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#MeToo tirou 201 homens do poder e mulheres ocupam 43% dos cargos repostos

Bertrand Guay/AFP
Imagem: Bertrand Guay/AFP

Da Universa

23/10/2018 21h32

Cerca de um ano após os casos de assédio e agressões sexuais cometidos por Harvey Weinstein, um dos nomes mais poderosos de Hollywood, virem à tona, 201 homens perderam seus cargos de chefia por acusações semelhantes às enfrentadas pelo produtor norte-americano.

A apuração desses dados é do jornal “The New York Times”, que publicou uma matéria nesta terça-feira (23) explicitando como o “poder machista” de Hollywood vem desmoronando gradualmente nos últimos tempos.

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Segundo a publicação, pelo menos 920 pessoas se apresentaram contra um desses duzentos e um homens para abrir uma queixa contra a violência sexual sofrida.

Os números surpreendem, uma vez que, um ano antes das acusações contra Harvey, as taxas eram muito menos expressivas. Em 2017, apenas 30 homens que ocupavam cargos de chefia foram demitidos – fosse por espontânea vontade ou não – após terem seus casos de violência expostos pelas vítimas.

"Nunca vimos algo como isso acontecer antes. As mulheres sempre foram vistas como menos convenientes às vagas de emprego, pela chance de engravidar, por exemplo. Mas os homens agora estão sendo vistos como contratações mais arriscadas depois que esses casos vieram à tona”, conta Joan Williams, professora que estuda gênero na Universidade da Califórnia, ao “The New York Times”.

Mulheres ocupando o poder

Robin Wright - Divulgação/Netflix - Divulgação/Netflix
Robin Wright, Claire Underwood em "House of Cards"
Imagem: Divulgação/Netflix

O jornal afirma ainda que 43% dos profissionais que substituíram esses chefões são mulheres. Destes, um terço delas está na mídia, um quarto no governo e um quinto no universo do entretenimento e das artes. Alguns dos exemplos citados são Robin Wright no lugar de Kevin Spacey na série “The House of Cards” e a substituição de Al Franken por Tina Smith no senado de Minessota, nos Estados Unidos.

Essas substituições trazem não só poder para mais mulheres como também uma nova moldura a como esses cargos são retratados e exercidos. Questões de gênero e raça, por exemplo, têm sido retratadas com maior frequência e de forma mais “respeitosa”, como aponta o “The New York Times”.

Repercussão do #MeToo

Em artigo publicado pela “Deutsche Welle”, a jornalista Helena Kaschel aponta como o movimento #MeToo foi – e ainda é – transformador para a sociedade e a importância da continuidade de discussões como essa serem pautadas na mídia.

“Para que o impulso dado pelo #MeToo não esmaeçam até daqui a um ano, é preciso continuar a falar e discutir. Na mesa da cozinha e no trabalho, no Twitter e no metrô. E em todos os gêneros, gerações, níveis de renda, categorias profissionais e preferências políticas. Isso requer muita paciência de todos os envolvidos, tanto em ouvir quanto em explicar. Mas o ano passado mostrou que vale a pena.”