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Como em "O Sétimo Guardião": fazer greve de sexo ajuda o relacionamento?

Nicolau (Marcelo Serrado) e Afrodite (Carolina Dieckmann) em cena da novela "O Sétimo Guardião" - Reprodução/TV Globo
Nicolau (Marcelo Serrado) e Afrodite (Carolina Dieckmann) em cena da novela "O Sétimo Guardião" Imagem: Reprodução/TV Globo

Heloísa Noronha

Colaboração para Universa

13/12/2018 04h00

Cansada dos maus tratos e, principalmente, da maneira rude com que Nicolau (Marcelo Serrado) trata os filhos, Afrodite (Carolina Dieckmann) vai fazer greve de sexo nos próximos capítulos de "O Sétimo Guardião". A gota d'água para a dona de casa tomar a decisão será o estado depressivo da filha Diana (Laryssa Ayres), após ser proibida pelo pai de continuar a treinar caratê --porque ele considera a luta um esporte de "lésbicas" e "fanchonas".

O estratagema da greve de sexo como represália ou forma de conseguir algo surgiu na Grécia Antiga, mais precisamente em 411 a.C., quando a peça "Lisístrata" foi encenada pela primeira vez em Atenas. De autoria do dramaturgo Aristófanes, a história é um relato cômico protagonizado pela personagem-título. Farta da guerra entre Atenas e Esparta, Lisístrata convoca as mulheres a se fecharem em um templo e a negarem sexo aos companheiros até que a paz fosse declarada. Após muita confusão, debandadas e negociações, tudo dá certo no final.

Se Afrodite terá ou não sucesso em sua estratégia na trama das 21h, só o autor Aguinaldo Silva pode dizer. Na modernidade da nossa vida real, porém, apostar nessa tática requer atenção. Para Ricardo Desidério da Silva, educador sexual e sexólogo do programa "Ver Mais", da TV Record Paraná, a greve de sexo tem efeitos positivos quando é uma "daquelas pirraças gostosas" dentro do relacionamento. "Se ela for um charminho para atrair o outro e deixar os dois com mais vontade, tudo bem", afirma. 

Já a psicóloga Carla Cecarello, sexóloga consultora do site C-Date e fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade), diz que existem muitos casamentos por aí que, às vezes, funcionam somente dessa maneira. "O sexo é uma moeda de troca para se obter coisas", explica. "Porém, em relações estabelecidas como se fossem um comércio, o diálogo costuma ser muito ruim. As pessoas só se dão bem à medida que sentem que estão conquistando algo através do sexo. E esse padrão, com o tempo, pode perder a graça", declara.

Quem sempre tem que ceder pode se sentir extremamente abusado e com a autoestima baixa, já que não se sente atendido no relacionamento. Segundo Carla, casais assim não se reconhecem com verdadeira intimidade. "A relação se sustenta numa disputa de poder em que quem pode mais chora menos", define.

De acordo com Ricardo, se a greve de sexo é usada com uma certa frequência na vida a dois é hora de avaliar se o tesão não foi deixado de lado. "A greve não seria uma desculpa para camuflar a falta de desejo pelo outro? Por que não abrir o jogo e conversar honestamente sobre desejos e necessidades?", pergunta. 

Deixar de transar como vingança ou para ganhar algo em troca (como uma mudança de atitude do parceiro) pode até surtir o resultado esperado a curto prazo. No entanto, é um movimento que costuma ter uma interpretação errada (como sinônimo de descaso ou desprezo) e que, com o tempo, vai minando a capacidade de o casal dialogar, resolver suas questões e curtir o sexo de uma forma mais verdadeira e saudável. "Em muitos casos, a 'greve' é um sinal de que o relacionamento não está indo bem. Pense nisso!", diz Ricardo.