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Conheça o trabalho de cães que rastreiam e localizam pets desaparecidos

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Imagem: Divulgação

Marcelo Testoni

Colaboração para Universa

25/12/2018 04h00

Todo mundo, pelo menos uma vez na vida, já se deparou com algum cartaz de busca por cão ou gato de estimação desaparecido. Além desse antigo método de procura, as grandes apostas atualmente são os detetives de animais com a colaboração de cães farejadores. 

Especializados em recuperar pets perdidos ou roubados, esses profissionais geralmente são adestradores caninos ou detetives que já mantinham contato com outros tipos de investigação e contra espionagem, mas resolveram apostar nessa profissão pioneira. 

Cães que trabalham coletivamente

Raul Rocha, detetive particular da agência Philadelphia Investigações, em São Paulo, explica que o cão farejador entra como suporte extra no trabalho de localização de animais desaparecidos e acrescenta que, para haver bons resultados, é preciso investir em uma soma de diversas táticas. 

O detetive de animais faz buscas, elabora cartazes e anda com cão farejador - Divulgação - Divulgação
O detetive de animais faz buscas, elabora cartazes e anda com cão farejador
Imagem: Divulgação

"O detetive utiliza muitas técnicas de investigação para obter a maior quantidade de informações possíveis. Entre elas podemos destacar buscas por câmeras de segurança e pela região do sumiço, procura por testemunhas e levantamento de pistas que possam colaborar com a localização. O cão farejador entra como mais uma delas. É oferecido a esse animal algum item que esteja impregnado com o odor do pet que está desaparecido, assim ele cria uma memória olfativa a qual deve rastrear e encontrar", explica.

Além disso, durante as investigações, pode haver uma equipe trabalhando com o agente e que fica responsável por entregar panfletos, anunciar o ocorrido nas redes sociais, colar cartazes, conversar com pessoas nas ruas e até usar drones para tentar localizar do alto o animal, que pode estar preso em alguma casa ou área deserta ou de difícil acesso. 

Áreas verdes facilitam as buscas

Rocha diz que, embora os cães farejadores possam atuar em grandes cidades, é nas matas, como sítios, terrenos baldios, praças ajardinadas e fazendas que eles se saem melhor. "Em uma situação urbana, as interferências externas e odores são muito maiores e isso acaba dificultando o trabalho de faro. Já em uma situação de mata, onde essas interferências são bem menores o cão acaba nos fornecendo uma direção mais assertiva." 

Quem testemunhou isso na prática foi a dentista Maria Paula Moraes, que, em janeiro de 2017, perdeu por três dias sua poodle Kika. "Ela  fugiu depois de romper a tela do portão da minha avó, enquanto eu estava no hospital para fazer uma cirurgia. Só foram me avisar do ocorrido dois dias depois", conta. 

A poodle Kika e o reencontro com a dona após desaparecer por três dias - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A poodle Kika e o reencontro com a dona após desaparecer por três dias
Imagem: Arquivo pessoal

Depois que descobriu que a cadela havia fugido, a dentista entrou em desespero e até conseguiu adiantar sua alta médica para ajudar a família a procurá-la, mas em vão.

Foi então que o irmão de Maria Paula descobriu pela internet o serviço de detetive com adestrador de cães e o acionou. "Na casa da minha avó, o profissional me fez uma série de perguntas e pediu algum pertence da Kika que tivesse o cheiro dela. Entreguei um bichinho de pelúcia e o cão o examinou por um minuto. Em seguida, fomos à procura dela, mas só a encontramos depois que o cão farejador a localizou nas margens de um córrego, escondida em um matagal", relembra. 

Quando o cão farejador percebe que o animal perdido está por perto, normalmente demonstra agitação excessiva e, ao localizá-lo, deve interagir com ele por alguns instantes, como um prêmio. Os especialistas defendem que é preciso existir forte relação entre cão e adestrador, pois desta forma a leitura dos sinais é muito mais precisa e a confiança mútua também.

Não demore para pedir ajuda

As chances de encontrar o pet perambulando pela região onde mora ou foi visto pela última vez são maiores entre 48 e 72 horas. Após esse período, seu cheiro próprio vai se perdendo, mas em até 12 semanas após seu desaparecimento ainda é possível mapeá-lo e encontrá-lo. Além disso, assustado e com mais tempo de fuga, o bichinho pode caminhar longas distâncias para evitar o contato com pessoas desconhecidas e outros perigos.

"O prazo pode variar de acordo com a dificuldade do caso, mas as buscas duram em média sete dias. Para cães as chances de localização beiram os 80%; quanto a gatos esses números são menores, cerca de 50%", comenta Rocha, lembrando que as buscas por felinos são mais trabalhosas, uma vez que eles têm habilidades de salto e escalada.

A situação também se agrava quando o animal de estimação é sequestrado ou furtado. "Em nossa agência costumamos usar o termo 'interferência humana', que pode determinar o sucesso ou o fracasso das buscas. Quando o animal está simplesmente vagando perdido, não é muito difícil concretizar sua localização. Porém, quando é pego por uma pessoa, as condições das buscas mudam drasticamente e, a partir daquele momento, nossa maior dificuldade é localizar quem está em posse do animal e que pode não ter a intenção de devolvê-lo", explica Rocha, afirmando que, em muitas situações, para resgatar um pet desaparecido é preciso até apoio policial.

Sabendo disso, o cliente que contrata o detetive de animais deve estar ciente que, apesar do envolvimento desse tipo de especialista aumentar as chances de localização do pet, não existem garantias totais. Se alguma empresa der essa certeza, desconfie.

As buscas só são encerradas quando o prazo negociado na contratação do serviço termina ou quando os farejadores indicam que não há mais nada do pet a ser rastreado. Os valores variam de acordo com a dificuldade do caso: os clientes investem, em média, R$ 2 mil pelo trabalho de busca.

A seguir, confira algumas dicas profissionais para localizar seu pet perdido:

  • Por mais difícil que seja, tente agir racionalmente. O desespero atrapalha tarefas importantes, como organizar buscas, observar minuciosamente cada local e conversar com pessoas;
  • Não perca tempo e reúna família, vizinhos e amigos em grupos para fazer uma varredura pelas imediações. Se avistar o pet, lembre-se de não gritar ou correr atrás dele, pois essas atitudes podem assustá-lo e fazê-lo correr;
  • Busque por clínicas veterinárias, ONGs, centro de zoonoses e petshops de sua região, para saber se o animal foi levado para algum desses locais. Áreas onde o pet costuma fazer xixi e passear também merecem atenção;
  • Não deixe de conversar com porteiros, comerciantes, moradores. Todos precisam ser comunicados e se envolver com sua história. Peça para ver imagens de câmeras de segurança voltadas para rua;
  • Divulgue um anúncio com breve descritivo, informação básica de contato e foto colorida e recente do animal em redes sociais. A foto xerocada costuma distorcer sua imagem real. Distribua também esse material em clínicas, comércios, ONGs protetoras e petshops. Se preferir, acrescente uma recompensa para atrair pessoas;
  • Ligue para a polícia se desconfiar que o pet tenha sido raptado por estranhos;
  • Entre em contato com um detetive de animais. Entre as agências que oferecem esse tipo de serviço estão: www.detetives.com, www.buscapetbrasil.com e www.detetivemarcondes.com.br. Para facilitar o serviço do cão farejador, utilize luvas ou sacolas plásticas para manusear os pertences do animal perdido e preservar seu cheiro;
  • Seja persistente. Pode levar dias, semanas e até mesmo vários meses para o pet ser achado. 

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