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A 8 tentações mais comuns que os casais enfrentam ao longo de uma relação

Conviver não é fácil e pode se tornar algo complexo ao longo dos anos - iStock
Conviver não é fácil e pode se tornar algo complexo ao longo dos anos Imagem: iStock

Heloísa Noronha

Colaboração para Universa

26/10/2018 04h00

Conviver não é fácil e pode se tornar algo complexo ao longo dos anos, conforme os problemas, o peso da rotina, as interferências alheias e as dúvidas começam a surgir no caminho. Nem sempre as pessoas estão dispostas a encarar a realidade, daí é comum aparecerem algumas tentações para testarem seus sentimentos e vontades, como os apontados a seguir.

1. Jogar a toalha logo no primeiro ano

Quando se casam, duas pessoas com --criações e hábitos completamente diferentes-- precisam aprender a coexistir no mesmo ambiente, corrigir alguns comportamentos e aceitar outros. Por isso, é comum que alguns casais, principalmente os mais jovens e imaturos, adotem o movimento natural de tentar escapar da realidade em algum lugar, seja se refugiando na casa dos amigos ou fugindo sempre que possível para o colo dos pais.

"Todavia, se querem que o casamento dê certo, em vez de agir assim, o ideal é conversar, dizer o que incomoda e tentar encontrarem juntos a solução para os problemas", aconselha a psicóloga Ellen Moraes Senra, especialista em terapia cognitivo-comportamental, do Rio de Janeiro (RJ). Caso contrário, os dois podem estar caminhando para o fim do relacionamento antes mesmo de começá-lo para valer.

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2. Voltar a ter vida de solteiro, depois da lua de mel

O casamento, formal ou informal, é, para a maioria dos casais, o momento do ápice na relação. Trata-se de um período em que estão apaixonados, vão morar juntos, muita coisa é nova, o sexo é frequente e quente. "É a chamada lua de mel, mas esse período não dura para sempre. Ao final dela, o casal precisa criar rotinas e lidar com questões práticas, como contas a pagar, responsabilidades e relações com as famílias, que não são românticas nem excitantes", atesta Luciano Passianotto, psicoterapeuta e terapeuta de casal, de São Paulo (SP).

De acordo com o especialista, na tentativa de fugir dessa realidade e por conta da incapacidade de manter a lua de mel, é tentador cogitar retomar o estilo de vida anterior ao casamento. E, assim, muitos acabam partindo para as noitadas de diversão com os amigos --algo que, obviamente, não tem nada de errado, mas que pode gerar muita discussão e mal-entendidos na relação.

3. Permitir que a família influencie na vida dois

Segundo Ellen, casamento é uma fase de descobertas. Por conta disso, é normal que a família tente “ajudar” com conselhos e até mesmo indo até a casa do casal para fazer uma coisa ou outra, na tentativa de aliviar a rotina para eles. Afinal de contas, se trata da família! "Geralmente é a mãe de um dos dois que vai tentar representar esse papel --e é claro que o impulso inicial é permitir, mas cuidado!", alerta a psicóloga.

É preciso impor limites para não perder a privacidade e não gerar brigas entre o casal. Além disso, se vocês desejam construir uma família, é preciso que saiam do papel de filhos para assumir as rédeas da própria vida.

4. Traição após o nascimento do primeiro filho

Por mais que a chegada de um bebê seja muito planejada e desejada, quando ele sai da barriga um novo mundo se apresenta ao casal, que agora não são mais apenas homem e mulher, mas pai e mãe. No começo, é perfeitamente natural que a mulher se volte quase que exclusivamente para os cuidados com a criança. O parceiro, portanto, é deixado um pouco de lado nessa fase. Muitos, porém, não têm maturidade para lidar com a situação e acabam se ressentindo.

"E é nesse período que, infelizmente, alguns acabam partindo para relações extraconjugais, o que não é nem um pouco justificável em absolutamente nada, pois acabam negligenciando a mulher na fase hormonal de maior vulnerabilidade e consequentemente de maior cansaço físico e emocional", comenta Ellen.

"Já vi casos de traição na época da gravidez da mulher, do parto e do pós-parto. Os homens se ressentem da falta de atenção e do sexo como era antes. Alguns chegam a disputar sua atenção com o bebê, numa atitude imatura", conta a psicoterapeuta e terapeuta de casais Carmen Cerqueira Cesar, também da capital paulista. O parto, a amamentação e os cuidados com o bebê podem gerar ansiedade nas mães de primeira viagem e é esperado que os companheiros estejam sintonizados com elas.

"Nesse momento, cabe pedir ajuda à família. E o casal precisa se unir para que a rotina com os filhos não se torne um peso maior do que podem sustentar, evitando assim que situações como a insatisfação em tempo integral ocorra", diz Ellen.

5. Enfrentar uma crise profissional e pensar em largar tudo

Segundo Luciano, quando as condições financeiras são um problema, é tentador buscar alternativas criativas, como se mudar para um sítio, emigrar para outro estado ou país, largar o emprego para empreender com um negócio próprio. "O problema é que nem a manutenção financeira nem a mudança no estilo de vida estão diretamente ligados com a felicidade no relacionamento.

"Em primeiro lugar, o casal deve levar em conta o impacto que uma mudança pode ter na relação entre eles antes de tomar decisões sérias", fala o psicólogo. Mesmo casados e até com filhos, é possível um dos parceiros passar por uma “crise” profissional e começar a se questionar sobre a carreira e ter vontade de tirar um “ano sabático” e mudar radicalmente.

"O outro lado, normalmente, se desespera e sente insegurança se não estiver na mesma onda. Surgem a preocupação com os compromissos assumidos, a sensação de estar sendo traído e de que o outro 'surtou'. É necessário muito diálogo para que possam compreender um ao outro, acolher suas angústias e tentar negociar ou se adaptar ao momento do par", explica Carmen.

6. Trair quando o sexo fica morno

Quando a vida sexual esfria, seja qual for o motivo --rotina, cansaço do dia a dia, falta de comunicação dos desejos e preferências, doenças etc--, é grande o ímpeto de pensar que a transa incrível está na cama de outra pessoa. O que não falta é alimento para essa fantasia: as histórias de supostas aventuras de conhecidos, a mídia hipersexualizada e o rápido acesso à pornografia on-line são alguns exemplos.

"A verdade é que essa plenitude sexual só é atingida com uma mudança na forma com que o próprio casal vem se relacionando. Pular a cerca não é uma solução definitiva, além de algo muito arriscado e de potencial destrutivo", define Luciano. Para Carmen, enfrentar essa tentação exige muito papo calcado na realidade e abrir mão de idealizações. "É comum se esquecer que quando escolhemos uma coisa, perdemos outra. É sempre assim, não dá para ter tudo. Alguma coisa sempre fica de fora. Muitos homens e mulheres se separam achando que existe uma vida fantástica fora do casamento e acabam vendo que era pura ilusão", fala.

7. Se isolar do resto do mundo

É comum, em algum momento do casamento, achar que os dois se bastam. Não é à toa: relações sociais e familiares não são sempre construtivas, sossegadas ou enriquecedoras. Ter de lidar com contrapontos, críticas e, às vezes, preconceitos alheios não é fácil. Assim, é tentador simplesmente se isolarem e se fecharem para a vida social dentro da segurança e tranquilidade da sua casa e da família que formou. Acontece que, apesar de a intromissão excessiva de terceiros seja prejudicial, manter distância deles também é. "Embora essa atitude diminua alguns incômodos, o isolamento leva a uma falta de trocas, oportunidades e de crescimento pessoal que atinge todos os membros da família", pondera Luciano.

8. Trair para recuperar o que acha que perdeu

De acordo com Carmen, não são raros os casos de traição entre pessoas que estão juntas há muito tempo --décadas, muitas vezes-- e cujos filhos já são independentes. Uma das razões por trás desse comportamento são os questionamentos sobre a nova fase de vida e os sonhos que ficaram no passado. "Se não estão felizes nem realizados na relação, é possível ceder à tentação de ter um caso, inclusive para amenizar o possível tédio e a insatisfação acumulada em uma relação tão longa", declara.

Pode, também surgir o desejo de reatar um relacionamento antigo ou se aventurar com um amor do passado que reapareceu pelo simples gostinho da aventura ou de achar respostas para algo que ficou mal resolvido. A decisão de experimentar e decidir se vale a pena o risco é de cada um, claro, mas investir no autoconhecimento e buscar as respostas de dentro de si podem ser atitudes transformadoras. Muitas vezes, a pessoa está com melancolia ou saudade da mulher ou do homem que um dia foi. E, vale repetir: consertar pode ser a chave para as dúvidas que querem sanar com outros amores.