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Michelle Obama: injeção de hormônio, aborto e mimimi com rainha Elizabeth

A ex-primeira-dama americana Michelle Obama - Mandel Ngan
A ex-primeira-dama americana Michelle Obama Imagem: Mandel Ngan

Camila Brandalise

Da Universa

15/11/2018 04h00

A autobiografia da ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama foi lançada mundialmente na terça-feira (13). Em "Minha História" (ed. Objetiva), ela narra episódios da sua vida desde a infância até o último dia de governo de Barack Obama, na posse do atual presidente americano, Donald Trump, em 20 de janeiro de 2017.

michelle - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

No livro, Michelle fala sobre o incômodo por ser chamada de “negra raivosa” durante a primeira campanha do marido, os diálogos com grandes autoridades mundiais - como o que teve com a rainha Elizabeth sobre saltos altos e sapatos apertados - a paixão por Obama e a repulsa por Trump. 

Universa leu a autobiografia e lista, abaixo, dez destaques, alguns curiosos e outros tensos, sobre sua vida, seguidos dos respectivos trechos do livro sobre essas passagens.

Veja também:

1. “Negra raivosa”

Michelle Obama - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Michelle fala sobre seu incômodo ao perceber que era colocada como uma mulher cheia de raiva, quase como uma personagem, a “negra raivosa”.

“Na Fox News, havia discussões sobre minha ‘ira militante’. (...) Era como se existisse uma versão caricatural de mim que criava o caos, uma mulher sobra a qual sempre ouvia falar mas que não conhecia - uma Godzilla muito alta, muito impetuosa e muito incisiva chamada Michelle Obama. (...) Eu estava começando a realmente ter um pouco de raiva, o que só me fazia me sentir pior. (...) Quantas ‘mulheres negras raivosas’ ficaram presas na lógica circular dessa expressão?”

2. Injeção na coxa, sozinha no banheiro

michelle barack casamento - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
O casal em seu casamento, em 1992
Imagem: Reprodução/Instagram

Michelle revela que sofreu um aborto espontâneo na primeira gestação e que, depois disso, recorreu à inseminação artificial.

“Se fizesse uma lista com as coisas que só nos contam quando estamos no meio delas, começaria com os abortos espontâneos. Um aborto espontâneo é algo solitário, doloroso e desmoralizante quase num nível celular. Quando acontece, é muito provável que a gente sinta como uma falha pessoal, e não é.”

O processo de reprodução assistida foi um peso que ela diz ter sentido somente sobre seus ombros quando se viu sozinha, no banheiro, enfiando uma agulha na coxa para injetar hormônios.

“Foi aí que senti o primeiro lampejo de ressentimento em relação à política e ao inabalável compromisso de Barack com o trabalho. (...) Nas semanas seguintes, ele continuaria com suas atividades normais, enquanto eu passaria por ultrassons diários para monitorar os óvulos.”

3. Seus braços viraram assunto mundial

Michelle braços - Getty Images - Getty Images
"De repente, meus braços eram manchete"
Imagem: Getty Images

Ainda em 2008, na primeira campanha de Obama, Michelle diz que os comentários sobre suas escolhas de moda e seu corpo começaram a incomodá-la.

“Usei um vestido roxo sem mangas no discurso de Barack em uma sessão conjunta do Congresso e um tubinho preto sem mangas para a foto oficial da Casa Branca, e de repente meus braços eram manchete."

“Quando não usava salto alto, virava notícia. Meus colares de pérolas, meus cardigãs, meus vestidos pouco originais, minha suposta corajosa escolha de usar branco na cerimônia de posse - tudo parecia provocar uma avalanche de opiniões e comentários instantâneos.”

4. O fora em Obama

Barack e Michelle Obama - Michelle Obama/Facebook - Michelle Obama/Facebook
Barack e Michelle Obama, no início do relacionamento
Imagem: Michelle Obama/Facebook

Obama tomou um fora na primeira investida em Michelle. Ela foi mentora dele durante o estágio em um renomado escritório de advocacia em Chicago. Ela tinha 25 anos, e, ele, 28. Os dois, primeiro, ficaram amigos, até que ele a chamou para sair. Michelle riu e disse: “Eu já disse que não namoro”, resposta que tinha a ver com sua opção de dedicação exclusiva à carreira. Foi em uma confraternização do escritório em que trabalhavam, ao vê-lo jogando basquete, que percebeu estar apaixonada.

“(Ele) jogava de forma atlética e artística, seu corpo esguio movendo-se com rapidez, mostrando uma força que não tinha notado antes. Ele era veloz e gracioso, mesmo de sandálias. (...) Meus olhos estavam cravados em Barack. Pela primeira vez me impressionei com o espetáculo que ele era.”

Ela deu uma carona para ele na volta para a casa e, na despedida, trocaram o primeiro beijo.

5. Oscar de la Renta magoado

Michelle estilista - Getty Images - Getty Images
Com um modelo assinado pelo escocês Christopher Kane
Imagem: Getty Images

As escolhas de moda de Michelle eram milimetricamente pensadas. Um de seus critérios era usar peças de designers americanos, especialmente os menos consagrados, para ajudá-los na carreira.

“Mesmo que isso às vezes frustrasse os veteranos — Oscar de la Renta, por exemplo, estava descontente por eu não usar suas criações, segundo me foi passado.”

“Em termos de estilo, eu tentava ser um tanto imprevisível, para evitar que atribuíssem alguma mensagem ao que eu vestia. Eu deveria me destacar, mas sem ofuscar ninguém; deveria me harmonizar às outras mulheres, mas sem desaparecer. Como mulher negra, também, eu sabia que seria criticada se fosse considerada vistosa e sofisticada, assim como seria criticada se fosse informal demais. Então pincelava um pouco de cada. Combinava uma saia Michael Kors com uma camiseta da Gap, usava algo da Target um dia e Diane von Fürstenberg no dia seguinte.”

6. Contra Obama por três vezes

michelle contra obama - Mark Wilson/Getty Images - Mark Wilson/Getty Images
Ela foi contra as candidaturas de Obama ao Senado estadual, ao Senado federal e à presidência
Imagem: Mark Wilson/Getty Images

Na primeira vez que o marido quis se candidatar a um cargo político, como senador estadual, em 1996, Michelle foi reticente. “O que você acha, Miche?”, perguntou o marido.

“Para mim, nunca foi muito difícil responder. Eu não achava uma boa ideia concorrer às eleições. Meu raciocínio podia variar ligeiramente a cada vez que a pergunta ressurgia, mas minha posição geral se mantinha, como uma sequoia enraizada no solo, embora qualquer um possa ver que nunca adiantou absolutamente nada.”

A mesma negativa foi dada quando ele concorreu ao Senado Federal - "O que eu achava? Era uma boa ideia concorrer ao Congresso? Não, eu achava que não" - e quando quis se candidatar à presidência - ela preferia que ele se candidatasse a vice antes.

7. O primeiro soco

Michelle jovem - Reprodução/Instagram/michelleobama - Reprodução/Instagram/michelleobama
Aos 17 anos, quando entrou na Universidade de Princeton
Imagem: Reprodução/Instagram/michelleobama

Já primeira-dama, Michelle fez um discurso que causou-lhe problemas por uma suposta falta de patriotismo. Dizia que “pela primeira vez em toda a minha vida adulta estou de fato orgulhosa do meu país”.

O discurso rendeu a ela a crítica de que, até então, tinha odiado o país.

“Não era preciso assistir aos noticiários para saber a distorção promovida: ‘Ela não é patriota. Ela sempre odiou o país. Essa é quem ela é de verdade. O resto são só aparências’. Aquele foi o primeiro soco.”

Foi o marido quem a consolou: “As pessoas irão um pouco atrás de você. Sei que essas coisas são difíceis, mas vai passar”, falou Obama.

Na verdade, antes disso, Michelle já tinha tomado um soco, de verdade, de um menino na escola. Tinha entre 6 e 7 anos, não se recorda o motivo nem o nome do garoto.

"Mas lembro de ficar olhando atônita para ele, com dor, meu lábio inferior já inchado, as lágrimas quentes nos meus olhos."

Da adolescência, a lembrança é de ser muito insegura. "Eu me importava com o que os outros pensavam. Tinha passado a juventude procurando aprovação, seguindo a cartilha de boa menina e evitando situações sociais conturbadas."

8. “Meus pés doem”, disse à rainha Elizabeth

Michelle Elizabeth - John Stillwell/Reuters - John Stillwell/Reuters
Em visita à rainha Elizabeth e o marido, Phillip
Imagem: John Stillwell/Reuters

O encontro com a rainha Elizabeth no Palácio de Buckingham rendeu uma lembrança divertida. Ao fim de uma festa dada pela família real, Michelle conta ter travado o seguinte diálogo com a soberana:

(Elizabeth) Você é tão alta

(Michelle) Bem, os sapatos ajudam. Mas sim, sou alta.

(Elizabeth) Esses saltos são desconfortáveis, não?

“Confessei que meus pés doíam. Ela disse que os dela também. Então nos entreolhamos com expressões idênticas, como quem diz: Quando é que vai finalmente acabar essa história de ficar de pé em meio aos líderes mundiais? E, com isso, ela deixou escapar uma risada simplesmente encantadora.”

Michelle, de fato, é alta: a ex-primeira dama tem 1,80 m.

9. Malia e Sasha: adolescentes e entediadas

malia e sasha - Jonathan Ernst/Reuters - Jonathan Ernst/Reuters
Malia e Sasha Obama
Imagem: Jonathan Ernst/Reuters

As filhas do casal entraram crianças e saíram adolescentes da Casa Branca. No final, diz Michelle, elas já “não tinham idade para certas coisas”. Certo dia, a mãe perguntou a Malia, a mais velha, se ela queria descer para ver Paul McCartney tocar. “Mãe, por favor. Não.”

Em outro momento, foram flagradas com cara de tédio em um evento público do Dia de Ação de Graças.

“Nos primeiros cinco anos, elas sorriam e davam risadinhas enquanto o pai contava piadas batidas. Na sexta vez, já com 13 e 16 anos, estavam crescidas demais até para fingir que achavam graça. Poucas horas depois corriam por toda a internet fotos das duas entediadas.” Malia hoje tem 20 anos e, Sasha, 17.

10. Fervendo de raiva por causa de Trump

michelle trump - Rob Carr/Reuters - Rob Carr/Reuters
Com Melania e Donald Trump, no dia da posse do novo presidente
Imagem: Rob Carr/Reuters

Na cerimônia da posse de Trump, em 20 de janeiro de 2017, MIchelle precisou de esforço para manter a postura. “Sentia tudo ao mesmo tempo: cansaço, orgulho, distração, impaciência.” Michelle havia feito campanha para Hillary Clinton, opositora do presidente eleito, atacando-o pelo comportamento que, segundo ela, era de “bullying”.

“Agora estávamos enfrentando um bully. (...) Eu queria que os americanos entendessem que as palavras têm importância, que a linguagem de ódio que ouviam na TV não refletia a verdadeira natureza do país, e que tínhamos o poder de votar contra isso.”

Comenta, ainda, sobre o áudio de Trump falando sobre suas investidas em mulheres, em que dizia que as “pegava pela b*”.

“Fiquei fervendo de raiva depois de ouvir a gravação. Mal consegui acreditar. E aí também havia algo dolorosamente familiar na ameaça e na jocosidade machista daquela gravação."