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Debate entre vices: farpas de Kátia Abreu e Guajajara e ataques a Bolsonaro

Debate do Instituto Locomotiva com mulheres candidatas à vice-presidência - Reprodução/Facebook
Debate do Instituto Locomotiva com mulheres candidatas à vice-presidência Imagem: Reprodução/Facebook

Luiza Souto

Da Universa

28/09/2018 14h17

As quatro candidatas à vice-presidência da República melhor colocadas na disputa realizaram, nesta sexta-feira, um debate sobre política para as mulheres, em São Paulo. Durante o evento, teceram críticas contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL).

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As senadoras Ana Amélia (PP) e Kátia Abreu (PDT), a deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB) e a líder indígena Sônia Guajajara (PSOL) estiveram no evento organizado pelo El País e o Instituto Locomotiva, com apoio da ONU Mulheres. Na ocasião, foi apresentada pesquisa inédita apontando que 94% das eleitoras não se sentem representadas por políticos.

E no segundo turno?

Logo nos primeiros minutos do debate, Ana Amélia foi lembrada por uma jornalista que ela afirmou votar em qualquer candidato no segundo turno, menos no PT. Questionada se acreditava que um eventual governo de Bolsonaro seria democrático, a senadora saiu pela tangente.

“Essa decisão é no segundo turno, e Alckmin irá para o segundo turno. Ele é um homem de diálogo, respeita as mulheres. Temos que ter um país mais tolerante e não podemos perturbar o ambiente mais do que ele já está.”

Manuela D’Ávila foi mais assertiva contra Bolsonaro. “Não tem compromisso nenhum com a construção das bases concretas para a igualdade entre brasileiros. É um candidato que defende surra corretiva para população LGBT, faz ilação de que mulheres negras são prostitutas, que nós podemos ser estupradas dependendo das nossas características físicas. Esse candidato é inimigo das mulheres.”

"O coiso"

Cada pergunta foi direcionada a uma candidata e comentada por outra, e a escolha foi determinada por sorteio. Era a vez de Kátia Abreu e Sônia Guajajara falarem sobre a reserva de 30% do fundo de campanha para as mulheres. Após o discurso de Kátia Abreu, Ana Amélia complementou a resposta, ignorando a vez da líder indígena. Ouviu protestos da plateia e de outras candidatas.

“Não sou eu que vou comentar? Ela já comentou, né? Agora é seguir”, reclamou Guajajara.

Kátia Abreu não se intimidou e fez defesa de Ana Amélia. “Acabamos de ver aqui demonstrações de intolerância e falta de civilidade. A Ana Amélia tentou fazer um comentário rápido, talvez não obedecendo aqui a regra. De certa forma, nós temos que questionar se não estamos também, quando nos convém, imitando o ‘coiso’ e o ‘vice-coiso’”, questionou, referindo-se também ao general Mourão. A plateia riu.

O clima entre Ana Amélia e Kátia Abreu, inclusive, era de cordialidade. Uma levantava a bola para a outra em vários momentos, com direito a alfinetadas em Guajajara.

Equiparação salarial

Ao falar sobre equiparação salarial entre homens e mulheres, a candidata pela chapa do PSOL disse querer criar uma lista suja do machismo, com pena para empresas que pagarem um salário diferente para homens e mulheres sob a mesma função. Sobre o mesmo tema, Kátia Abreu defendeu que seria melhor obrigar as empresas a demonstrarem que estão obedecendo a equidade salarial, e não punir. Ana Amélia concordou e a candidata da chapa do PP endossou.

"Constranger é melhor que punir, né, Ana Amélia?"

Vamos falar de aborto?

Nas propostas para as mulheres, muita promessa de ampliação de creche, de delegacias da mulher e casas de acolhimento, além do combate à desigualdade salarial. O aborto foi tema pouco aprofundado.

“A questão do aborto está em exame no Supremo Tribunal Federal. Defendo a legislação que existe hoje, que permite o aborto em três circunstâncias. E também acho que não é conveniente a prisão da mulher. Deveria ser substituída por penas alternativas. Penso que o respeito às opiniões alheias precisam prevalecer”, defendeu Ana Amélia, que já se posicionou a favor da lei vigente.

Guajajara acabou se posicionando: "Ninguém é contra o aborto, mas a favor da vida das mulheres".