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Barracos e cunhado folgado? Você pode ter uma família feliz e não sabe

Getty Images
Imagem: Getty Images

Geiza Martins

Colaboração para Universa

23/12/2018 04h00

É muito difícil falar de famílias felizes e não recorrer ao clichê de citar os comerciais de margarina. As imagens sempre mostram um café da manhã saudável, com todos reunidos em um belo dia de sol. Aparentemente ninguém tem nenhuma urgência, e estão todos felizes e calmos. Conflitos? Nenhum! O objetivo ali é aproveitar ao máximo o sabor do pão quentinho.

Agora, você olha para a sua casa e lembra do barraco da noite anterior. Repara que tem uma irmã te devendo dinheiro há meses e que a comunicação com sua mãe não vai nada bem. E bate aquela boa e velha comparação entre expectativa, a família margarina, versus a realidade, uma família cheia de questões que parecem ser impossíveis de resolver.

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Mas saiba que o ideal de uma família feliz está longe de ser uma utopia. Sim, ele existe e é possível. Mas, antes de mais nada, é preciso deixar claro que cada família é única, ou seja, difere em tamanho, elementos e valores. Isso significa que sua felicidade não precisa ser igual à do vizinho.

Cada um no seu quadrado

De acordo com Vera Risi, psicóloga e presidente da Associação Brasileira de Terapia Familiar, o sentimento de felicidade varia de pessoa para pessoa. Dessa forma, não existem segredos ou uma receita para ser feliz com os parentes.

“Acredito que um dos fatores que podem favorecer é a comunicação clara, aceitando as diferenças e o respeito entre os membros da família, sendo que cada pessoa ocupe seu lugar na estrutura familiar, seja pai, mãe, filhos”, diz.

Família feliz não briga?

Crises sempre existirão, faz parte da vida. É errado pensar que a felicidade depende da ausência de conflitos. “As crises têm a sua função. Ao mesmo tempo que um momento doloroso é também a forma de dizer que alguma coisa na família não está bem”, afirma.

Vale ressaltar que uma briga também surge porque as pessoas se importam. “O interessante é identificar o que está por trás dela e o que ela está querendo nos mostrar e assim poder escolher qual caminho deverá ser seguido”, complementa a psicóloga.

Um por todos e todos por um

A família é um sistema altamente interativo, em que qualquer ocorrência com um dos elementos, afeta todo o grupo: desemprego do pai ou da mãe, dependência química de um dos filhos, casamento de um filho ou uma filha, aposentadoria, e por aí vai.

Dessa forma, o sentimento de “irmandade” evolui por meio desses acontecimentos. “Assim como o indivíduo, também a família se forma à medida que vai passando por várias fases”, explica a psicóloga. Tudo isso cria uma sintonia entre os participantes daquele grupo. “Acredito que a sintonia acontece quando os membros da família se conectam entre si, e cada um tem a real percepção do outro”, diz Risi.

Este sistema de relações é que deve possibilitar o desenvolvimento de cada um dos membros da família. Ou seja, é muito importante que os familiares passem tempo juntos para estabelecer conexões entre si. Segundo a psicóloga, não é necessário estabelecer “tempos” de permanência. “Penso que não existe um tempo mínimo exigido e sim o tempo que propicie o prazer de estar juntos onde existam diálogos e trocas afetivas”, explica.

Dito tudo isso, não se prenda mais em estereótipos da televisão. A sua família pode ser estranha, cheia de manias e defeitos. Mas também são as pessoas que mais te conhecem no mundo. O significado de felicidade? Vocês decidem juntos, como muita conversa e perdão.