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Jornalista investe em bufê e passa a ganhar cinco vezes mais; veja como

Monique Abrantes é sócia do DA Gastronomia - Arquivo pessoal
Monique Abrantes é sócia do DA Gastronomia Imagem: Arquivo pessoal

Luiza Souto

Da Universa

02/10/2018 04h00

A fluminense de Niterói (RJ) Monique Abrantes tinha 28 anos e uma vida relativamente estável, atuando como assessora de imprensa numa estatal, a Petrobras, no Centro do Rio, até engravidar da primeira filha. Com salário de R$ 3 mil, repensou se valeria a pena atravessar os 13 quilômetros da Ponte Rio-Niterói e ter pouco tempo para a menina por esse dinheiro. Ainda durante a licença-maternidade, em 2007, passou a ajudar a mãe a organizar festas para os vizinhos. Hoje, além de ganhar cinco vezes mais por mês, é sócia da DA Gastronomia, uma das empresas mais badaladas de festas na capital, com faturamento de R$ 2 milhões anuais e clientes como H.Stern, Todeschini, Espaço Fashion e Porto Seguro. 

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A praia de Monique era comunicação corporativa, com ênfase em marketing. Já estava havia sete anos na mesma empresa, como terceirizada, por onde fez várias viagens e eventos, mas precisava de mais tempo para cuidar da família, que ia aumentar.

A mãe, Doris Abrantes, uma professora aposentada de história, era a festeira da família: organizava os mais variados eventos dos parentes e vizinhos. "Era algo bem amador, caseiro", resume Monique. Tanto que Dóris usava a própria cozinha e louças, com ajuda de três funcionários.

Depois que a filha nasceu, Monique passou a prestar mais atenção nos negócios da mãe, e enxergou ali um potencial de crescimento. 

"Não pensei duas vezes. Eu sabia que era algo que poderia construir do zero, e ainda teria mais flexibilidade de horário. Além disso, não teria uma carreira onde estava. Foi uma decisão bem madura".

O começo, como o de quase todos de quem está empreendendo, foi complicado, principalmente pela falta de salário fixo. "Tem meses em que há mais rendimento, outros, não. Aí você tem que se preparar".

Cursos e aprimoramento

Para entender melhor os negócios, Monique fez pós-graduação em gastronomia. Continua sem saber cozinhar direito, brinca ela, mas foi importante para entender melhor os negócios da mãe.

Uma das primeiras ações foi tirar a mãe da cozinha de casa e arrumar uma sede para a empresa. Também estipulou política de horário, uniforme e compromisso de cada funcionário. "Criei uma estrutura empresarial para organizar o negócio como empresa", explica Monique.

da gastronomia - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Monique com a mãe, Doris Abrantes
Imagem: Arquivo Pessoal

O DA Gastronomia tinha, na época, 30 clientes. Hoje, já conta com cardápio de 500 fregueses, apesar da crise financeira brasileira. No ano passado, fez 217 eventos para um total de 28,2 mil convidados, 108 degustações, 10 workshops para 400 alunos em oito cidades de dois estados do país. Mas não foi do dia para a noite. 

"Conseguimos entrar no Rio de Janeiro somente em 2014. A partir dali que crescemos. Levou esse tempo para engrenar, porque era um mercado muito resistente a aceitar empresas de outro lugar. Achavam que não éramos compatíveis, talvez pela questão da ponte [que liga Niterói ao Rio], porque se tivesse engarrafamento, não chegaríamos a tempo. Hoje, atendemos até São Paulo".

Para entrar no nicho carioca de vez, Monique investiu em anúncios nas principais revistas de casamento, participava de feiras de noivas e fazia degustações. Para manter a clientela, busca variar o cardápio de tempos em tempos. A última novidade foram os flocos de ouro comestíveis, vindos direto de Portugal. 

"O trabalho contínuo que faz a diferença. E a perseverança", ensina ela.

O DA Gastronomia --uma homenagem ao nome da mãe-- tem, hoje, 12 funcionários fixos --por fim de semana, são 100 pessoas trabalhando nos eventos da empresa. Normalmente, são quatro por fim de semana, de café da manhã a casamento.

Monique não largou o jornalismo. Ela também administra as redes sociais do bufê e assina um blog de casamento.

Em 2012, nasceu seu segundo filho, e o tempo de que ela precisava para atender a família diminuiu. O irmão, que é economista, juntou-se à equipe. 

"Talvez, se não tivessem acontecido essas mudanças, a empresa da minha mãe poderia nem ter engrenado. Ela não tinha pretensão de criar um grande negócio. Tive que me preparar muito para profissionalizar e crescer. Não dá para entrar de cabeça numa coisa que não se tem o mínimo de noção".