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Mãe de Nara Almeida realiza sonho da filha e diz: "Os ataques continuam"

Eva ao lado da foto da filha, na loja que inaugurou no bairro do Brás - Arquivo Pessoal
Eva ao lado da foto da filha, na loja que inaugurou no bairro do Brás Imagem: Arquivo Pessoal

Amanda Serra

Da Universa

27/09/2018 04h00

Quatro meses após a morte da youtuber e influenciadora digital Nara Almeida, que morreu aos 24 anos vítima de um câncer raro no estômago, Eva Almeida, 44, a mãe da jovem, se mudou para São Paulo com a família e inaugurou o Ateliê da Nara, conforme tinha combinado com a filha. A loja fica no bairro do Brás, centro comercial popular da capital.

"Os ataques ainda continuam nas redes sociais e mesmo ao vivo. Outro dia, uma mulher passou na frente da loja e disse: 'Essa aí que está ganhando dinheiro com a filha morta!'. Falam isso sem saber da minha vida. Trabalho para pagar aluguel e as pessoas acham que estou rica, me pedem ajuda. É difícil, viu! Se publico uma foto dela, é porque demorei 24 anos para falar com ela. Se não posto é porque sou desnaturada", lamenta Eva, que tem contado com a ajuda da caçula Beatriz,19, para divulgar as roupas no Instagram.

As peças custam de R$ 29,90 a R$ 120 e foram escolhidas de acordo com o estilo de Nara. "Queremos que tudo lembre ela, era um sonho dela ter essa loja." 

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"Tento mentalizar que ela está em uma viagem, como ela dizia que faria. Não penso que ela morreu porque isso me traz dor", conta Eva, que decorou o interior do espaço com imagens da filha, conforme tinha dito que faria em entrevista anterior à Universa

Para iniciar o negócio, que faz questão de ressaltar ser um projeto da filha, Eva investiu cerca de R$ 25 mil, após vender a casa onde morava em Roraima. "Tive que recomeçar do zero. Durante os seis meses que passei ao lado dela fiquei sem trabalhar. Mas a Nara disse tanto que ia dar certo, já deu, está dando", diz a lojista, que trabalha das 5 às 16 horas. 

Frequentando uma igreja evangélica na Zona Leste De SP, Eva segue no processo de recuperação após a morte da garota, com quem teve pouca convivência. "O Ateliê é algo que ela me deixou. É como se estivesse aqui comigo. Era o sonho dela para nós. Mesmo doente, ela dizia: 'Vamos fazer fotos, você vai vender muito", lembra. "As pessoas que criticam não sabem das nossas conversas", completa a mãe da jovem.

Seguindo os passos da irmã

A irmã de Nara, Beatriz e a mãe, Eva - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
A irmã de Nara, Beatriz e a mãe, Eva
Imagem: Arquivo Pessoal

Beatriz não tem a mesma desenvoltura da irmã, de quem ainda lembra e chora ao falar, mas está se esforçando para ajudar no negócio da família. 

"Ainda estou aprendendo a me maquiar, me vestir melhor, me inspirando na Nara, mas não seguindo os passos dela. Estou fazendo [fotos] para ajudar minha mãe", diz ela, ainda tímida. 

"Todo dia olho o Instagram dela para ver os modelos de roupas que ela usava e assim o ateliê ficar mais a cara dela. A gente quer manter a lembrança dela, que tenha a marca dela, que seja o estilo Nara Almeida. Sinto muita saudade", afirma a adolescente, que teve pouco tempo de convivência com a irmã.