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"Saio com homens que conheço em sites e aplicativos. E meu marido sabe"

"Temos tanta segurança no nosso sentimento e no nosso envolvimento que não nos importamos em viver aventuras", diz a mulher de 37 anos - iStock
"Temos tanta segurança no nosso sentimento e no nosso envolvimento que não nos importamos em viver aventuras", diz a mulher de 37 anos Imagem: iStock

Claudia Dias

Colaboração com Universa

08/10/2018 04h00

Paola* tem 37 anos e, assim como boa parte das mulheres da sua idade, interessadas em sexo casual, mantém perfis em sites e aplicativos de encontros. Coleciona algumas histórias reais com homens que conheceu nos ambientes virtuais. Discreta, revela suas experiências para pouquíssimas amigas. Existe, porém, uma pessoa de quem ela não esconde nada: seu marido, Roberto*.

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Mais que um ouvinte dos relatos pós-aventuras, é ele quem ajuda a esposa a criar as contas, sugere as fotos mais provocantes (sempre sem mostrar o rosto) e dá dicas de segurança quando ela sai sozinha. Segundo Paola, essa é uma das práticas que o casal adota para apimentar a relação que já dura 11 anos, como ela conta a seguir:

"Nossa relação é muito intensa e sabemos muito bem o que sentimos um pelo outro. Temos tanta segurança no nosso sentimento e no nosso envolvimento que não nos importamos em viver aventuras que, para outras pessoas, parecem estranhas. Na verdade, essa liberdade que nós nos permitimos só reforça a vontade de ficarmos juntos sempre. Sexo é só sexo. Podemos transar com outros e outras, mas sempre voltamos para casa, para o nosso relacionamento.

Eu e o Roberto já tínhamos experimentado sexo a três algumas vezes e, quando os sites de encontros sexuais começaram a se tornar mais populares, ele sugeriu criar um perfil só para mim. Eu já tinha fetiche de sair com outros homens sozinha, mas faltava iniciativa. O Roberto também ficava muito excitado em pensar na situação e, literalmente, foi ele quem deu o empurrãozinho que faltava.

Quero dizer, foi ele quem criou um e-mail fake para eu trocar mensagens com quem me interessava e, também, os perfis em alguns sites. As fotos do meu perfil foram tiradas por ele, que também me ajudou a escolher aquelas que considerava mais provocantes para o meu cadastro.

Tenho um perfil no Tinder, dei match com alguns caras, mas nunca saí com nenhum deles - a conversa nunca evoluiu além do virtual. Ainda prefiro os sites para conhecer parceiros. Acho que é uma plataforma com mais privacidade.

Já me encontrei com cinco homens, depois de muita conversa virtual. Com três, fui parar em motéis. Os outros dois não passaram do papo na mesa de café ou de bar.

Nunca escondi de nenhum deles que sou casada. Ao contrário, faço questão de dizer, para quem sejam discretos quando estamos em lugares públicos. Na maioria das vezes, eles também têm relacionamentos sérios. Só um dos que encontrei era solteiro e acho que foi um dos fatores que me desanimaram a seguir adiante. Me sinto mais segura com os casados, porque eles têm algo a perder se revelarem minha identidade para alguém.

Minha primeira vez sozinha com outro, enquanto casada, aconteceu há uns dois anos. Meu par daquela noite, um pouco mais velho que eu e com bastante prática nesse tipo de escapada, escolheu aonde iríamos e sugeriu me buscar na empresa, para já ir 'esquentando o clima no carro'.

Fiquei com pé atrás diante da proposta e comentei com meu marido. Por sugestão dele, acabei indo com meu próprio carro. Assim, não dependeria da carona, se quisesse ir embora a qualquer momento.

Na hora combinada, mandei mensagem para meu esposo avisando que estava saindo do trabalho, disse para qual motel seguia e deixei o celular ligado o tempo todo. Eu estava excitada com aquela situação nova. Claro que, quando mais jovem, já tinha tido alguns encontros às cegas, mas aquilo tudo era diferente.

Meu marido era a única pessoa que sabia da aventura daquela noite e isso provocava uma sensação de liberdade indescritível. Eu iria sair, transar com um estranho, e voltar para casa e dormir de conchinha com meu amor, sem ter que esconder nada ou inventar mentiras.

Aquilo que muitas mulheres sonham e não conseguem realizar, eu estava fazendo, às claras, dentro do meu relacionamento. Era um misto de adrenalina do momento, de felicidade por ter um parceiro tão cúmplice e de me sentir poderosa como mulher que realiza tudo o que quer e pode se entregar ao sexo sem cobranças, medos ou vergonha.

Em casa, umas quatro ou cinco horas depois, eu e o marido tivemos uma rodada intensa de sexo, enquanto contava a ele os detalhes da noite, como a posição nova que tinha conhecido - e gostado!

A primeira experiência 'livre, leve e solta' repercutiu tão bem no nosso casamento, foi tão relembrada na cama que, assim que surgiu oportunidade, veio um segundo encontro.

Desta vez, também durante a semana, aconteceu de manhã. Naquela época eu estava trabalhando só no turno da tarde, então marquei numa padaria, não muito longe da minha casa. A ideia era só conhecer aquele cara com quem estava conversando há algum tempo e combinar uma nova saída para alguma noite próxima. Avisei meu marido só no dia, pouco antes de sair de casa, para provocá-lo.

Durante o café, papo vai, papo vem, e aquele recém-conhecido fez o convite para transar logo em seguida. Ele nem fazia meu estilo, mas ir para um motel logo de manhã era algo que eu nunca tinha vivido e isso me despertou vontade.

Passamos algumas horas juntos. O sexo foi bem bom e me surpreendi com a performance do cara. Gozei mais forte do que esperava e toda aquela situação me deixou excitada. Na verdade, acho que esse lance de não ter nenhuma preocupação na cabeça, de poder transar sem cobrança ou medo, deixa a gente muito mais solta. 

Depois, liguei para meu marido e perguntei se ele não queria almoçar em casa. Claro que não teve almoço nenhum. Transamos no tempinho livre, antes de sairmos correndo para não nos atrasarmos para nossos trabalhos.

Em outra ocasião, durante minhas férias, estava sozinha em casa e um rapaz com quem trocava mensagens no chat sugeriu nos vermos na tarde seguinte. Marcamos primeiro em um restaurante, conversamos um pouco e, de lá, seguimos para um motel.

Foi legal, mas não foi tão bacana, porque ele era mais novo e demorava muito (muito mesmo) para gozar - e isso me irrita. Eu já estava naquela de querer sumir dali e acho que ele acabou percebendo.

Minha sorte é que meu marido chegaria em casa algumas horas depois e iria me satisfazer do jeito que eu gosto. É claro que ele sabia o que eu tinha feito durante toda a tarde e também estava contando os minutos para me encontrar. Foi ótimo, de novo!

Essas experiências rendem bastante conversa picante na nossa cama. Tudo fica bem mais excitante e, sempre que comentamos essas aventuras ou planejamos as próximas, o orgasmo é mais intenso. Não só para mim, mas para meu marido também.

Mas, mais importante que o orgasmo, é saber que vivemos uma relação verdadeira, em que não precisamos esconder nossas vontades, nem seguir as regras da sociedade. Isso é simplesmente libertador!"

* Os nomes foram alterados a pedido da entrevistada.

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