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Como o Brasil se tornou líder no consumo e produção de pornô transexual

Imagem: Ye Fung Tchen/Unsplash

Marcos Candido

Da Universa

15/09/2018 04h03

O Prêmio Sexy Hot deste ano não recebeu o número mínimo de inscrições para premiar filmes adultos na temática LGBT. Uma categoria saiu no prejuízo: “Melhor atriz trans” e “Melhor cena trans” foram canceladas para celebrar a quinta edição do prêmio. Apenas uma produtora de São Paulo se inscreveu no evento que acontece no dia 4 de outubro.

A ausência, entretanto, não reflete desinteresse pela categoria. Os brasileiros, aliás, são notáveis consumidores e produtores mundiais desse tipo de conteúdo. No ano passado, 84% das visitas à categoria “trans” do site Pornhub foram feitas no Brasil. Ao mesmo tempo, produtores brasileiros filmam e importam conteúdo do gênero a países da Europa e Estados Unidos desde o fim da década de 90. Exatamente por isso, não ter filmes desse tipo inscritos no prêmio surpreendeu quem trabalha com o gênero. 

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“Eu exporto para Inglaterra, Holanda, Rússia e a mais sites especializados neste conteúdo da Europa”, explica Panda, produtor que trabalha com conteúdo trans desde 1999 e é o único inscrito nesse ano.

De lá para cá, ele diz que o gênero sofreu menos com o avanço da internet e com a queda na lucrativa venda de conteúdos em DVD e VHS que alavancou marcas como a “Brasileirinhas”.

A diferença é que os produtores de obras trans souberam virar o negócio para internet desde que a rede se popularizou no mundo. Funciona assim: sites estrangeiros fazem a encomenda; os filmes são rodados aqui e vendidos em outros países.

Panda diz que filma mais de 10 filmes por mês seguindo o mesmo modelo desde 1999.

E por que não tem filme inscrito no prêmio?

A ausência do gênero no “Oscar pornô”, segundo produtores da área, foi por falta de interesse. “Como a Sexy Hot não veicula conteúdo trans, as produtoras daqui abriram mão ou deixaram para lá a inscrição”, explica Panda.

Criadas para dar mais diversidade ao prêmio, as categorias desse prêmio não despertaram o mesmo ânimo de anos anteriores nas produtoras. Para os organizadores, o motivo é o número pequeno de empresas a operar no país.

Já para os produtores, a história é um pouco diferente. Desde o ano passado, a Sexy Hot mantém contrato com produtoras nacionais para exibir filmes exclusivos a mais de 300 mil assinantes. A marca pertence ao grupo Playboy do Brasil, uma joint-venture entre a Globosat, do grupo Globo, e da divisão latino-americana da Playboy. Sob comando da empresa estão todos os canais adultos por assinatura e on-demand: Sexy Hot, For Man, Playboy TV, Venus, Sextreme, Private e Brazzers.

Tem categoria LGBT, mas não veicula conteúdo gay

O Prêmio Sexy Hot, criado em 2014, foi a maneira encontrada pelo carro-chefe do grupo para dar visibilidade aos atores, atrizes e produtores brasileiros do gênero. Mesmo com a inclusão de categorias LGBT na premiação, o canal não veicula conteúdo transexual e homossexual. Produções do tipo são vendidas apenas sob demanda no canal ForMan, de conteúdos estrangeiros.

Carol Penélope, atriz e vencedora na categoria "Melhor atriz trans" na edição de 2017 do Prêmio Sexy Hot, recebe troféu das mãos de Pabllo Vittar Imagem: Divulgação/Sexy Hot

“Não temos ingerência sobre o mercado e não recebemos produções suficientes para concorrer. Sentimos, porém continuaremos nos esforçando para que no futuro tenhamos [esse tipo de conteúdo]”, diretor do Grupo Playboy do Brasil, Maurício Paletta. “Futuramente, com o Sexy Hot Produções se consolidando e o mercado audiovisual de conteúdos LGBT crescendo, podemos estudar um novo selo usando a marca Forman". 

Além do conteúdo trans, ficaram de fora neste ano as categorias “Melhor ator homo” e “Melhor cena homo masculina”. Foram mantidas as categorias que envolvem atrizes em performances lésbicas e de “revelação LGBT”. Pela primeira vez neste ano, duas mulheres concorrem na categoria de melhor direção.

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