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Sexo anal: posso usar supositório ou fazer lavagem antes de transar?

Getty Images
Imagem: Getty Images

Léo Marques

Colaboração para Universa

09/10/2018 04h00

Quem pratica sexo anal sabe que inconvenientes podem acontecer, como, por exemplo, se sujar ou sujar o parceiro durante o ato. A boa notícia é que tem como não passar por esse tipo de situação. Com uma boa limpeza do ânus e do final do intestino grosso (método popularmente batizado pela comunidade LGBT de “chuca”), o problema pode ser evitado, mas os médicos alertam que cuidados devem ser tomados.

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Limpe, mas sem se colocar em perigo

Camila Cannato, médica cirurgiã do aparelho digestivo pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), explica que a limpeza intestinal pode ser realizada em casa, mas não é necessariamente obrigatória, pois se a pessoa for ao banheiro e evacuar bastante e de forma espontânea antes do sexo, o risco de haver sujeira durante a penetração é quase nulo. Já limpar o ânus é fundamental em qualquer situação, com ou sem sexo, informa. Para isso, água e sabão são suficientes, mas só na área externa.

Quanto à introdução de água pura no ânus, para lavar a parte interna final do intestino, Camila esclarece: “A lavagem com água em si não é prejudicial. O receio maior está no risco de se introduzir um chuveirinho ou outro instrumento que possa machucar o reto”. Caso isso aconteça, complementa a médica, pode haver sangramento, dor ou, em casos mais graves, até perfuração do intestino, sendo necessária uma intervenção cirúrgica.

Usar solução medicamentosa é mais seguro 

Conhecido como enema ou clister de fosfato de sódio, explica a cirurgiã Camila, esse tipo de supositório é próprio para limpeza intestinal e contém uma substância que estimula a evacuação até mesmo de fezes presas e bastante endurecidas: “Introduzido pelo ânus, desencadeia, após alguns minutos, a liberação das fezes localizadas na ampola retal”.

Quanto à maneira de se auto-introduzir o produto, que pode ter o formato de um frasco padrão ou de uma bolinha, a médica sugere o seguinte passo a passo:

  1. Antes de introduzir a ponta do enema, lave bem as mãos, para não haver contaminação da região íntima
  2. Flexione os joelhos e agache como se fosse sentar no chão. Essa posição, de cócoras, permite que a pessoa realize melhor a prensa abdominal, que nada mais é que a força de evacuar, e também a introdução do enema para limpeza.
  3. Em seguida, retire a tampa do produto e lubrifique o ânus com um gel próprio, à base de água.
  4. Suavemente, insira o enema no ânus, como se a ponta fosse em direção ao umbigo, e esprema o frasco para introduzir a substância no canal.
  5. Remova a ponta e aguarde entre 2 a 5 minutos até sentir muita vontade de evacuar.

Em geral, o efeito desse tipo de produto tem duração de até 24 horas no organismo, por isso deve ser usado antes do sexo, já para estimular a evacuação e não gerar problemas durante a relação. Porém, é possível controlar a dosagem de aplicação da substância para que o efeito seja menos prolongado. Além disso, não é necessário esvaziar completamente o frasco, uma vez que ele contém quantidade de líquido superior à necessária para uso eficaz.

A médica Camila Cannato também aconselha não usar esse medicamento com frequência. “Pode provocar muito desconforto se o uso for recorrente”.

E mesmo quem introduz o chuveirinho para lavar o reto deve se preocupar, pois, além dos riscos já citados anteriormente, relacionados a lesões, há outros problemas: “Em teoria, a lavagem com água não afeta a flora intestinal, porque se concentra em uma parte muito pequena do intestino grosso. Porém, o uso frequente desse método pode ocasionar inflamações chamadas retites, que irritam o local e causam desconfortos”, adverte Camila.

Laxantes podem agravar ainda mais

Não pense que os laxantes também resolvem o problema, porque não é bem assim. “Além de fazerem efeito em torno de quatro a seis horas após o uso, portanto mais demorados quando comparados aos enemas de fosfato de sódio, os laxantes só vão atrapalhar o sexo anal. Também causam cólicas, flatulência, diarreia, mas tudo depende de quanto tomar”, adverte a cirurgiã do aparelho digestivo.

Por isso, segundo a opinião da especialista, o melhor é beber bastante água ao longo do dia (o líquido melhora o trânsito intestinal), manter uma dieta saudável, rica em fibras, e evitar alimentos que contribuam para prisão de ventre, diarreia ou outros problemas gastrointestinais.