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"Jenifer mudou a imagem de musa padrão", diz Mariana Xavier sobre clipe

Gabriel Diniz com Mariana Xavier, a Jenifer original, no clipe da música que viralizou - Reprodução/YouTube
Gabriel Diniz com Mariana Xavier, a Jenifer original, no clipe da música que viralizou Imagem: Reprodução/YouTube

Marcos Candido

Da Universa

12/01/2019 04h00

Nesta quinta (10), Mariana Xavier estava saindo de um elevador quando foi reconhecida por um casal. "Uma mulher, com o marido, apontou para mim e começou a cantar e me chamar de Jenifer", conta. 

"Jenifer" é o nome da música do sertanejo Gabriel Diniz, um hit que ultrapassa 75 milhões de visualizações no YouTube. A letra narra a história de um homem que conhece no Tinder uma garota chamada Jenifer. No videoclipe, Jenifer é interpretada por Mariana. 

"Recebi mensagens de centenas de meninas que se sentiram representadas ao virem uma mulher normal como musa de uma história, felizes que isso sequer foi citado", diz. "De certa forma, a mensagem tenta acabar com a ideia de que o peso é a característica mais importante de uma pessoa e desconstruiu a imagem da musa padrão 'modelete'". 

Filmado em setembro, o clipe apresenta um homem que está saindo com uma nova garota e é indagado pela ex sobre quem é a pessoa. Em vez da convencional mulher magra, a nova crush é gorda. Apesar disso, vídeo e a letra não fazem menção ao biotipo de Jenifer. 

Composta por um grupo de amigos de Goiás, "Jenifer" foi recusada pelo sertanejo Gusttavo Lima, e foi posteriormente gravada por Diniz. Nesta quinta (10), tornou-se a mais tocada do País no Spotify. O clipe com Mariana foi filmado em menos de uma semana. 

"Amo meu conjunto da obra"

Militante do que chama "liberdade corporal", Mariana mantém um canal no YouTube com seu dia a dia e reflexões sobre corpo e mente. Antes de tornar-se Jenifer, era mais conhecida como a Marcelina do filme "Minha mãe é uma peça", de 2013. 

Segundo ela, mulheres fora do padrão precisam desempenhar "papéis" no dia a dia para sentirem-se desejadas "Nós crescemos com uma representatividade positiva tão baixa que buscamos maneiras de indenizar a humanidade com outras 'qualidades'".

A Internet ajudou Mariana a criar uma rede de mulheres para discutir a relação entre corpo e autoestima, uma batalha que nunca foi fácil. Dia desses, ela postou uma foto de biquíni no Instagram. "Chegou um cara e me disse: e o colesterol?' Com certeza, não me conhece. Eu me cuido, não faço apologia à obesidade, mas ao bem-estar e amor-próprio. Sou mais saudável do que há dez anos". 

"Eu não fui gorda a minha vida inteira -- e violentei muito meu corpo para emagrecer. Sou vítima de uma ditadura de beleza. Mas aprendi a amar minhas sombras, minhas qualidades e o conjunto da obra que sou", conclui.