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Está sem vontade de transar? Entenda os fatores que podem influenciar

Experiências traumáticas podem deixar as mulheres "travadas" na hora do sexo - iStock
Experiências traumáticas podem deixar as mulheres 'travadas' na hora do sexo Imagem: iStock

Camila Brunelli

Colaboração para a Universa

05/01/2019 04h00

Muitas mulheres se queixam de falta de vontade de fazer sexo. Esse desânimo pode ter inúmeras razões, como medicamentos usados para tratar doenças crônicas ou até patologias ginecológicas ou na região da pelve que podem causar dor ou sangramento na hora da transa. Veja qual é o seu caso e invista em um especialista para ajudar. 

Fatores psicoemocionais 

Tabus também influenciam na construção de sua sexualidade. Poucas são as meninas que são criadas para se tocar, se conhecer e ter prazer - o contrário pode ser percebido na infância e adolescência dos meninos. Para a fisioterapeuta da intimidade (ou fisioterapeuta pélvica), Marcia Oliveira, essa é uma questão comportamental.

"Não colocamos o sexo em contexto. Quando está mais inserido na nossa vida, dá mais vontade", disse ela, que optou por focar seu trabalho na sexualidade feminina. Marcia utiliza o método integrativo de Desenvolvimento Sensitivo Neuromuscular Pélvico e utiliza técnicas da yoga, do taoísmo e do tantra, além da fisioterapia pélvica. 

Além disso, pacientes que apresentam transtornos psíquicos como depressão ou ansiedade são expostos a remédios que, comprovadamente, diminuem a libido. 

Foco no ato sexual

Geralmente, homens têm total concentração durante o sexo, até porque eles precisam ter ereção. "Nós, mulheres, somos muito comportamentais no sexo. O homem se foca no sexo, enquanto que a mulher recebe muito estímulo externo: se vai estar bonita, se vai agradar, se vai satisfazer o parceiro. É importante ensinar a mulher a se focar também, aprender a ter consciência do seu corpo e coordenação vaginal."

Ela garante que o mecanismo é semelhante ao de começar a dirigir: "no começo é difícil, mas o tempo fica fluido e fazemos sem perceber."

Autoconhecimento 

A especialista conta que são poucas as mulheres que conhecem seu próprio corpo, o que limita a busca pelo seu prazer. Por isso, a primeira ação do tratamento é fazer com que a paciente veja sua região íntima no espelho, se toque, e descubra quais as áreas mais sensíveis e aprender a tocá-las.

"Identificamos as áreas sensíveis do canal vaginal, onde ela possa ter dor ou desconforto e trabalhamos para desfazer esse ponto de dor muscular", esclareceu. "Ao fazer exercícios, aumenta o fluxo sanguíneo e o calor, melhorando a umidade local e as terminações nervosas. Cria-se um tecido ávido por sexo."  

Perda do tônus muscular do assoalho pélvico  

Esse é um problema atinge aproximadamente 5% da população mundial. Além de problemas de sexualidade, como perda da sensibilidade, pode causar incontinência urinária, por isso especialistas têm usado cadeiras que emitem estímulos eletromagnéticos para tratar o problema e aumentar a sensibilidade na área. 

Multidisciplinaridade 

Como coordenadora de Ginecologia do Projeto Sexualidade (ProSex), do Hospital das Clínicas, a médica Flavia Faibanks atende pacientes que a procuram com queixa de perda ou diminuição da libido. Não importa qual a razão do fenômeno, todos recebem atenção multidisciplinar.

"Não adianta fazer um tratamento e depois o outro, têm de ser ao mesmo tempo", enfatizou Flávia. Criado em 1993, o ProSex do HC, conta com cerca de 30 profissionais da saúde, entre psiquiatras, psicólogos, urologistas, ginecologistas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e educadores, pós-graduandos e residentes de psiquiatria, além de estagiários da área. 

Doenças crônicas

Flavia explicou que quadros de enxaqueca e outras doenças crônicas afastam a libido, além das medicações obrigatórias.

"Todos os remédios têm potencial de influenciar, alguns mais, outros menos. As que têm mais efeito são as que mexem com o metabolismo e sistema nervoso central, principalmente os que atuam na assimilação da dopamina. Impacta ainda mais", explicou. Isso sem falar nas doenças ginecológicas como disfunção da anatomia da pelve ou endometriose.

Dor ou desconforto na hora da transa

Muitas mulheres relatam dor ou sangramento durante a relação sexual. "Quem sente dor na relação não está animada para transar", disse Flavia. Ainda há os casos de vaginismo, disfunção sexual feminina que provoca a contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico tornando dolorosa ou impossível a penetração.

Abusos 

Muitas mulheres têm problemas no desenvolvimento de sua sexualidade por conta de aspectos históricos e culturais, ou até emocionais. Abusos de qualquer natureza sofridos na juventude sempre deixam cicatrizes. 

Atualmente muitos especialistas têm o conceito de libido é igual a tesão. Não é o caso de Flávia. "Eu costumo trabalhar com uma abordagem mais ampla, do Freud, que apresenta a libido como energia vital, é quando a pessoa não vê brilho na vida. Acho que se encaixa mais com a mulher moderna."