial sobre a prática.

Neste ato, que começou em Camarões, mães, tias ou avós esquentam uma pedra quente para massagear o peito várias vezes da menina para retardar seu crescimento. O objetivo, conta uma vítima em vídeo divulgado pela Cawogido, é protegê-las de assédio sexual e estupro. Também é usado para desencorajar gestações que "envergonham a família" e impedir que as meninas se casem para continuarem a educação.

mulheres passam pedra quente no seio - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Menina foi uma das vítimas da prática de passar pedra quente no seio
Imagem: Reprodução/Facebook

A Cawogido chama atenção de que esta prática pode levar a cicatrizes físicas e psicológicas, infecções, incapacidade de amamentar, deformidades e câncer de mama.

Reportagem do jornal "The Guardian" afirma que há evidências de dúzias de casos recentes. Segundo a publicação, profissionais da saúde em Londres, Yorkshire, Essex e West Midlands confirmaram que meninas pré-adolescentes de vários países africanos são hoje submetidas à prática.

seio passado com pedra quente - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Vítima conta em vídeo que prática é para evitar abuso cometidos por homens
Imagem: Reprodução/Facebook

Um relatório recente sobre saúde mental feito em Londres mencionou que as organizações do setor voluntário que trabalham em comunidades africanas consideram essa prática "uma questão emergente" e que "não estava recebendo atenção suficiente".

No início deste ano, ativistas que atuam contra a mutilação genital feminina celebraram o reconhecimento do governo escocês de que essa prática poderia estar ocorrendo em algumas partes do país.