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Garçonete teve promoção negada por não se vestir "mais como uma mulher"

Meagan Hunter - Divulgação/ACLU
Meagan Hunter Imagem: Divulgação/ACLU

da Universa, em São Paulo

26/01/2019 16h11

A ex-garçonete americana Meagan Hunter já era funcionária da rede de restaurantes Chili's, em Phoenix, no estado do Arizona, há dois anos quando recebeu de seus superiores, em maio de 2018, a sugestão de que ela se candidatasse para uma vaga de gerência.

"Era uma grande oportunidade e eu estava muito animada com a possibilidade de ser promovida, planejando comprar uma casa pela primeira vez -- e o aumento de salário ajudaria muito", relatou a mãe solo no site da organização de direitos civis "American Civil Liberties Union" (ACLU) na quarta-feira (16). 

No mês seguinte, ao participar de um seminário de treinamento, ela chegou vestida em uma camisa, calças sociais e botas -- roupas que ela já havia visto os homens em posição de gerência também usando.

Após a aula, porém, ela ouviu de seu chefe -- que teria recebido a crítica de um superior dele -- que suas roupas eram inapropriadas para o ambiente de trabalho. "Eu deixei para lá e me candidatei para a vaga mesmo assim", conta ela.

Ao ser entrevistada pelo próprio gerente que a criticou, Meagan escutou que a mudança de guarda-roupa era a condição para que ela fosse promovida.

"Ele me ofereceu a promoção com a condição de que eu me vestisse de maneira 'mais apropriada ao meu gênero', nas palavras do meu gerente. Eu perguntei a ele: 'você está me dizendo que eu tenho que mostrar meus seios para ser bem-sucedida na sua empresa?'. E ele respondeu: 'não exatamente com estas palavras'".

Constrangida, Meagan pediu demissão porque sentiu que não podia 'continuar a trabalhar em um local onde a disposição de se encaixar nos estereótipos era mais importante do que o desempenho'". Ela ainda soube que uma colega havia perdido a promoção para ser bartender porque não queriam 'uma garota lésbica no bar'. 

Após o episódio, ela decidiu procurar a ACLU, onde recebeu auxílio para entrar com uma queixa formal contra a empresa por discriminação de gênero no trabalho.

"Eu estou falando sobre o que aconteceu para dizer ao meu gerente -- e a qualquer outra pessoa que pense da mesma maneira -- que mulheres não precisam ser estereotipadas como femininas para ganhar uma promoção ou serem funcionárias e gerentes eficientes."

À revista americana "People", a empresa negou nesta quinta-feira (25) que tenha oferecido a Meagan a promoção ou a discriminado.

"Meagan Hunter não teve uma promoção negada no Chili's, em vez disso, ela foi identificada como um membro da equipe de alto potencial e foi oferecido a ela a oportunidade de participar [e ser promovida] no nosso programa de certificação de líderes de turno, em que ela daria o próximo passo em sua carreira", diz o texto enviado à publicação.

"A orientação dada a ela por nosso gerente sobre o código de vestimenta se aplica a todos os gerentes independentemente de identidade de gênero ou sexualidade, nenhuma menção foi feita a respeito de qualquer necessidade de se adequar a roupas específicas para um gênero. Não toleraremos e não toleramos comportamento discriminatório no Chili's. Nós continuamos comprometidos com as dezenas de milhares de gerentes em todas as etapas da vida que representam aquilo que acreditamos todos os dias."

"Para todos os nossos clientes, fãs, ex e atuais membros de equipe: nós amamos vocês exatamente como são e pretendemos mostrar isso todos os dias", conclui ainda o comunicado da empresa.

Meagan disse que já encontrou um novo emprego, mas se preocupa com quanto tempo vai levar para que tenha uma oportunidade de promoção novamente.

"Meu sonho de comprar minha casa continua em espera, o que obviamente me decepciona. Mas a alternativa -- ter que me adequar a um esterótipo que está em conflito com a minha identidade toda vez em que vou trabalhar -- seria insuportável."